O BCE, ou como não lidar com a banca
"Jean-Claude Trichet disse ontem esperar que os bancos façam agora "o seu trabalho, que é emprestar". A tirada só não é surpreendente porque, nos últimos meses, o presidente do BCE tem dado sinais de politização do seu discurso. Primeiro falou demasiado cedo em fim da recessão; depois aprovou um programa de "quantitative easing" (tem o mesmo efeito de imprimir moeda); agora coloca pressão nos bancos. Tudo conversa para agradar à classe política.
A sua afirmação tem tanto de contraditório quanto o próprio BCE ter reconhecido ontem que o mercado do crédito (que estava seco) está a melhorar: crédito às famílias e às empresas.
Como explicar este comportamento numa pessoa com um "track record" insuspeito (como governador do Banco de França, foi o principal responsável por tornar esta instituição independente do poder político)? Trichet está a ceder à pressão de Paris e Berlim e, com isso, a prestar um mau serviço à economia dos 16. Primeiro, porque deixa passar a impressão de que o BCE é permeável a influência política. Segundo, porque faz dos bancos os maus da fita. Ora os bancos não emprestam mais por receio da conjuntura económica (risco). Não por falta de capital (onde o BCE tem dado uma ajuda, cedendo biliões em liquidez). E é bom que assim seja. Caso contrário, o BCE estará a dar uma preciosa ajuda para que a banca europeia baixe a fasquia do risco, deteriorando os seus rácios de solvabilidade (que tanto custaram a recuperar nos últimos meses)."
Camilo Lourenço
A sua afirmação tem tanto de contraditório quanto o próprio BCE ter reconhecido ontem que o mercado do crédito (que estava seco) está a melhorar: crédito às famílias e às empresas.
Como explicar este comportamento numa pessoa com um "track record" insuspeito (como governador do Banco de França, foi o principal responsável por tornar esta instituição independente do poder político)? Trichet está a ceder à pressão de Paris e Berlim e, com isso, a prestar um mau serviço à economia dos 16. Primeiro, porque deixa passar a impressão de que o BCE é permeável a influência política. Segundo, porque faz dos bancos os maus da fita. Ora os bancos não emprestam mais por receio da conjuntura económica (risco). Não por falta de capital (onde o BCE tem dado uma ajuda, cedendo biliões em liquidez). E é bom que assim seja. Caso contrário, o BCE estará a dar uma preciosa ajuda para que a banca europeia baixe a fasquia do risco, deteriorando os seus rácios de solvabilidade (que tanto custaram a recuperar nos últimos meses)."
Camilo Lourenço
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