terça-feira, novembro 01, 2011

II parte

Daqui, teremos que saltar para a primeira metade do século XVIII, até Frankfurt, onde um ourives, de ascendência judia askenaze alemã, de nome Moses Amschel Bauer, que viria a mudar o seu apelido para “Rothschild” (escudo vermelho, em alemão), e teve 10 filhos, a partir de 1744. Cinco destes filhos, após casamentos vantajosos, foram colocados noutras capitais (Viena, Nápoles, Paris e Londres – para onde mais tarde se mudaria a sede de todo o grupo), à frente dos principais bancos, dando inicio a uma teia financeira de colossais proporções, que lhes trouxe uma incalculável riqueza e poder sobre numerosas personalidades e governos a quem emprestavam dinheiro.
     É mister acrescentar que, mais tarde, a família do “escudo vermelho”, passou a apoiar o Sionismo e à obtenção de um território, onde a diáspora judaica pudesse ter um lar e um Estado. A declaração Balfour, de 2/11/1917, é um ponto fundamental neste desígnio.
     Outro salto é mister dar até à segunda metade do século XIX e de novo a Inglaterra (onde a Maçonaria especulativa, “clássica”, tinha visto oficialmente a luz do dia, em 1717), país em que nasceu, em 1819, John Ruskin, mais tarde regente da cadeira de “fine arts”, na Universidade de Oxford. Preocupado com os problemas sociais e económicos que o rápido desenvolvimento da industrialização causava, começou a desenvolver doutrina relativamente à organização do Estado e da Sociedade, que são considerados como o germe de um projecto global para o governo da humanidade. Tal deveria começar por ser aplicado a todo o povo inglês e rapidamente exportado para o seu império colonial.
     As prédicas de Ruskin acabaram de influenciar numerosos alunos de Oxford (por ele considerados como “membros da classe privilegiada dos dirigentes”). O mais famoso, e influente dos seus discípulos foi o magnate Cecil Rhodes (1853-1902), que terá decidido pôr em prática as ideias do seu mestre (cabe aqui lembrar que Rhodes, foi nosso figadal inimigo e cuja acção está na origem do “Ultimatum”). 
     Com sólidos apoios em Inglaterra procurou financiamento para o seu projecto. Deste modo obteve o apoio de Lord Rothschild e de Alfred Belt e com ele consegue o monopólio da exploração de diamantes, com a companhia “De Beers e, ainda criar a “Gold Fields”para a exploração das minas de ouro. Em 1890 Rhodes tinha já um rendimento anual superior a um milhão de libras…
     Este dinheiro permitiu-lhe fazer um pouco de tudo, tendo fundado, em 5 de Fevereiro de 1891, uma sociedade secreta, juntamente com Milner Stead (importante jornalista) e Lord Esher, que se destinava a ligar todos aqueles já comprometidos com as ideias de Ruskin. Chamaram-lhe inicialmente “Association of Helpers”, que deu origem aos “Round Table Organizations”.
   A pouco e pouco a organização foi-se desenvolvendo e alargando a outros países, nomeadamente aos EUA. Dada a importância crescente deste país, a liderança da “organização” passou para lá, tendo o apoio dos principais magnatas da finança e da indústria, como os Rockefeller, J.P.Morgan, Carnegie, Whitney, Lazard Brothers, etc.
    Convém ainda apontar que o Federal Reserve System, conhecido na gíria como “Fed”, foi fundado, em 23/12/1913, após forte oposição de políticos e instituições americanas. O Fed funciona como um banco central, mas não é controlado pelo governo americano, mas sim pelas financeiros privados que o formaram…
     Toda esta organização (que ninguém elegeu) foi crescendo desmesuradamente, criando e dominando variadíssimas estruturas, desde o Banco Mundial à ONU, do FMI à Trilateral, etc., estabelecendo-se fortemente, na Europa, EUA e Japão. Não deve ser só por coincidência que quase todos os primeiros ministros, em Portugal, só o foram depois de terem sido convidados para uma reunião do “Grupo de Bildelberg”, cuja agenda nunca é dada a conhecer…
    O sistema financeiro foi-se desenvolvendo baseado no juro e nas comissões e daí partiu para emprestar dinheiro que não tinha (e não estava coberto por ouro, divisas, ou não tinha correspondência na economia); desenvolveu esquemas para emprestar fundos que pura e simplesmente não existiam, até que a ganância levou à especulação desenfreada e à invenção de produtos “tóxicos” e “lixo financeiro”, o que desembocou na crise de 2008, que está a arrastar todo o mundo. Tem sido esta gente que nos tem emprestado dinheiro, depois de nos terem posto de joelhos (e nós termos deixado e colaborado).
    Ao Professor Salazar devemos essa boa acção extraordinária, de ter mantido a influência maligna desta gente, afastados da nossa fronteira e das nossas vidas, durante 40 anos…
