Os chimpanzés e as agências de ‘rating’
"Burton Malkiel é um conceituado economista e professor de finanças na Universidade de Princeton. Na sua obra mais conhecida, ‘A Random Walk Down Wall Street’, Malkiel expôs uma tese controversa: se dermos a um chimpanzé a possibilidade de lançar uns dardos às páginas com as cotações no The Wall Street Journal, os dardos marcariam um conjunto de títulos que, em média, poderia ter um comportamento semelhante a uma carteira escolhida por um investidor ou por um gestor de fundos.
Esta tese sobre a eficiência dos mercados foi considerada uma afronta pelos gestores de carteiras que ganhavam a peso de ouro para fazer o ‘stock picking' de acções, supostamente de uma forma menos aleatória do que um chimpanzé.
Esta polémica vem a propósito de um estudo recente feito pela Autoridade Europeia dos Mercados Valores Mobiliários (ESMA), que em Portugal é representada pela CMVM, e que vem questionar, pela evidência dos dados, o papel ou a utilidade das agências de ‘rating'.
Segundo este estudo, de 2007 até 2011, 77% das situações de ‘default' de empresas europeias ocorreram em títulos que estavam avaliados pelas três principais agências com notações acima do ‘rating' ‘CCC' - patamar estabelecido pelas agências de ‘rating' para identificar os emitentes com elevado risco de incumprimento. Esta realidade é também válida ao nível da classificação de risco dada aos países. De acordo com a ESMA, entre 2000 e Julho de 2007 ocorreram 52 ‘defaults' soberanos em todo o mundo e apenas 13% dos episódios deram-se em títulos que apresentavam uma classificação de ‘CCC' ou inferior.
Exemplos não faltam. Veja-se o caso da Enron ou da Worldcom cujos erros de avaliação por parte das agências traduziram-se em perdas acumuladas superiores a 175 mil milhões de euros a investidores de todo o mundo. Ou veja-se o caso da Islândia ou ainda da Lehman Brothers que tinha um ‘rating' de ‘A+' 180 dias antes da sua falência.
Depois do falhanço rotundo em classificar o nível do risco dos produtos associados ao ‘subprime', que convém nunca esquecer estiveram na origem da crise que ainda hoje estamos a viver, estes números dizem muito sobre a qualidade e a utilidade do trabalho que é desenvolvido pela Fitch, Moody's e Standard & Poor's.
É caso para perguntar se um chimpanzé, que se contenta com um cacho de banana e nem sequer nos cobra um ‘fee', não faria melhor."
Pedro Sousa Carvalho
Esta tese sobre a eficiência dos mercados foi considerada uma afronta pelos gestores de carteiras que ganhavam a peso de ouro para fazer o ‘stock picking' de acções, supostamente de uma forma menos aleatória do que um chimpanzé.
Esta polémica vem a propósito de um estudo recente feito pela Autoridade Europeia dos Mercados Valores Mobiliários (ESMA), que em Portugal é representada pela CMVM, e que vem questionar, pela evidência dos dados, o papel ou a utilidade das agências de ‘rating'.
Segundo este estudo, de 2007 até 2011, 77% das situações de ‘default' de empresas europeias ocorreram em títulos que estavam avaliados pelas três principais agências com notações acima do ‘rating' ‘CCC' - patamar estabelecido pelas agências de ‘rating' para identificar os emitentes com elevado risco de incumprimento. Esta realidade é também válida ao nível da classificação de risco dada aos países. De acordo com a ESMA, entre 2000 e Julho de 2007 ocorreram 52 ‘defaults' soberanos em todo o mundo e apenas 13% dos episódios deram-se em títulos que apresentavam uma classificação de ‘CCC' ou inferior.
Exemplos não faltam. Veja-se o caso da Enron ou da Worldcom cujos erros de avaliação por parte das agências traduziram-se em perdas acumuladas superiores a 175 mil milhões de euros a investidores de todo o mundo. Ou veja-se o caso da Islândia ou ainda da Lehman Brothers que tinha um ‘rating' de ‘A+' 180 dias antes da sua falência.
Depois do falhanço rotundo em classificar o nível do risco dos produtos associados ao ‘subprime', que convém nunca esquecer estiveram na origem da crise que ainda hoje estamos a viver, estes números dizem muito sobre a qualidade e a utilidade do trabalho que é desenvolvido pela Fitch, Moody's e Standard & Poor's.
É caso para perguntar se um chimpanzé, que se contenta com um cacho de banana e nem sequer nos cobra um ‘fee', não faria melhor."
Pedro Sousa Carvalho
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