O fim do sonho automóvel
"Perante a ruptura das negociações entre os trabalhadores e a administração da Autoeuropa, o país acordou para uma possibilidade negra: a fábrica de Palmela pode fechar as portas.
Esta hipótese, a confirmar-se, será uma tragédia para a economia nacional. E a palavra tragédia não é, neste caso, uma hiperbolização. Deve ser lida no sentido literal, por várias razões, umas imediatas e outras estruturais.
No curto prazo, estão em causa nove mil empregos directos e indirectos. Caso a Volkswagen deslocalize a produção para a Alemanha, vão perder o emprego os trabalhadores da fábrica de Palmela, bem como muitos funcionários das empresas que fornecem componentes de carros. E são postos de trabalho que poderão ser perdidos para sempre. É preciso ter a noção de que pode estar em perigo a indústria nacional ligada ao sector automóvel, uma vez que os problemas na Autoeuropa somam-se ao fim da Opel na Azambuja e às dificuldades da PSA em Mangualde, além das paragens da Toyota.
Esta é a dimensão estrutural mais preocupante. O fim do sonho automóvel em Portugal pode ser uma realidade. Obviamente que as dificuldades não são um problema nacional, basta olhar para os Estados Unidos e ver como os gigantes revelaram pés de barro. Mas em Portugal pode ser o enterro de uma área particularmente importante. Está em xeque um ‘cluster' industrial numa economia que tem cada vez menos indústria e é no sector secundário que há maiores ganhos de produtividade. Além disto, o sector automóvel representou uma subida na escala de valor e é responsável por uma fatia importante das exportações.
Portanto, é importante evitar este cenário e garantir que a Volkswagen mantém a produção em Palmela. Para isto, os trabalhadores têm uma palavra importante. Não está em causa a razoabilidade das suas reivindicações - muitas são justas - mas chegaram no momento errado. A primeira prioridade deve ser salvar os empregos. É altura de ser mais compreensivo. E o Governo deve garantir as condições possíveis para que a âncora do sector automóvel português consiga ultrapassar esta crise."
Bruno Proença
Esta hipótese, a confirmar-se, será uma tragédia para a economia nacional. E a palavra tragédia não é, neste caso, uma hiperbolização. Deve ser lida no sentido literal, por várias razões, umas imediatas e outras estruturais.
No curto prazo, estão em causa nove mil empregos directos e indirectos. Caso a Volkswagen deslocalize a produção para a Alemanha, vão perder o emprego os trabalhadores da fábrica de Palmela, bem como muitos funcionários das empresas que fornecem componentes de carros. E são postos de trabalho que poderão ser perdidos para sempre. É preciso ter a noção de que pode estar em perigo a indústria nacional ligada ao sector automóvel, uma vez que os problemas na Autoeuropa somam-se ao fim da Opel na Azambuja e às dificuldades da PSA em Mangualde, além das paragens da Toyota.
Esta é a dimensão estrutural mais preocupante. O fim do sonho automóvel em Portugal pode ser uma realidade. Obviamente que as dificuldades não são um problema nacional, basta olhar para os Estados Unidos e ver como os gigantes revelaram pés de barro. Mas em Portugal pode ser o enterro de uma área particularmente importante. Está em xeque um ‘cluster' industrial numa economia que tem cada vez menos indústria e é no sector secundário que há maiores ganhos de produtividade. Além disto, o sector automóvel representou uma subida na escala de valor e é responsável por uma fatia importante das exportações.
Portanto, é importante evitar este cenário e garantir que a Volkswagen mantém a produção em Palmela. Para isto, os trabalhadores têm uma palavra importante. Não está em causa a razoabilidade das suas reivindicações - muitas são justas - mas chegaram no momento errado. A primeira prioridade deve ser salvar os empregos. É altura de ser mais compreensivo. E o Governo deve garantir as condições possíveis para que a âncora do sector automóvel português consiga ultrapassar esta crise."
Bruno Proença
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