Góticas, escutas e arrebiques
"A taxa de desemprego em Espanha, embora já tradicionalmente acima da média europeia, está praticamente a atingir os 20% – ou seja, um em cada cinco espanhóis perdeu o seu posto de trabalho.
No fim-de-semana passado, José Luís Zapatero convocou um Conselho de Ministros extraordinário para aprovar novas prestações sociais e apoios sobretudo às famílias em que todos os membros do respectivo agregado não tenham rendimentos.
Esta semana, o Governo espanhol aprovou a subida de impostos para financiamento das referidas prestações sociais.
Mas qual é o tema que mais se discute no país vizinho?
A fotografia de Zapatero e Sonsoles Espinosa com as suas duas filhas, Laura e Alba, e o casal Obama no Metropolitan Museum de Nova Iorque.
O quê? Elas são góticas?!!
Vestem de preto dos pés à cabeça, usam punhos de cabedal e botas Doc Martens?
Têm poses grotescas e caras pintadas tipo vampiro?
Bem pode a mãe Sonsoles vestir também de preto a tentar disfarçar...
Mas a polémica está longe de se ficar por aí.
Quem pagou a viagem das moças? A que título foram no avião da Real Força Aérea espanhola?
O Palácio da Moncloa (S. Bento lá do sítio) emitiu comunicado a esclarecer que a viagem da prole de Zapatero foi a ‘custo zero’, uma vez que a comitiva era pequena e o avião tinha lugares disponíveis.
Mas a polémica está ainda longe de se ficar também por aí.
Quem publicou a foto?
Então não havia um acordo tácito de não revelação de fotografias com as filhas de Zapatero, que expressamente _o pediu mal foi eleito para manter a privacidade da sua família?
(E a avaliar pelas imagens, bem se percebe por que outras razões o terá feito).
E quem mandou retirar as ditas fotos do site da Casa Branca?
A agência EFE tinha-as mas não as distribuiu, o EL_País publicou editorial a justificar a não divulgação das imagens que chegaram à sua redacção, mas os poucos minutos que estiveram online no site da Casa Branca foram suficientes para correrem mundo... e Espanha – o El Mundo e o ABC ‘furaram’ o pacto.
E gastam-se rios de tinta – mais a simples gota desta crónica – sobre a ida de Laura e Alba a Nova Iorque e o estilo gótico das adolescentes Zapatero.
Houve debates entre ‘envergonhados’ pela forma como Espanha se fez ‘representar’ junto do casal Obama e os mais acérrimos defensores das adolescentes e dos seus direitos – em Espanha e não só, porque até a filha de John McCain, o candidato derrotado na última corrida à Casa Branca, prestou depoimento de homenagem às manas Zapatero e ao modelo espanhol de protecção dos menores.
Zapatero, claro, também não escapou às críticas – como primeiro-ministro e como pai, que os conservadores espanhóis não perderam a oportunidade.
Mas os espanhóis não são os únicos entretidos ou distraídos com a espuma dos dias.
É coisa latina.
Há meses, com a crise financeira e económica mundial a revelar os seus primeiros sinais, os franceses entretinham-se com a discussão sobre o casal presidencial e a razão da alcunha pela qual Sarkozy era carinhosamente tratado: ‘Speedy’. E correu mundo o tratamento a que se submeteu depois do casamento com a modelo-cantora Carla Bruni.
E os italianos, esses, coitados, não fazem outra vida que não seja aturar as aberrações e as blagues de Berlusconi, mais paglaccio que D. Camilo e Peppone juntos.
Quanto aos portugueses, não fogem à regra.
São, inclusive, muito mais elaborados. Têm mais pêlo na venta do que Berlusconi depois dos implantes capilares; são mais rápidos a arranjar polémicas e sarilhos do que qualquer Speedy Gonzalez; vêem sempre as coisas muito mais negras do que as roupagens do mais gótico dos góticos.
Nisso, levamos a palma à Europa. Qualquer copo de água serve para armar uma tempestade.
Vale tudo... até esbugalhar olhos e esconder orelhas, violar códigos e e-mails, denunciar fontes alheias, brincar com as instituições, entrar no terreno pantanoso da manipulação política.
O exemplo mais recente foi o caso das escutas de Belém.
O que fez, verdadeiramente, o Presidente?
Imagine-se o que seria se, por exemplo, Cavaco tivesse organizado um congresso tipo Portugal: Que Futuro?, como Soares lhe fez quando era primeiro-ministro. Caía o Carmo e a Trindade!
Na verdade, não obstante o pé de vento, este caso das escutas não passa de uma série de arrebiques.
Mas é daqueles assuntos que, diga-se o que se disser, nada mais tem que se lhe diga. Porque demais já foi dito.
Até porque, quanto ao que no fundo está em causa, melhor lá dizem os espanhóis: Yo no lo creo en brujas, pero de que las hay, las hay.
Não acreditam? Perguntem a Sonsoles e a José Luís Zapatero.
Ah!, em Espanha, António Rubio, subdirector do El Mundo, foi condenado esta semana por um juiz de Madrid a pagar multa de 1.000 euros por negar-se a revelar as suas fontes no caso dos atentados do 11 de Março. O juiz, inicialmente, aceitou a recusa de Rubio, por considerá-la justificada ao abrigo do princípio constitucional do segredo profissional. Mas a segunda instância obrigou-o a rectificar a decisão e a condenar o escrupuloso jornalista. Pois..."
