Ordem para roubar
Ordem para roubar
A recente comunicação de Passos Coelho ao País demorou vinte minutos, mas em apenas vinte segundos o primeiro-ministro poderia ter dito o mesmo: fica tudo igual no público e os privados podem piorar o nível de vida dos seus empregados. Ou seja, o governo continua a roubar duas pensões a reformados e pensionistas e aproximadamente dois salários aos funcionários públicos. E ainda autorizará os patrões a diminuírem cerca de um vencimento aos seus assalariados.
Reformados e pensionistas irão viver tão mal em 2013 como no corrente ano. Os cortes irão manter-se e o governo demonstra assim que despreza este grupo. Os aposentados são o elo mais fraco. Como não fazem greves nem se manifestam, o poder político abandona-os. Está visto que este país não é para velhos.
Os funcionários públicos irão também ficar tão mal como em 2012. Irá ser-lhes reposto um dos salários que lhes havia sido cortado. Mas ao retirar sete por cento aos restantes treze ordenados, o governo extorque praticamente um salário. O governo devolve com uma mão e volta a roubar com a outra. Parece gozo!
Já quanto aos privados, a diminuição agora anunciada das contribuições para a Segurança Social por parte das empresas seria uma boa notícia, se esta ocorresse à custa do estado. Mas a forma de que esse abatimento se reveste, compensada com uma redução de remuneração aos trabalhadores em sete por cento, é sinistra. Além de que o efeito da medida será insignificante. Na maioria das empresas portuguesas, médias, pequenas ou micro empresas, os patrões não terão coragem de ver retirados sete por cento aos salários de miséria dos seus trabalhadores, assumindo eles essa despesa. Por isso, tudo irá ficar como em 2012, para pior. As contribuições das empresas para a Segurança Social iriam diminuir 5,75%, mas como aumentam sete por cento do outro lado, o saldo final será negativo em 1,25%. Valor que o estado irá arrecadar a mais, numa manobra sub-reptícia de agravamento da carga fiscal.
O governo não só rouba os trabalhadores do estado, como autoriza agora os patrões a fazerem o mesmo. Mas, felizmente, os privados são, pelo menos a maioria, mais sérios.
In CM: Paulo Morais, Professor Universitário
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