domingo, novembro 29, 2009

Foi para isto que se fez o 25 de Novembro?

"A consagração da carreira de Jaime Neves não foi a promoção a major general, há meia dúzia de meses, mas o comentário de Vasco Lourenço à promoção: "Uma ofensa aos militares de Abril e ao próprio 25 de Abril."

Claro que, tecnicamente, Jaime Neves também pode ser considerado um "militar de Abril". Sucede apenas que não se empenhou o bastante nos delírios que se seguiram ao dia 25, além de que, a partir de certa altura, os combateu activamente e, dezanove meses depois, ajudou a derrubá-los. Se quisermos recorrer ao cancioneiro da época, Jaime Neves destruiu o "sonho lindo" trauteado por José Mário Branco, um sonho que em português corrente consistia na transformação do país num entreposto da URSS ou, mais precisamente, numa réplica europeia da Havana que Otelo visitara a título pedagógico no meio do "Verão quente".

A história é velha: o 25 de Novembro de 1975 varreu, pelo menos formalmente, o PCP do poder que havia usurpado e entregou os destinos da república, pelo menos formalmente e de facto pela primeira vez, à escolha livre e universal do eleitorado. Isso talvez justifique a estátua de Jaime Neves que, entre a sincera homenagem e a ligeira paródia, os elementos do blogue 31 da Armada colocaram à porta do Campo Pequeno, em alusão aos que quiseram encerrar lá dentro a "burguesia".

Falta apurar se a (horrenda) estátua assinala uma vitória real da democracia ou se, à semelhança da extrema-esquerda quando celebra "Abril", o blogue 31 da Armada e os democratas à direita andam a festejar uma série de intenções por realizar ou, no mínimo, toscamente realizadas. Dado que o pior pesadelo é preferível ao "sonho lindo", não comparo o regime proposto (com maus modos) pelo PREC ao que se seguiu: comparo a euforia perante o contragolpe de há 34 anos com aquilo que há 34 anos temos. A verdade é que uma pessoa olha em volta e vê: um Estado absolutista, uma economia falida, uma justiça dúbia, uma política fraudulenta e, em suma, o atraso de sempre enfeitado com os pechisbeques informatizados de hoje. Foi para esta glorificação do socialismo "moderado" que se fez o 25 de Novembro? Jaime Alberto Gonçalves das Neves, um notável anticomunista com quem partilho a origem transmontana e um belo par de nomes, já respondeu que não. Ignoro as razões dele. Eu tenho as minhas. Você terá as suas. Comemorar o mal menor é que não indicia razão nenhuma
. "

Alberto Gonçalves

1 Comments:

Anonymous sargento-mor said...

Jaime Neves é um militar do 25 de Novembro o que muito o honra pois não está manchado nos oportunistas militares de 26 de Abril
Dos militares do 25 A, apenas um honra os nossos valorosos e verdadeiros militares que felizmente a história comprova

SALGUEIRO MAIA

terça-feira, dezembro 01, 2009  

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