quarta-feira, dezembro 23, 2009

O álibi

"Cavaco Silva tornou-se o álibi perfeito para o PS. Não é uma táctica nova. É um sabor que vem de longe. Há muitos anos, o filósofo austríaco Karl Kraus confirmava isso: "Da forma como o mundo é governado, como é que as guerras começam? Os diplomatas dizem mentiras aos jornalistas, e depois acreditam no que lêem". Substitua-se mentiras por intriga e temos o argumento do teatro político a que assistimos no País. Sérgio Sousa Pinto, o mais crédulo dos parlamentares socialistas, já mostrou em que é que acredita. Claro que o PS, até agora, tem uma estratégia clara relativamente a Belém: nos dias pares quer que Cavaco esteja calado, nos dias ímpares quer que fale. Tudo em nome da governabilidade, é claro, como explicaram em momentos diferentes António Vitorino e o ex-jovem fracturante Sousa Pinto.

Sabemos que é difícil governar em minoria quando se está habituado a mandar em maioria. Admitamos mesmo que José Sócrates e o PS estão cansados de governar. E que, resolvidos os problemas fracturantes do País, já não têm força para tratar de assuntos menores como a situação da economia ou o combate ao desemprego. O PS procura assim ser um Hercule Poirot requintado: busca quem lhe serve de melhor álibi para não surgir como culpado perante o eleitorado. Esta é a nova política Forrest Gump do PS. O grau de intriga existente parece já ter um único fim em vista. O PS quer saltar borda fora do navio a afundar-se, mas não quer ficar como capitão. Porque assim só sairia no fim. Quer sair com os que normalmente debandam primeiro do barco
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Fernando Sobral

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