Quando os preços ficam loucos
"A quantidade de alumínio em armazém está no nível mais elevado de sempre. O preço do alumínio sobe. Já valorizou mais de 20% desde os mínimos atingidos em Fevereiro. O que explica a subida do preço quando há excesso de oferta? Quando é informado que os armazéns estão cheios, qualquer aluno de economia chumbaria se respondesse: "Os preços sobem".
A finança armadilhou a economia e assim se auto-condena. A única explicação possível para a recente subida das matérias-primas e do petróleo é financeira. Os preços das mercadorias estão a ser determinados pela procura de quem tem dinheiro para fazer investimentos financeiros e não pela procura das fábricas. A economia, se tínhamos algumas dúvidas, deixou de ser de produção para se transformar em financeira. A questão é saber se a economia financeira consegue viver sem a economia de produção. A resposta, inspirada no passado e no presente, é que consegue, mas sem ser por muito tempo. Aquilo que o palavreado designa como "subida não sustentável".
O problema que se coloca neste momento é mais grave. A dinâmica interna de preços no universo financeiro está a gerar uma energia que destrói as tentativas de elevação da actividade das empresas. Num paralelismo com o corpo humano, é como se a reactivação do aparelho circulatório - os movimentos financeiros - provocasse danos nos órgãos que não vivem sem ele, mas que também parecem não conseguir viver com ele. A economia e as finanças estão interligadas, mas os mercados entraram nesta crise num processo que cria sérias dificuldades à reanimação da economia.
A subida dos preços do alumínio e de outras matérias-primas, assim como do petróleo, ameaçam a frágil retoma que se está a desenhar, afundando de novo a actividade produtiva que irá, por sua vez, criar problemas financeiros, que por sua vez alimentam novos problemas na economia...
O que é preocupante nesta fase é o risco de estarmos a entrar num círculo infernal de destruição de valor. Uma dinâmica auto--destrutiva induzida pela energia gerada por uma crise num mundo em rede global, em que a locomotiva era (ou é?) a transformação de dinheiro em mais dinheiro, apenas pela via da compra e venda com mais-valia. Neste momento, os investidores financeiros globais procuram, como habitualmente, "coisas" para comprar que possam vender a seguir com ganho.
Essas "coisas" são acções e algumas matérias-primas. Nessa busca fazem os preços subir e, enquanto estes assim estão, as empresas que precisam dessas "coisas" para produzir bens e serviços vêem os seus custos subirem e agravam a sua já frágil situação. O que podem então fazer os empresários? Uns despedem, outros já não aguentam e fecham as portas. Os investidores financeiros repararam que a economia se está a afundar de novo e vendem, vendem vendem... alguns ganham outros perdem. Entra-se num novo patamar, com menos produção, e gera-se um novo ciclo: os investidores começam a entrar nas "coisas" porque há sinais mínimos de retoma, matam a retoma, destroem-se mais empregos e mais produção... Este é o ciclo infernal que nos ameaça. A regulamentação poderá ser a solução."
Helena Garrido
A finança armadilhou a economia e assim se auto-condena. A única explicação possível para a recente subida das matérias-primas e do petróleo é financeira. Os preços das mercadorias estão a ser determinados pela procura de quem tem dinheiro para fazer investimentos financeiros e não pela procura das fábricas. A economia, se tínhamos algumas dúvidas, deixou de ser de produção para se transformar em financeira. A questão é saber se a economia financeira consegue viver sem a economia de produção. A resposta, inspirada no passado e no presente, é que consegue, mas sem ser por muito tempo. Aquilo que o palavreado designa como "subida não sustentável".
O problema que se coloca neste momento é mais grave. A dinâmica interna de preços no universo financeiro está a gerar uma energia que destrói as tentativas de elevação da actividade das empresas. Num paralelismo com o corpo humano, é como se a reactivação do aparelho circulatório - os movimentos financeiros - provocasse danos nos órgãos que não vivem sem ele, mas que também parecem não conseguir viver com ele. A economia e as finanças estão interligadas, mas os mercados entraram nesta crise num processo que cria sérias dificuldades à reanimação da economia.
A subida dos preços do alumínio e de outras matérias-primas, assim como do petróleo, ameaçam a frágil retoma que se está a desenhar, afundando de novo a actividade produtiva que irá, por sua vez, criar problemas financeiros, que por sua vez alimentam novos problemas na economia...
O que é preocupante nesta fase é o risco de estarmos a entrar num círculo infernal de destruição de valor. Uma dinâmica auto--destrutiva induzida pela energia gerada por uma crise num mundo em rede global, em que a locomotiva era (ou é?) a transformação de dinheiro em mais dinheiro, apenas pela via da compra e venda com mais-valia. Neste momento, os investidores financeiros globais procuram, como habitualmente, "coisas" para comprar que possam vender a seguir com ganho.
Essas "coisas" são acções e algumas matérias-primas. Nessa busca fazem os preços subir e, enquanto estes assim estão, as empresas que precisam dessas "coisas" para produzir bens e serviços vêem os seus custos subirem e agravam a sua já frágil situação. O que podem então fazer os empresários? Uns despedem, outros já não aguentam e fecham as portas. Os investidores financeiros repararam que a economia se está a afundar de novo e vendem, vendem vendem... alguns ganham outros perdem. Entra-se num novo patamar, com menos produção, e gera-se um novo ciclo: os investidores começam a entrar nas "coisas" porque há sinais mínimos de retoma, matam a retoma, destroem-se mais empregos e mais produção... Este é o ciclo infernal que nos ameaça. A regulamentação poderá ser a solução."
Helena Garrido
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