Ali Alatas em Portugal
Timor-Leste e a nova aproximação à Indonésia
Depois de Ali Alatas se ter deslocado há uns meses a Timor, onde foi muito bem recebido pelo poder timorense, nomeadamente pelo Presidente Xanana Gusmão e pelo líder da FRETILIN e Primeiro Ministro Mário Alkatiry, depois de recentemente Xanana, como Presidente do novo país se ter deslocado a Bali e se ter encontrado muito cordialmente com o ex-ministro da Defesa indonésio, o General Wiranto, o que causou algumas críticas veladas por parte de Ramos Horta, eis que Alatas vem a Portugal participar numa conferência, onde esteve igualmente presente o mesmo Ramos Horta!
O antigo ministro da diplomacia indonésia, dos tempos de Suharto, velha raposa, qual Tarek Aziz em relação ao regime de Saddam, encontrou agora a forma de concluir a quadratura do círculo, criticando os EUA e a sua política actual de combate ao "terrorismo", não nos seus objectivos declarados, mas na sua forma.
O que deve ter desagradado a Ramos Horta, já que desde o início da crise iraquiana, Ramos Horta em artigos de opinião se colocou desde cedo do lado dos acríticos apoiantes da política externa americana para o mundo, concebida pelos neo-conservadores da Casa Branca.
Alatas em Portugal, Xanana, presidente, a abraçar Wiranto, candidato à presidência da Indonésia, Alatas em Timor...
Não há dúvidas de que a velha "Real Politk" não está morta.
Um pequeno país como Timor-Leste, dependente em quase tudo, não exportador de nada, que não vê chegarem as receitas do petróleo que tarda em ser explorado, prefere jogar em dois tabuleiros.
Com Portugal no coração, embora distante e pequeno, mas entalado entre duas potências regionais: Austrália e Indonésia.
E para evitar que Timor-Leste caia irreparavelmente na órbita australiana, tornando-se numa espécie de protectorado ou país satélite dos interesses australianos na zona (e o investimento na Defesa que a Austrália está a fazer demonstra que este país pretende de facto disputar um espaço no sudeste asiático), prefere agora encostar-se um pouco mais à nova Indonésia pós-Suharto, para que assim possa assegurar um pouco da sua independência.
Na mesma conferência esteve também Ana Gomes, antiga negociadora na ONU, integrada na equipa de António Monteiro, dos termos do referendo de 1999 e antiga embaixadora de Portugal em Jakarta.
Estará aqui uma mãozinha de Portugal, para ajudar Timor-Leste a assegurar um pouco da sua independência, tanto quanto é possível assegurá-la?
Portugal, pequeno país sem meios, detem o poder de uma política externa de "filigrana", e como o havia feito em 1998 na Guiné com os acontecimentos que levaram posteriormente à queda de Nino Vieira, retirando a Guiné-Bissau da crescente influência francesa sobre a ex-colónia, não há dúvida de que para tratar de assuntos pequenos, Portugal ainda mexe os cordelinhos.
1 Comments:
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