quarta-feira, junho 09, 2004

O futuro porta-aviões anglo-francês

A propósito do projecto de construção conjunta de um porta-aviões entre a França e a Inglaterra, com propulsão convencional, tenho uma opinião um pouco céptica, já que é um projecto longo no tempo e que exige muita cooperação entre os estados nas definições técnicas que agradem a ambos, para além dos elevados custos associados.

Um porta-aviões avulso tem uma economia de escala que não se compara com os custos proporcionalmente mais baixos dos porta-aviões da Classe Nimitz dos EUA, já que que estes têm vindo a ser construídos práticamente em série, beneficiando os EUA de um projecto que práticamente já entrou em linha de montagem, estando para breve o lançamento à água do próximo, que será o USS Ronald Reagan.

Julgo que uma verdadeira Defesa Europeia sem a Inglaterra não faz sentido, e não foi por o Presidente Chirac o dizer.

E que hajam acordos de cooperação militar entre os estados parece-me saudável.

No entanto a posição da Inglaterra em relação à integração europeia sempre foi dúbia, e até agora Blair foi o mais europeista dos governantes britânicos.

Mas chegará a vez dele saír do governo, correndo-se o risco de para o lugar dele ir um "euro-céptico" que não concorde em alinhar o seu país com grandes projectos militares conjuntos com outros países europeus, preferindo aprofundar a aliança estratégica com os EUA.

Claro que da parte da Casa Branca também as suas atitudes em relação à construção europeia pode mudar e os EUA passarem a estar mais próximos da Europa e da sua integração, como no tempo de Bill Clinton.

Mas com a rapidez com que se assiste à mudanças nas correlações entre os estados, e com uma aproximação gradual da Rússia ao chamado eixo-franco-alemão, isso pode mudar os dados do jogo.

A "bola" passa, nesse caso, para o lado de Londres e da sua vontade ou não em se empenhar sem estados de alma num projecto exequível da constituição de uma verdadeira política de defesa comum.

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