Jornalistas portugueses.
A maioria dos jornalistas portugueses são simpatizantes da causa palestiniana e hostis a Israel. Dir-se-á que são hostis a Sharon e não a Israel (como se dirá que são hostis a Bush e não aos EUA), mas, na prática, é uma distinção pouco operativa e um pouco desculpatória. A grande imprensa europeia também é de um modo geral pró-palestiniana, só que tem uma tradição mais consolidada de isenção. E há também alguma imprensa pró-israelita que permite o confronto e a diferença. Talvez por isso se perceba que nenhum jornal português traria na capa e com o mesmo destaque do "Daily Telegraph" as fotos da mãe grávida e das quatro meninas, entre os dois e onze anos, que foram mortas em Gaza, à queima-roupa, por dois terroristas palestinianos esta semana.
São os mortos israelitas "melhores" do que os palestinianos? Obviamente que não: todos os civis inocentes mortos são exactamente iguais e as crianças palestinianas merecem a mesma repulsa e dor. Mas, a não ser numa amálgama já ideologicamente motivada, não se pode colocar estas mortes no mesmo prato político. Não resultaram de um engano, de um míssil com um alvo militar ou paramilitar, que apanhou inocentes, não foi um "dano colateral", foi um alvo deliberado e intencional. A assinatura dos assassinatos também é nova - os terroristas representam uma coligação que vai da Fatah ao Hamas.
A verdade é que na economia da indignação, a mais repelente das economias, a morte destes inocentes, "objectivamente" culpados por serem colonos israelitas em Gaza, vale pouco. Vale menos do que as dos dirigentes do Hamas, que suscitaram um voto na Assembleia da República.
JOSÉ PACHECO PEREIRA
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