Eles mentem, eles às vezes perdem
"Há dias, na Quadratura do Círculo, António Costa citou o "ódio" (sic) ao eng. Sócrates como a solitária explicação para a sua (na altura) presuntiva derrota. Agora que a derrota é factual, convém dizer que António Costa tinha razão, mas esqueceu-se de referir as razões desse "ódio".
Não é que uma larga maioria de portugueses decidisse, de repente e por mera cisma, abominar o pobre eng. Sócrates. Aconteceu apenas que uma larga maioria de portugueses percebeu, um tanto tardiamente, que a causa primordial da nossa penúria corrente não são as agências de rating, a sra. Merkel, a rejeição do PEC IV ou a maior crise internacional desde o Pleistoceno. Se estamos como estamos é, em grande parte, graças ao governante que, de hoje em diante, partilha com Santana Lopes e Mário Soares a dúbia honra de ser um primeiro-ministro em funções enxotado nas "legislativas".
Em seu abono, Soares pode invocar a confusão pós-revolucionária, e Santana pode lembrar que o Presidente da República de então o enxotara antes. O eng. Sócrates não pode invocar ou lembrar nada. Consagrado em período da dita normalidade democrática, contou com razoável cooperação de Cavaco Silva e, em certo período, contou inclusive com irrazoável cooperação do PSD, o qual apoiou, fundamentado num discutível "interesse nacional", sucessivos e inúteis planos de austeridade. Ao quarto plano, o PSD retirou o apoio e devolveu o PS actual à sua essência, uma coisinha pouco apta, pouco séria e prepotente.
Esses talentos combinados, aflitivamente evidentes na campanha, contribuíram para os resultados da noite de ontem, que a doçura "ecuménica" do discurso final não disfarçou. Quando o eng. Sócrates garantia que o País não precisa de "aventuras", os cidadãos acharam que o homem tinha razão e, atentos, votaram contra ele. Quando o eng. Sócrates afirmava a necessidade de um governo "responsável", os cidadãos concluíram que estava bem visto e, conscienciosos, votaram contra ele. Quando o eng. Sócrates defendia a importância de uma visão "realista", os cidadãos não duvidaram e, em conformidade, votaram contra ele. De desastre em desastre, o "invencível" eng. Sócrates das lendas terminou o seu reinado com a liberdade argumentativa de um detido pela polícia: tudo o que dissesse seria usado em seu prejuízo.
Significa isto que a rejeição do eng. Sócrates superou a adesão a Pedro Passos Coelho? Em suma, sim. A seu favor, o próximo primeiro-ministro teve apenas o relativo acerto exibido a partir do debate televisivo com o rival. O PSD do dr. Passos Coelho acabou a campanha com a exacta retórica que incompreensivelmente condenara em Manuela Ferreira Leite, ou seja, a denunciar o carácter daninho dos socialistas em fim de mandato. Mesmo face a um PS arruinado, a demora em acertar o tom quase lhe custava a vitória. O acerto permitiu-a.
Mas não permite muito mais. Dadas as circunstâncias, raras vezes houve tamanha discrepância entre as expectativas geradas por um Governo e as tarefas que se lhe impõem. As expectativas são baixas. As tarefas são desmesuradas. Fundamentalmente, exige-se que o PSD reforme meio País em três meses. O CDS saberá negociar a ajuda. A extrema-esquerda, se bem que coxa na legitimidade, já prometeu berrar na rua. E o PS, "partido do povo" e baluarte da "responsabilidade", avisara a várias vozes com a atabalhoada subtileza que o caracteriza que não dará descanso aos novos poderes se se sentir demasiado excluído deles.
Em nenhum sentido, pois, os senhores que se seguem gozarão do proverbial estado de graça. Conforme, na hora da consagração, Passos Coelho ajuizadamente reconheceu por diferentes palavras, a situação é desgraçada e, ao contrário do que pediu Cavaco Silva, não haverá governo à altura da crise. A crise é altíssima.
Na despedida, o eng. Sócrates garantiu que o seu consulado constituirá matéria dos livros de História. Não duvido. Rodeado dos intolerantes que sempre o acompanharam, o principal rosto de uma farsa sem muitos paralelos no Ocidente contemporâneo jurou que não perderia um minuto a reflectir acerca do passado. Acrescentou que a força do voto não equivale à força da razão. Eis o fiel retrato de um homem que não muda. Felizmente, em dois anos o País mudou. Goste ou não, terá de continuar a mudar, agora sob uma versão amplificada do sonho de Sá Carneiro: um governo, uma maioria, um presidente. E uma troika."
Alberto Gonçalves
Não é que uma larga maioria de portugueses decidisse, de repente e por mera cisma, abominar o pobre eng. Sócrates. Aconteceu apenas que uma larga maioria de portugueses percebeu, um tanto tardiamente, que a causa primordial da nossa penúria corrente não são as agências de rating, a sra. Merkel, a rejeição do PEC IV ou a maior crise internacional desde o Pleistoceno. Se estamos como estamos é, em grande parte, graças ao governante que, de hoje em diante, partilha com Santana Lopes e Mário Soares a dúbia honra de ser um primeiro-ministro em funções enxotado nas "legislativas".