     No centro de tudo isto temos o Estado Português, absolutamente impreparado e incapaz de lidar com a realidade. E, em muitos casos conivente com o que se passa. O sistema político está viciado e bloqueado. Para piorar as coisas é semi-presidencialista, ou seja, não é carne nem é peixe…
     A maioria dos políticos não tem preparação alguma para os cargos que ocupam e apenas tentam melhorar a sua performance de actores bem-parecidos e bem-falantes, para terem boa imagem à frente das câmaras.
    O Estado Português assumiu, logo a seguir ao 25/4, que só se fez asneiras nos últimos 500 anos e por isso voltou as costas ao mar (e passou a ensinar isto nas escolas); que a partir daquela data, nós seriamos amigos de todos e que haveria reciprocidade, logo não teríamos ameaças e portanto não precisávamos de diplomacia nem tropas: se por acaso houvesse algum problema (quase um símbolo de impossibilidade), lá estaria a NATO para nos defender, e quanto às questões económicas o novo “El dourado” da CEE responderia às nossas necessidades, dando-nos de comer e boa vida…
     O Estado Português passou a comportar-se como se Portugal não tivesse interesses e portanto ignorou a Geopolítica e menorizou a Estratégia.
     Não tendo um pensamento político e estratégico a escorá-las a esmagadora maioria das decisões, resumem-se à conquista dos votos para alcançar o Poder (não é por acaso que o calendário das inaugurações estão intimamente ligadas aos ciclos eleitorais, o que requer dinheiro, cada vez mais dinheiro…), e em arregimentar negócios para si e os amigos ou correligionários.
     O resultado, apesar de escamoteado durante anos e anos, está agora à vista de todos e já não pode ser escondido. Mas a população está longe, muito longe, de se aperceber da dimensão do desastre. Vai-se limitando a sobreviver…
    Acresce a tudo isto, que o Estado Português depois de ter aderido à CEE, sem qualquer consulta à Nação – palavra cirurgicamente extirpada de qualquer documento oficial ou discurso público - se tem vindo a auto destruir. A razão é simples: a UE apenas se pode construir com o desaparecimento dos Estados nacionais que vão, sucessivamente, passando competências e soberania para aquela organização jurídica e politicamente indefinida (ou mal definida).
    Ora a passagem de uma realidade a outra exige uma transição. É nisso que estamos e ninguém sabe como o fazer, nem se entendem. E pensar que há filantropia nas relações internacionais é uma ingenuidade que mata.
   Acontece que, aparentemente, o sistema financeiro internacional se descontrolou. Julgo que é apenas “aparentemente”, dado que os objectivos prendem-se com ganância; concentração (ainda maior), de riqueza em poucas mãos; guerra entre o dólar e o euro; aumento de poder para forçar a decisões políticas e preparação psicológica da opinião pública para aceitar imposições desmedidas.
    A nível da UE, podemos estar a assistir a um “esticar de corda”de modo a que se crie uma verdadeira crise donde só se “poderia” sair com o avançar do federalismo, a começar na integração das economias, obviamente orientado pelo eixo franco-alemão. Quando os franceses já não conseguirem aguentar a Srª Merkel, irão voltar-se para os ingleses. Pode dar guerra!
    Se isto não for travado, Portugal desaparece…
     Numa palavra: nas últimas duas décadas assistimos ao Estado Português a desconstruir-se a si próprio e a subverter (e a deixar subverter), a Nação dos portugueses. Uma das datas chaves deste último processo foi a liberalização das televisões.
     Por falar em televisões, envolvendo tudo o que acabámos de dizer, existe a “ditadura” da comunicação social, o dito “quarto poder” de que se auto arrogam, mas que ninguém elegeu e os políticos tardam em regulamentar com critério. O verdadeiro dilúvio noticioso (e programação “Pimba”), cuja liberdade de informar corre paredes meias com a liberdade de manipular, provoca na maioria das pessoas a impossibilidade de estar informado…Mas consegue influenciar através de numerosas mensagens subliminares, que constantemente são emitidas.
    Destrinçar entre o Bem e o Mal numa sociedade mediática onde impera o relativismo moral, é apenas alcançável por muito poucos. Ora o sistema democrático não está baseado na qualidade, mas sim na quantidade, dos votos…
    Em síntese, a “aparência” do Poder está atomizado e disperso, resultando que nada de útil se produz para os povos (que supostamente deviam servir), sendo que a única capacidade real existente é a de cobrar impostos – enquanto a polícia funcionar e a população não se revoltar.
    Mas é uma situação muito conveniente para quem, com poder “de facto”, conseguir manobrar e mandar por “debaixo da mesa”.

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