As estratégias da cooperação.
"Acho que já escrevi isto em qualquer lado, mas pelos vistos convém insistir: a trapalhada das "escutas", em que Cavaco Silva se envolveu ou, através de prolongado silêncio, se deixou envolver, é uma brincadeira quando comparada com o currículo dos seus antecessores em matéria de ingerência na vida partidária. De Eanes a Sampaio, passando, com vagar, por Soares, não houve presidente de todos os portugueses que não conspirasse activamente contra um particular grupo de portugueses: aqueles que, nos sucessivos governos, partilhavam preferências ideológicas distintas. Se, como alguns defendem, Cavaco tentou abalar a maioria do PS, a única novidade é a do amadorismo da tentativa. Dito de outra maneira, Cavaco espalhou-se ao comprido onde os demais chefes de Estado manobravam com discrição e, não esquecer, perante a complacência da opinião pública e publicada.
Pois é, além da inabilidade, Cavaco tem contra si a circunstância de não ser de esquerda num cargo que se convencionou destinado à dita. Toda esta novela de espionagem deprime? Sim. O "esclarecimento" que o PR prestou ao país (e a que o país dedicou funda exegese) foi insuficiente e vago? Sim duas vezes. Mas Soares, por exemplo Soares, passaria incólume por confusão semelhante e nem se sentiria obrigado a esclarecimento nenhum: como a chuva no Minho, as intrigas foram um dado adquirido, e aplaudido, dos seus mandatos. Cavaco não se pode dar a semelhante luxo. Deliberada ou desastradamente, deu-se, e não serei eu a lamentar o vexame a que se entregou.
Nem a exaltar os que escaparam de vexames idênticos graças ao talento próprio para a conjura. A verdade é que, num país normal, os recorrentes hábitos dos inquilinos de Belém talvez recomendassem a reforma do absurdo "semipresidencialismo" que temos. Em Portugal, recomendam apenas a reforma de Cavaco Silva, que agora engole calado os insultos da inconcebível dra. Gomes e os atrasos (vinte minutos) desse estadista modelar chamado José Sócrates. "
Alberto Gonçalves
Pois é, além da inabilidade, Cavaco tem contra si a circunstância de não ser de esquerda num cargo que se convencionou destinado à dita. Toda esta novela de espionagem deprime? Sim. O "esclarecimento" que o PR prestou ao país (e a que o país dedicou funda exegese) foi insuficiente e vago? Sim duas vezes. Mas Soares, por exemplo Soares, passaria incólume por confusão semelhante e nem se sentiria obrigado a esclarecimento nenhum: como a chuva no Minho, as intrigas foram um dado adquirido, e aplaudido, dos seus mandatos. Cavaco não se pode dar a semelhante luxo. Deliberada ou desastradamente, deu-se, e não serei eu a lamentar o vexame a que se entregou.
Nem a exaltar os que escaparam de vexames idênticos graças ao talento próprio para a conjura. A verdade é que, num país normal, os recorrentes hábitos dos inquilinos de Belém talvez recomendassem a reforma do absurdo "semipresidencialismo" que temos. Em Portugal, recomendam apenas a reforma de Cavaco Silva, que agora engole calado os insultos da inconcebível dra. Gomes e os atrasos (vinte minutos) desse estadista modelar chamado José Sócrates. "
Alberto Gonçalves
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