Poor's Portugal
"O discurso é estafado. A única maneira de Portugal de sair da crise é exportar mais, apregoam governantes, políticos, empresários e quejandos. O problema é: exportar o quê? Durante duas décadas o país apostou forte no seu processo de desindustrialização. Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro, teceu loas às virtualidades da economia de serviços.
Pelo caminho ficaram a agricultura, as pescas e as indústria pesadas. Ingenuamente ter-se-á pensado que a União Europeia funcionaria numa lógica de complementaridade - uns produziriam aquilo, outros aqueloutro e outros ainda receberiam para não produzir. Portugal entrou nesta última categoria.
Atraída pela opulência fácil que a mesma proporcionava. Os que se seguiram a Cavaco Silva na cadeira do poder adoptaram a mesma táctica, requintada com modelos que garantiam o sucesso. Portugal devia copiar a Irlanda, baptizada como o "tigre celta". Só que a crise também cortou as unhas ao "tigre", o qual, ficou então a saber-se, era de papel.
É por isso que o discurso sobre as exportações é irritante. E volátil como a gelatina em termos de conteúdo. Invocar os pastéis de nata como exemplo acentua o ridículo da coisa. Para exportar, o país precisa de ter o que exportar e para tal precisa de ter indústrias que produzam.
Que não tem, nem em número, nem em dimensão. Nesta medida, necessita de mais e melhor iniciativa privada. Ou seja, Portugal precisa de investir e não de empobrecer.
E agora diga lá o que é que as agências de "rating" têm a ver a isto? "
Celso Filipe
Pelo caminho ficaram a agricultura, as pescas e as indústria pesadas. Ingenuamente ter-se-á pensado que a União Europeia funcionaria numa lógica de complementaridade - uns produziriam aquilo, outros aqueloutro e outros ainda receberiam para não produzir. Portugal entrou nesta última categoria.
Atraída pela opulência fácil que a mesma proporcionava. Os que se seguiram a Cavaco Silva na cadeira do poder adoptaram a mesma táctica, requintada com modelos que garantiam o sucesso. Portugal devia copiar a Irlanda, baptizada como o "tigre celta". Só que a crise também cortou as unhas ao "tigre", o qual, ficou então a saber-se, era de papel.
É por isso que o discurso sobre as exportações é irritante. E volátil como a gelatina em termos de conteúdo. Invocar os pastéis de nata como exemplo acentua o ridículo da coisa. Para exportar, o país precisa de ter o que exportar e para tal precisa de ter indústrias que produzam.
Que não tem, nem em número, nem em dimensão. Nesta medida, necessita de mais e melhor iniciativa privada. Ou seja, Portugal precisa de investir e não de empobrecer.
E agora diga lá o que é que as agências de "rating" têm a ver a isto? "
Celso Filipe
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