quarta-feira, março 18, 2009

O FUTURO SEGUNDO A CGTP

"O dr. Carvalho da Silva pesou as "informações", os "indicadores" e as "observações" e concluiu: aquela era a maior manifestação de sempre. Outra. O dr. Carvalho da Silva estava radiante. Nada satisfaz tanto um sindicalista quanto ver uma multidão dedicar um dia àquilo a que ele dedica a vida inteira: berrar imenso e não fazer nenhum.

Segundo as "informações", os "indicadores" e tal, a multidão chegou às duzentas mil almas, uma evidência de que neste esfarrapado país há pelo menos duas centenas de milhares de pessoas com disponibilidade para passear em Lisboa durante o expediente. Não admira, já que muitos são funcionários públicos. Nem admira que o dr. Louçã se solidarizasse com os passeantes e falasse em "grande demonstração da força popular". Sem dúvida, mas da parcela do povo capaz de exibir à restante os privilégios de que beneficia.

Mais do que um desafio ao Governo, o qual talvez venha a lucrar com a hipotética legitimação do seu hipotético "reformismo", a manifestação desafiou os que não podem trocar o trabalho por uma tarde primaveril na Baixa a protestar contra a falta dele. Ou, para voltar às palavras do dr. Carvalho da Silva, a "construir o futuro". Na visão sindical, naturalmente, o futuro constrói-se ao sol. Ainda assim, promete ser negro
."

Alberto Gonçalves

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