Em seu abono, Soares pode invocar a confusão pós-revolucionária, e Santana pode lembrar que o Presidente da República de então o enxotara antes. O eng. Sócrates não pode invocar ou lembrar nada. Consagrado em período da dita normalidade democrática, contou com razoável cooperação de Cavaco Silva e, em certo período, contou inclusive com irrazoável cooperação do PSD, o qual apoiou, fundamentado num discutível "interesse nacional", sucessivos e inúteis planos de austeridade. Ao quarto plano, o PSD retirou o apoio e devolveu o PS actual à sua essência, uma coisinha pouco apta, pouco séria e prepotente.
Esses talentos combinados, aflitivamente evidentes na campanha, contribuíram para os resultados da noite de ontem, que a doçura "ecuménica" do discurso final não disfarçou. Quando o eng. Sócrates garantia que o País não precisa de "aventuras", os cidadãos acharam que o homem tinha razão e, atentos, votaram contra ele. Quando o eng. Sócrates afirmava a necessidade de um governo "responsável", os cidadãos concluíram que estava bem visto e, conscienciosos, votaram contra ele. Quando o eng. Sócrates defendia a importância de uma visão "realista", os cidadãos não duvidaram e, em conformidade, votaram contra ele. De desastre em desastre, o "invencível" eng. Sócrates das lendas terminou o seu reinado com a liberdade argumentativa de um detido pela polícia: tudo o que dissesse seria usado em seu prejuízo.
Significa isto que a rejeição do eng. Sócrates superou a adesão a Pedro Passos Coelho? Em suma, sim. A seu favor, o próximo primeiro-ministro teve apenas o relativo acerto exibido a partir do debate televisivo com o rival. O PSD do dr. Passos Coelho acabou a campanha com a exacta retórica que incompreensivelmente condenara em Manuela Ferreira Leite, ou seja, a denunciar o carácter daninho dos socialistas em fim de mandato. Mesmo face a um PS arruinado, a demora em acertar o tom quase lhe custava a vitória. O acerto permitiu-a.
Mas não permite muito mais. Dadas as circunstâncias, raras vezes houve tamanha discrepância entre as expectativas geradas por um Governo e as tarefas que se lhe impõem. As expectativas são baixas. As tarefas são desmesuradas. Fundamentalmente, exige-se que o PSD reforme meio País em três meses. O CDS saberá negociar a ajuda. A extrema-esquerda, se bem que coxa na legitimidade, já prometeu berrar na rua. E o PS, "partido do povo" e baluarte da "responsabilidade", avisara a várias vozes com a atabalhoada subtileza que o caracteriza que não dará descanso aos novos poderes se se sentir demasiado excluído deles.
Em nenhum sentido, pois, os senhores que se seguem gozarão do proverbial estado de graça. Conforme, na hora da consagração, Passos Coelho ajuizadamente reconheceu por diferentes palavras, a situação é desgraçada e, ao contrário do que pediu Cavaco Silva, não haverá governo à altura da crise. A crise é altíssima.
Na despedida, o eng. Sócrates garantiu que o seu consulado constituirá matéria dos livros de História. Não duvido. Rodeado dos intolerantes que sempre o acompanharam, o principal rosto de uma farsa sem muitos paralelos no Ocidente contemporâneo jurou que não perderia um minuto a reflectir acerca do passado. Acrescentou que a força do voto não equivale à força da razão. Eis o fiel retrato de um homem que não muda. Felizmente, em dois anos o País mudou. Goste ou não, terá de continuar a mudar, agora sob uma versão amplificada do sonho de Sá Carneiro: um governo, uma maioria, um presidente. E uma troika."
Alberto Gonçalves
1 Comments:
---> Mais-ou-menos à Direita ou mais-ou-menos à Esquerda não é o mais importante!!!...
---> O mais importante é o DIREITO À SOBREVIVÊNCIA e o DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO!
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---> Quem defende a competição global... leia-se: ficar à mercê do pessoal que anda numa corrida demográfica pelo controlo de novos territórios... [NOTA: e ficar à mercê da superclasse (alta finança internacional - capital global)] está no seu Direito!... E que faça bom proveito: tchau!
---> Todavia, também deve existir o Direito à Sobrevivência!!!...
Resumindo:
-> Antes que seja tarde demais, há que mobilizar aquela minoria de europeus que possui disponibilidade emocional para abraçar um projecto de Luta pela Sobrevivência... e... SEPARATISMO-50-50!...
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ANEXO:
-> Os não-nativos JÁ NATURALIZADOS estão com uma demografia imparável em relação aos nativos...
-> Só os nacionalistas parvinhos-à-Sérvia é que não vêem o óbvio: com o desmoronamento da base sociológica que esteve na sua base... uma Identidade está condenada ao CAIXOTE DO LIXO da História!
-> Uma obs: como alguém disse: "A superclasse promove assim o etnocidio das nações.E uma nação só pode ser chamada de nação se tiver uma maioria esmagadora de homogenidade racial composta pela raça raiz fundadora da nação."
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