quinta-feira, junho 11, 2009

Eleições.

"Ferreira Leite mostrou que era possível fazer política de uma forma diferente: fora das regras da propaganda.

Como já era de esperar, mal se soube o resultado das eleições europeias, eclodiu, de imediato, um pequeno coro à volta do dr. Rangel e das suas magníficas qualidades políticas. A crer no que se vai lendo e ouvindo, só ele seria capaz de levar o PSD à sua inesperada vitória. Sem desfazer no candidato, que fez uma boa campanha (como, aliás, fizeram Nuno Melo ou Miguel Portas), julgo que a vitória de Manuela Ferreira Leite não deve ser subestimada pelas proezas do seu candidato. Depois de meses de crítica permanente, a reboque de sondagens que lhe ofereciam invariavelmente o pior resultado de sempre, a senhora das gaffes, que não sabia falar, que não tinha propostas, que, enfim, não tinha "jeito para a política", como proclamava Sócrates do alto da sua arrogância, na hora do voto conseguiu finalmente impor o seu peculiar estilo.

Se os eleitores que fugiram do PS – para a Esquerda, para a Direita, para abstenção – mostraram o seu descontentamento com o Governo, é de supor que aqueles que se mantiveram no PSD deram uma prova de confiança a uma alternativa que, até aqui, supostamente não existia. Através de Paulo Rangel, foi Manuela Ferreira Leite que foi a votos, nestas eleições. E, ao vencê-las, conquistou dois pontos fundamentais. Acabou com o mito da invencibilidade de Sócrates nas legislativas: a partir de agora, e por muito que isso custe a alguns, a questão deixou de se reduzir a mera equação de uma maioria relativa versus uma maioria absoluta do PS para se estender à possibilidade de uma vitória do PSD e de uma eventual coligação com o CDS. O que faz com que a tal "governabilidade" que era, até aqui, um exclusivo do engº Sócrates possa vir também a ser assegurada por Manuela Ferreira Leite – que conta, aliás, com um parceiro mais compatível. O facto de o CDS ter obtido um bom resultado, apesar das sondagens, pode abrir as portas a um novo acordo entre os dois partidos.

Por último, e talvez este seja o ponto mais importante, ao vencer as europeias, Manuela Ferreira Leite mostrou que era possível fazer política de uma forma diferente: fora das agências de comunicação, das regras da propaganda e da chamada política espectáculo – onde tudo é encenado, num jogo de aparências que deixa de fora o essencial. A verdade é que, no domingo, quando as sondagens foram ultrapassadas pelos votos, Sócrates, esse grande comunicador, foi derrotado por Manuela Ferreira Leite que, para a generalidade dos comentadores, não sabia sequer o que era comunicar. Depois disto, vamos ver como corre a propaganda governamental
."

Constança Cunha e Sá

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