terça-feira, março 24, 2009

Produtividade de pobre, salário de rico

"Vieira da Silva, ministro do Trabalho e da Segurança Social, recusou na semana passada a redução (e/ou congelamento) de salários em Portugal. A solução, recorde-se, foi defendida por economistas tão diferentes como Silva Lopes e Vítor Bento.

"Queremos competir com os países de Leste em termos salariais?", perguntou. É óbvio que nenhum português quer um "downgrade" de salários. "Downgrade" que, no fundo, significa empobrecimento da força de trabalho.

O problema é que Vieira da Silva não terminou o raciocínio. É que há duas maneiras de empobrecer: "decretando" uma baixa de salários, ou deixando que seja o mercado a fazer esse trabalho. Como? Pela via que Vieira da Silva, como economista, bem conhece: pela concorrência.

O preço do trabalho é o reflexo da produtividade de uma economia. Ela é a riqueza de um país. Ora, entre a produtividade e os salários tem de haver um equilíbrio. Ou seja, quando o custo do trabalho está acima desse equilíbrio, ou baixam os salários ... ou sobe o desemprego.

É por isso que quem alerta para o problema dos salários tem razão. Podemos não gostar da ideia e até dizer que isso significa "terceiromundizar" a economia (descendo na cadeia de valor). Mas em economia não há milagres, ao contrário do que alguns políticos (e feiticeiros também...) gostam de dizer. Em suma, se temos produtividade de país pobre, não podemos ter salários (e consumo) de país rico. Não há volta a dar!
"

Camilo Lourenço

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