Um povo de estúpidos
"É como se fizéssemos parte da proverbial ‘rede tentacular’ que vai afundando o País na sua triste mediocridade.
À medida que os escândalos rebentam e que a situação económica se degrada, a fama dos portugueses vai sofrendo danos irreparáveis. A tese, defendida um pouco por todo o lado, assenta num dado simples que parece explicar todos os infortúnios da pátria e as imensas trapalhadas em que esta se vê envolvida. Aparentemente, somos um povo desqualificado (ou mesmo estúpido, como alguns chegaram a admitir), imune às questões essenciais que afectam o nosso futuro. Todos os dias lemos que consumimos o que não produzimos, que não gostamos de trabalhar, que temos hábitos de novos-ricos e que vivemos, felizes e irresponsáveis, à conta do Estado e dos seus inúmeros subsídios. No fundo, é como se fizéssemos parte da proverbial ‘rede tentacular’ que inexoravelmente vai afundando o País na sua triste mediocridade. Basta ver como, apesar de todos os avisos em contrário, conseguimos eleger, mais uma vez, o eng. Sócrates, fiados no pior do socialismo e a milhas dos interesses do País, esses sim, salvaguardados por uma oposição corajosa, cujo único problema era o facto de não existir.
Este retrato, já de si penoso, agrava-se perigosamente sempre que rebenta um dos habituais escândalos nacionais onde a corrupção brilha, de braço dado com o tráfico de influências, o crime fiscal e outras patifarias avulsas. É verdade que a forma como estes escândalos, depois de semanas de grande entusiasmo e de muitas notícias bombásticas, adormecem invariavelmente num canto qualquer da Procuradoria, longe das primeiras páginas dos jornais e perante a indiferença da opinião pública, não abona particularmente a favor da nossa sempre frágil democracia. Se a Justiça sai invariavelmente de rastos de todos estes processos, os portugueses não se saem melhor, como se viu agora, com a operação ‘Face Oculta’.
À medida que os escândalos rebentam e que a situação económica se degrada, a fama dos portugueses vai sofrendo danos irreparáveis. A tese, defendida um pouco por todo o lado, assenta num dado simples que parece explicar todos os infortúnios da pátria e as imensas trapalhadas em que esta se vê envolvida. Aparentemente, somos um povo desqualificado (ou mesmo estúpido, como alguns chegaram a admitir), imune às questões essenciais que afectam o nosso futuro. Todos os dias lemos que consumimos o que não produzimos, que não gostamos de trabalhar, que temos hábitos de novos-ricos e que vivemos, felizes e irresponsáveis, à conta do Estado e dos seus inúmeros subsídios. No fundo, é como se fizéssemos parte da proverbial ‘rede tentacular’ que inexoravelmente vai afundando o País na sua triste mediocridade. Basta ver como, apesar de todos os avisos em contrário, conseguimos eleger, mais uma vez, o eng. Sócrates, fiados no pior do socialismo e a milhas dos interesses do País, esses sim, salvaguardados por uma oposição corajosa, cujo único problema era o facto de não existir.
Este retrato, já de si penoso, agrava-se perigosamente sempre que rebenta um dos habituais escândalos nacionais onde a corrupção brilha, de braço dado com o tráfico de influências, o crime fiscal e outras patifarias avulsas. É verdade que a forma como estes escândalos, depois de semanas de grande entusiasmo e de muitas notícias bombásticas, adormecem invariavelmente num canto qualquer da Procuradoria, longe das primeiras páginas dos jornais e perante a indiferença da opinião pública, não abona particularmente a favor da nossa sempre frágil democracia. Se a Justiça sai invariavelmente de rastos de todos estes processos, os portugueses não se saem melhor, como se viu agora, com a operação ‘Face Oculta’.
Nesta última semana, ficámos a saber que admiramos qualquer ‘chico--esperto’ que saiba desenvencilhar-se na vida, que sabemos que o trabalho não leva a lado nenhum e que nós todos, em última análise, somos também uns ‘chicos--espertos’, experientes na arte da ‘cunha’ e no exercício do pequeno favor. A bem destas teses tão refinadas, talvez os portugueses devessem deixar de ser o que são, deixando de pagar impostos e de tentar viver fora da órbita do Estado – como muitos tentam –, assistindo, com particular revolta, à forma como se desbarata o dinheiro dos contribuintes. Até porque as ditas teses esquecem um dado fundamental: que a Justiça e o Estado são fracos com os fortes, mas, em contrapartida, sabem ser fortes com os fracos."
Constança Cunha e Sá
Constança Cunha e Sá
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