quinta-feira, janeiro 07, 2010

O aroma eleitoral

"Portugal é um País simpático. Parece mesmo nadar em prosperidade. Tanto assim é que a classe política, em vez de tentar resolver os problemas que podem fazer implodir a sociedade, vive obcecada pelas eleições. Já nem se fala na chuva miudinha que antes do Verão pode fazer escorregar todos os cenários políticos. Pensa-se, sobretudo, nas presidenciais que deverão cair sobre as cabeças dos portugueses daqui a um ano. Se parece cada vez mais evidente que Cavaco Silva se vai recandidatar, não é menos verdade que a "volta a Portugal em jantaradas" de Manuel Alegre começa a intrigar muitas pessoas esclarecidas.

Dificilmente ele não se irá candidatar a Presidente. Mas duvida-se que esse tenha sido um dos desejos pedidos por José Sócrates quando ingeriu as 12 passas da passagem de ano. Ou então, terá sido a passa que o engasgou. Bismarck recordava que "o aliado mais forte fica sempre prisioneiro do aliado mais fraco" e, parecendo mais frágil, Alegre poderá ser o companheiro indesejado de Sócrates. Neste momento Sócrates quer conservar o PSD em tumulto e Cavaco pressionado. E gostaria de ter tempo para escolher um Presidente à imagem e semelhança de alguns dos garbosos vice-presidentes da bancada parlamentar do PS. Só que Alegre é um poeta: a sua estratégia é feita de repentes. Se vencesse, em Belém, tornaria Sócrates o seu débil refém. Papel no qual Sócrates nunca se reviu. Mas isso é irrelevante. A classe política anda, como de costume, distraída com o aroma do seu perfume. Discute eleições. O País olha para a crise económica.
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Fernando Sobral

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