Portugal positivo
"Com dez anos acumulados de divergência com a Europa, o Portugal europeu e moderno é uma miragem distante.
Aliás, convém sublinhar o fracasso de uma certa ideia de integração europeia que prometia colocar o país no topo da Comunidade. Hoje, cada vez mais perto da cauda da Europa, as eleições para o Parlamento Europeu são um desfile folclórico marcado pela ausência de uma ideia política sobre o papel de Portugal na nova Europa alargada. Em plena campanha, ninguém diria que o futuro da União se joga no destino incerto que rodeia o Tratado de Lisboa. Nem os pergaminhos nacionais com nome de Tratado excitam as mentes políticas portuguesas.
Em Portugal, o consenso europeu é uma construção de silêncios sobre um enorme vácuo político. É certo que se produz ruído, acusações, argumentos infantis e pequenas disputas pessoais, mas confundir a animação festiva da campanha com discussão política é próprio de uma República tropical.
Aliás, Portugal é uma espécie de trópico europeu, geograficamente perto para integrar a Europa, politicamente distante para influenciar a União. Convém ainda assinalar que a integração de Portugal na Europa em vez de recentrar o país no grande debate sobre o perfil e as orientações comunitárias, veio sobretudo revelar à exaustão a pequenez do horizonte nacional e a dimensão periférica do país. E a periferia não é só uma questão geográfica, mas uma evidência cultural e política, logo civilizacional.
A Europa é certamente o principal parceiro comercial de Portugal, a Europa é cada vez mais o centro nevrálgico da produção legislativa, para não referir a integração do país num grande bloco internacional decisivo nos equilíbrios geoestratégicos a estabelecer no futuro. No entanto, nem um suspiro sobre estes assuntos. Nada. O que sobra é um devaneio sentimental em torno da ideia de uma unidade europeia, misto de identidade comum e solidariedade política. Se se excluir esta interpretação benigna, a Europa é então o símbolo da mais completa dependência económica sempre materializada na luta feroz pelos subsídios. Neste caso, a abstenção na discussão da Europa é a marca da cobardia e do cálculo político. Mas verdadeiramente dramático é que sem um desígnio europeu observável, o país vive também a carência de um projecto político nacional.
Bismarck dizia que encontrava sempre o argumento da Europa no discurso dos políticos sem coragem para defender em nome próprio os seus interesses. A julgar pela campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, os políticos nacionais perderam a coragem ou perderam a vergonha?"
Carlos Marques de Almeida
Aliás, convém sublinhar o fracasso de uma certa ideia de integração europeia que prometia colocar o país no topo da Comunidade. Hoje, cada vez mais perto da cauda da Europa, as eleições para o Parlamento Europeu são um desfile folclórico marcado pela ausência de uma ideia política sobre o papel de Portugal na nova Europa alargada. Em plena campanha, ninguém diria que o futuro da União se joga no destino incerto que rodeia o Tratado de Lisboa. Nem os pergaminhos nacionais com nome de Tratado excitam as mentes políticas portuguesas.
Em Portugal, o consenso europeu é uma construção de silêncios sobre um enorme vácuo político. É certo que se produz ruído, acusações, argumentos infantis e pequenas disputas pessoais, mas confundir a animação festiva da campanha com discussão política é próprio de uma República tropical.
Aliás, Portugal é uma espécie de trópico europeu, geograficamente perto para integrar a Europa, politicamente distante para influenciar a União. Convém ainda assinalar que a integração de Portugal na Europa em vez de recentrar o país no grande debate sobre o perfil e as orientações comunitárias, veio sobretudo revelar à exaustão a pequenez do horizonte nacional e a dimensão periférica do país. E a periferia não é só uma questão geográfica, mas uma evidência cultural e política, logo civilizacional.
A Europa é certamente o principal parceiro comercial de Portugal, a Europa é cada vez mais o centro nevrálgico da produção legislativa, para não referir a integração do país num grande bloco internacional decisivo nos equilíbrios geoestratégicos a estabelecer no futuro. No entanto, nem um suspiro sobre estes assuntos. Nada. O que sobra é um devaneio sentimental em torno da ideia de uma unidade europeia, misto de identidade comum e solidariedade política. Se se excluir esta interpretação benigna, a Europa é então o símbolo da mais completa dependência económica sempre materializada na luta feroz pelos subsídios. Neste caso, a abstenção na discussão da Europa é a marca da cobardia e do cálculo político. Mas verdadeiramente dramático é que sem um desígnio europeu observável, o país vive também a carência de um projecto político nacional.
Bismarck dizia que encontrava sempre o argumento da Europa no discurso dos políticos sem coragem para defender em nome próprio os seus interesses. A julgar pela campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, os políticos nacionais perderam a coragem ou perderam a vergonha?"
Carlos Marques de Almeida
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