quinta-feira, abril 15, 2004

Cerrar Fileiras



Já escrevi atrás, mas reforço o tópico: A Direita portuguesa está a cerrar fileiras em relação à política americana para este conflito (que não passa de uma invasão seguida de ocupação, para aí colocar um regime fantoche liderado por um iraquiano no exílio que é capaz de vender os valores pátrios, em troca de um lugar na nova administração colonial iraquiana que se anuncia):

A Direita portuguesa, nomeadamente os chamados opinion makers dos jornais de referência estão fervorosamente com a política americana nesta invasão, porque por um lado vê na política desta Administração americana o "sol e o paraíso na Terra", um futuro radioso para o Planeta, e porque é uma forma de afrontar os princípios da esquerda pacifista. Os argumentos são múltiplos:

1 - Devemos estar sempre ao lado dos EUA porque serão eles quem nos defenderão perante uma agressão externa. Pondo de parte que deveria ser Portugal no âmbito da NATO e da UE que se devia poder defender, ainda que passado por um reforço significativo na Defesa, parece que são só os EUA que são nossos aliados, juntamente com a Inglaterra. A França, ou a Alemanha não são igualmente nossos aliados, ou passaram agora a ser inimigos?

2 - Que devemos estar ao lado dos EUA porque eles sofreram um ataque abominável em 11 de Setembro de 2001: Por isso, devemos agora passar carta branca para a sua política expansionista e conquistadora, contribuindo de facto para um futuro mais instável? A retaliação americana perante os ataques de que foram alvo não se ficaram pelo Afeganistão (apoiados pela comunidade internacional) e que deram ao regime de facto do Afeganistão, os talibãs, a hipótese de sobreviver se entregasse Bin Laddin e a Al Quaedda? O que tem o Iraque a ver com o 11 de Setembro?

3 - Perante as manifestações contra a guerra injustificável que grassam por todo o mundo, desde o extremo oriente, américas e Europa, e perante uma opinião pública esmagadoramente contra esta invasão, dizem que se trata de falsos pacifistas, que nunca abriram a boca após os atentados dos extremistas árabes: Desde quando ouviram ou viram um país árabe a atacar militarmente um país ocidental, com a finalidade de aí impor os seus modos e estilos de vida e substituir o poder instalado?

4 - Falam ainda do caso do Kosovo: Ai estava-se numa situação de emergência humanitária, e era urgente (como em Timor) que se interviesse para poupar vidas. No entanto essa mesma direita hipócrita esquece que os EUA e outros armaram e estimularam o terrorismo kosovar através do UCK, que também matou e perseguiu sérvios no Kosovo, o que ainda hoje acontece, sob a passividade das forças internacionais no terreno. Não falam disso, pois não? Finalmente argumentam que estar contra esta política de Bush e sua camarilha militar, é estar contra os EUA, e portanto estar a comprometer o futuro do ocidente (colocando tudo isto num plano de guerra de culturas e de civilizações - a civilização deve acabar e exterminar a barbárie - os outros, etc.).

Nada mais falso: estar contra a política da Administração Bush não significa necessariamente ser anti-americano primário, ou anti-ocidentalista, cristão e democrata, tal como ser contra a política de Durão Barroso não significa ser anti-português ou anti-patriota (coisa de que aliás o nosso PM já terá acusado a oposição, ao referir que todos deveríamos estar unidos à política externa portuguesa, na linha, aliás do mais puro totalitarismo ditatorial, salazarista, ou maoista, para que se recorde a formação "democrática" deste PM que nos governa). Os editoriais dos opinion makers da nossa praça são a prova disso.

O revisionismo histórico no seu esplendor, na linha estalinista ou neo-nazi.

Em qualquer faculdade uma tese que se documentasse em falsidades, ou coisas inventadas receberia um 0 (zero), caso os professores o descobrissem. Neste caso, não são precisos professores universitários para o avaliar.

Basta a opinião pública, que não é burra nem ignorante, e que sabe bem distinguir o gato da lebre.

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