9 de Outubro de 1859 - Alfred Dreyfuss
Alfred Dreyfuss 09/10/1859 - 12/07/1935
O caso Dreyfus foi um escândalo político que dividiu a França por muitos anos, durante o final do século XIX.
Centrava-se na condenação por traição de Alfred Dreyfus em 1894, um oficial de artilharia do exército francês, de religião judia. O crime foi enquadrado como alta traição e o acusado sofreu um processo fraudulento conduzido as portas fechadas. Dreyfus era, em verdade, inocente: a condenação baseava-se em documentos falsos, e quando oficiais de alta-patente franceses se aperceberam disto tentaram ocultar o erro. A farsa foi acobertada por uma onda de nacionalismo e xenofobia que invadiu a Europa no final do século XIX. Dreyfus foi condenado à prisão perpétua na ilha do Diabo, na Costa da Guiana Francesa.
Em 1898, evidências da inocência de Dreyfus possibilitaram um segundo julgamento. A permanência da sentença anterior provocou a indignação de Émile Zola. O escritor expôs o escândalo ao público geral no jornal literário L'Aurore numa famosa carta aberta ao Presidente da República Félix Faure, intitulada J'accuse! (Eu acuso!) em 13 de Janeiro de 1898. Uma reprimenda endereçada à França: "Como poderias querer a verdade e a justiça, quando enxovalham a tal ponto todas as tuas virtudes lendárias?". Nas palavras da historiadora Barbara W. Tuchman, foi "uma das grandes comoções da história". Enquanto que Bernard Lazare e Scheurer tinham até então defendido Dreyfus, Herzl tinha ficado impressionado pelo caso Dreyfus, um notório caso de anti-semitismo na França; ele tinha coberto o caso do julgamento de Dreyfus para o jornal Austro-Hungaro. Theodor Herzl também foi testemunha de manifestações em Paris após o julgamento em que muitos cantaram pelas ruas "Morte aos Judeus"; isto convenceu-o da ameaça do anti-semitismo.Theodor Herzl e Emile Zola partiram para o ataque, denunciando os culpados pela farsa.
O caso Dreyfus dividiu a França entre os dreyfusards (os apoiantes de Alfred Dreyfus) e os anti-dreyfusards (contra ele). A disputa foi particularmente violenta, uma vez que envolvia vários assuntos no clima controverso e agitado de então. De certa forma, estas divisões seguiam a linha de demarcação entre uma direita apoiando frequentemente o retorno à monarquia e clericalismo - ou seja, o envolvimento da Igreja Católica Romana na política pública - e uma ala esquerda apoiando a República, muitas vezes com sentimentos anti-clericais. A virulência das paixões levantadas pelo caso deveu-se ao anti-Semitismo em França. Em 1886 havia sido publicado o livro anti-semita de Edouard Drumont, "La France Juive". Intelectuais - professores, estudantes, artistas, escritores - assinaram pedidos intercedendo por Dreyfus.
Em suas demonstrações gritavam "Vive Dreyfus! Vive Zola!". Do outro lado da barricada, os gritos eram de "Vive l'Armée! Conspuez Zola! Mort aux Juifs!" Dreyfus era apresentado como o bandido que vende os seus irmãos como Judas (supostamente) vendera o seu "Deus". Houve pilhagens de lojas de judeus, numa premonição da Kristallnacht da vizinha Alemanha. Houve verdadeiros pogromas na Argélia em Boufarik, Mostaganem, Blida, Médéa, Bab el-Oued. Houve violações, mortos e feridos.
Charles-Ferdinand Walsin Esterhazy, major do exército francês, foi o verdadeiro autor da carta, desmascarado durante revisão do processo que promoveu a reabilitação de Dreyfus (1906).
Dreyfus foi restabelecido parcialmente no exército. Seus cinco anos de aprisionamento não foram considerados para a reconstituição da sua carreira. Esta decisão tirou-lhe qualquer esperança de uma carreira digna dos seus sucessos anteriores à sua detenção de 1894. Por conseguinte foi forçado à uma dolorosa demissão em junho de 1907. Dreyfus nunca pediu nenhuma compensação ao estado francês pela injustiça militar, nem pelo grande trauma sofrido e nem pelos danos financeiros. Morreu a 12 de Julho de 1935.
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