quinta-feira, novembro 10, 2011

No reino de Obama.

1/ "O condado de Jefferson, no estado do Alabama, decidiu ontem declarar a bancarrota. Os analistas temem agora que a falência de Jefferson seja apenas a primeira de uma longa lista de bancarrotas das autarquias norte-americanas, muitas das quais se encontram com sérios problemas financeiros devido à subida dos juros das suas obrigações e às restrições à concessão de crédito por parte da banca, gerada pela crise financeira. O mercado de dívida municipal norte-americano, avaliado em 2,71 biliões de euros, representa um perigo para os mercados duas vezes maior do que o da Itália, a qual tem por seu turno uma dívida cinco vezes superior à da Grécia, um país cuja ameaça de falência só por si tem gerado grandes receios entre os investidores mundiais (mais aqui)"

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4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O grande equívoco foi que o valor do activo imóvel, ao contrário de qualquer outro activo, só conhecia uma rota: a ascendente. Foi essa a base de concessão de empréstimos, em Portugal e em (quase) todo o mundo ocidentalizado.

Voltando atrás na história, o termo "imóvel" (com a mesma etimologia no idioma francês, alemão e espanhol) reforça esta noção de ser o mais seguro de todos os activos - o cliente não paga mas ficamos-lhe com a casa, que não foge, que está imóvel.

A esta noção junta-se o poder real que conferia a posse de bens imóveis. Na Inglaterra do sec. XIX o poder de voto era função, e estava restrito apenas, das propriedades que determinado indivíduo possuía. Reformas eliminaram tal privilégio, mas o cariz fundamentalmente aristocrático da propriedade ficou. Ainda hoje temos esse romantismo de estar a "pagar algo que é meu".

A grande massificação do "real estate" aconteceu nos EUA, no rescaldo da Grande Depressão dos anos 30, e como pilar fundamental do New Deal de Franklin Roosevelt (sim, também eles tiveram que ter um "memorando"!).

Foi a primeira onda de democratização do imóvel, parte integrante do sonho americano, como forma de combate a tensões sociais profundas. É aqui que nascem as agências governamentais Fannie Mae e Freddie Mac. Com essa massificação surge a conceptualização do respectivo financiamento, na forma daquele que hoje tão bem conhecemos como “crédito à habitação” - que não existia anteriormente.

Nestas últimas década a situação é agravada pela ideia do crédito à habitação como produto-ãncora. Os bancos, concedendo créditos à habitação a, e mesmo abaixo do, preço de custo, tinha os seus olhos postos na relação, bem mais lucrativa, que tal concessão de crédito assegurava.

Com o advento da crise financeira, económica e soberana, bancos constatam algo que se vinha a torna evidente: financiam-se a custos bem mais elevados que o juro que cobram, e cobrarão, nesses créditos outrora concedidos. Acresce que, os activos que servem de garantia a esses créditos, valem hoje menos que então, a ponto de se temer que não cheguem para pagar os créditos em dívida ("negative equity" na anglofonia). Por isso bancos reduzem a execução de hipotecas ao mínimo: a venda da casa não chegaria para saldar a dívida, logo resultaria na assunção de perdas, nada convenientes no momento frágil que atravessamos.

Finalmente, os novos agregados que vierem para o mercado em busca de um tecto, deparar-se-ão com a torneira de crédito bem mais restritiva. Ou estão em posse de economias substanciais, que lhe permitam pagar 20% a 30% da compra, ou arrendarão como a única alternativa.

Isto vai fechar, e bem fechada, a torneira do crédito para aquisição de casa própria. Esta propriedade vai voltar, de certa forma, a constituir o privilégio quase aristocrata de outrora. O mercado de arrendamento vai abrir, não sem uma correcção de preços, mas vai abrir. Isto quer dizer que o mercado de arrendamento vai abrir. Não abrirá, provavelmente, aos preços que ainda se praticam hoje, mas abrirá. Portanto qualquer investimento para arrendamento terá de ter isso em conta.

quinta-feira, novembro 10, 2011  
Anonymous ABV said...

As casas são um bem de consumo de primeira necessidade, que com os anos fica ultrapassado, velho, podre, caduco, a única coisa que eventualmente muda para melhor é a localização
As casas são um bem de consumo de primeira necessidade, que com os anos fica ultrapassado, velho, podre, caduco, a única coisa que eventualmente muda para melhor é a localização

quinta-feira, novembro 10, 2011  
Anonymous Gonçalo said...

As casas não são um bem de consumo, são um bem de investimento. Qualquer bem de consumo só desvaloriza, os imóveis, como qualquer outro bem de investimento, desvalorizam e/ou valorizam. Mais: se forem bem geridos, valorizam mais que os outros.

O investimento em imóveis deve ser olhado no longo prazo, se bem que há oportunidades e investimentos para prazos mais curtos. Mas investimentos do tipo core, como é o buy-to-let, esses serão de longo prazo.

Numa conjuntura de desvalorização dos activos e expectativa de descida das rendas (caso se liberalize o mercado), investir em buy-to-let deve ser feito com muita atenção e rigor, e com yields elevadas.

quinta-feira, novembro 10, 2011  
Anonymous Anónimo said...

Já se questionou alguma vez acerca do valor da sua opinião? Se está indignado com o que se passa à sua volta, qual é a melhor forma de reagir? Sabe que há corrupção no nosso país. Que ninguém é responsabilizado. Que a Justiça não é para todos. Que a liderança é incompetente. Que o nosso país foi conduzido para um abismo. E no meio disto tudo, só é chamado a colocar uma cruz num papel de X em X anos. O que acha da sua intervenção democrática? …Há pelo menos um cidadão português que entendeu que podia fazer muito mais pelo país do que apenas colocar cruzes em papeis. Escreveu o livro “Eles são todos iguais!... E eu? Sou diferente?”. Descubra-o em 100editora.net

quinta-feira, novembro 10, 2011  

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