Reféns ao acaso
"Três japoneses foram feitos reféns e um vídeo foi distribuído mostrando-os aterrorizados e ameaçados de serem queimados vivos se o Japão não retirasse as suas tropas do Iraque até hoje. Clamores empolgados de Alá é grande ouviam-se como som de fundo.
O mais espantoso deste rapto é que das vítimas, duas delas são activistas anti-guerra e anti-nuclear e a terceira está ligada a um jornal de esquerda. Admitindo que não foram os próprios a oferecerem-se como reféns, o que parece pouco crível, tudo indica que os raptores já não conseguem distinguir amigos de inimigos.
Se se tratou, de facto, de um rapto, foi um acto cobarde, porque perpetrado contra gente desarmada e inofensiva, estúpido, porque realizado sobre gente que certamente estaria no Iraque para recolher argumentos contra a actuação da coligação e não para ser vítima dos que se opõem à coligação, bárbaro, porque o video deu uma imagem de selvajaria perante a opinião pública mundial, obviamente contraproducente para a causa dos raptores, se é que estes têm alguma causa.
Entretanto os raptores anunciaram uma dilação de 24 horas no prazo da execução e, à hora em que escrevo estas linhas, há informações contraditórias sobre a situação dos reféns e sobre uma eventual libertação, a exemplo de diversos civis estrangeiros, raptados ao acaso, e que têm sido libertos.
Espera-se que os raptores aproveitem a moratória, que deram, para entretanto ganharem algum discernimento. "
Publicado por Joana em abril 11, 2004
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