MRamires
No fim-de-semana passado, José Luís Zapatero convocou um Conselho de Ministros extraordinário para aprovar novas prestações sociais e apoios sobretudo às famílias em que todos os membros do respectivo agregado não tenham rendimentos.
Esta semana, o Governo espanhol aprovou a subida de impostos para financiamento das referidas prestações sociais.
Mas qual é o tema que mais se discute no país vizinho?
A fotografia de Zapatero e Sonsoles Espinosa com as suas duas filhas, Laura e Alba, e o casal Obama no Metropolitan Museum de Nova Iorque.
O quê? Elas são góticas?!!
Vestem de preto dos pés à cabeça, usam punhos de cabedal e botas Doc Martens?
Têm poses grotescas e caras pintadas tipo vampiro?
Bem pode a mãe Sonsoles vestir também de preto a tentar disfarçar...
Mas a polémica está longe de se ficar por aí.
Quem pagou a viagem das moças? A que título foram no avião da Real Força Aérea espanhola?
O Palácio da Moncloa (S. Bento lá do sítio) emitiu comunicado a esclarecer que a viagem da prole de Zapatero foi a ‘custo zero’, uma vez que a comitiva era pequena e o avião tinha lugares disponíveis.
Mas a polémica está ainda longe de se ficar também por aí.
Quem publicou a foto?
Então não havia um acordo tácito de não revelação de fotografias com as filhas de Zapatero, que expressamente _o pediu mal foi eleito para manter a privacidade da sua família?
(E a avaliar pelas imagens, bem se percebe por que outras razões o terá feito).
E quem mandou retirar as ditas fotos do site da Casa Branca?
A agência EFE tinha-as mas não as distribuiu, o EL_País publicou editorial a justificar a não divulgação das imagens que chegaram à sua redacção, mas os poucos minutos que estiveram online no site da Casa Branca foram suficientes para correrem mundo... e Espanha – o El Mundo e o ABC ‘furaram’ o pacto.
E gastam-se rios de tinta – mais a simples gota desta crónica – sobre a ida de Laura e Alba a Nova Iorque e o estilo gótico das adolescentes Zapatero.
Houve debates entre ‘envergonhados’ pela forma como Espanha se fez ‘representar’ junto do casal Obama e os mais acérrimos defensores das adolescentes e dos seus direitos – em Espanha e não só, porque até a filha de John McCain, o candidato derrotado na última corrida à Casa Branca, prestou depoimento de homenagem às manas Zapatero e ao modelo espanhol de protecção dos menores.
Zapatero, claro, também não escapou às críticas – como primeiro-ministro e como pai, que os conservadores espanhóis não perderam a oportunidade.
Mas os espanhóis não são os únicos entretidos ou distraídos com a espuma dos dias.
É coisa latina.
Há meses, com a crise financeira e económica mundial a revelar os seus primeiros sinais, os franceses entretinham-se com a discussão sobre o casal presidencial e a razão da alcunha pela qual Sarkozy era carinhosamente tratado: ‘Speedy’. E correu mundo o tratamento a que se submeteu depois do casamento com a modelo-cantora Carla Bruni.
E os italianos, esses, coitados, não fazem outra vida que não seja aturar as aberrações e as blagues de Berlusconi, mais paglaccio que D. Camilo e Peppone juntos.
Quanto aos portugueses, não fogem à regra.
São, inclusive, muito mais elaborados. Têm mais pêlo na venta do que Berlusconi depois dos implantes capilares; são mais rápidos a arranjar polémicas e sarilhos do que qualquer Speedy Gonzalez; vêem sempre as coisas muito mais negras do que as roupagens do mais gótico dos góticos.
Nisso, levamos a palma à Europa. Qualquer copo de água serve para armar uma tempestade.
Vale tudo... até esbugalhar olhos e esconder orelhas, violar códigos e e-mails, denunciar fontes alheias, brincar com as instituições, entrar no terreno pantanoso da manipulação política.
O exemplo mais recente foi o caso das escutas de Belém.
O que fez, verdadeiramente, o Presidente?
Imagine-se o que seria se, por exemplo, Cavaco tivesse organizado um congresso tipo Portugal: Que Futuro?, como Soares lhe fez quando era primeiro-ministro. Caía o Carmo e a Trindade!
Na verdade, não obstante o pé de vento, este caso das escutas não passa de uma série de arrebiques.
Mas é daqueles assuntos que, diga-se o que se disser, nada mais tem que se lhe diga. Porque demais já foi dito.
Até porque, quanto ao que no fundo está em causa, melhor lá dizem os espanhóis: Yo no lo creo en brujas, pero de que las hay, las hay.
Não acreditam? Perguntem a Sonsoles e a José Luís Zapatero.
Ah!, em Espanha, António Rubio, subdirector do El Mundo, foi condenado esta semana por um juiz de Madrid a pagar multa de 1.000 euros por negar-se a revelar as suas fontes no caso dos atentados do 11 de Março. O juiz, inicialmente, aceitou a recusa de Rubio, por considerá-la justificada ao abrigo do princípio constitucional do segredo profissional. Mas a segunda instância obrigou-o a rectificar a decisão e a condenar o escrupuloso jornalista. Pois..."
MRamires
1 Comments:
Louis Sarkozy, chaval majo
Enviar um comentário
<< Home