sexta-feira, julho 09, 2004

Perigo no Estádio da Luz.

"Tive o privilégio de assistir a dois dos jogos de Lisboa do excelente campeonato Europeu de Futebol: o Portugal-Rússia, no Estádio da Luz, e o França-Grécia, no Alvalade XXI. Ainda não tinha visitado nenhum dos novos estádios do Euro e achei que o campeonato, pelo ambiente de festa e pela qualidade dos intervenientes, era a oportunidade perfeita para fazer a minha estreia em campo. O que comecei por ver não defraudou as minhas expectativas: dois magníficos estádios, com condições geralmente exemplares, e dois jogos infelizmente não tão bons quanto isso, apesar da vitória lusa que permitiu catapultar a nossa selecção para a excelente carreira que veio a fazer. Contudo, para lá das óbvias diferenças estéticas entre os dois estádios, há um aspecto em particular que os distingue radicalmente: a forma como se processa o trânsito dos adeptos à entrada e à saída dos recintos.

Enquanto o Alvalade XXI enche e escoa com uma rapidez aceitável, com o acesso directo do público ao nível do solo e zonas amplas que facilitam a sua mobilidade, na Luz é tudo muito mais lento, complexo e perigoso. Passo a explicar: o estádio é rodeado em todo o seu perímetro por uma plataforma alta, com cerca de cinco metros de largo, tipo passeio, à qual se acede por lances de escadas espalhados de forma simétrica em redor do recinto, mas em todo o caso em número muito escasso para as 60 e tal mil pessoas que a Luz recebe em dias de jogo grande. O que sucede é que é precisamente nessa plataforma que se concentra a maioria das portas de entrada no estádio, logo atraindo àquele lugar apertado a maior parte dos milhares de adeptos. No dia do Portugal-Rússia, à saída do jogo (quando o público todo converge ao mesmo tempo num único sentido), fui um dos que seguiam na plataforma apertados uns contra os outros, em marcha lenta, na direcção das malditas escadas, mas acima de tudo sem absolutamente nenhuma escapatória possível em caso de pânico ou acidente (as alternativas são esperar no interior do estádio ou saltar da plataforma, o que não se recomenda dado o alto grau de probabilidade de se sofrer fracturas múltiplas). Quando finalmente desci as escadas e cheguei ao solo são e salvo, olhei para cima e o cenário era claustrofóbico: milhares de pessoas em direcções diferentes procuravam desesperadas o caminho para a salvação.

Num jantar pós-jogo com amigos benfiquistas, disseram-me que o que eu tinha visto não era nada comparado aos jogos do Benfica para o campeonato nacional, quando os acessos ao estádio eram não os quatro actuais, mas apenas dois. Não soube de nenhum caso grave que se tivesse passado ali até agora, mas nestas coisas da segurança aprendi muito cedo que quem brinca com o fogo acaba mais cedo ou mais tarde por queimar-se. Como benfiquista, daqueles que sofrem bem mais pelo seu clube do que pela selecção, desagradou-me o facto de não ter sido bem recebido em casa. Ao Governo e demais autoridades competentes, só posso exigir que da próxima vez se preocupem menos com os "holligans" e mais com aquilo que está mesmo debaixo dos nossos (vossos) olhos."

João Oliveira

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Também não gostei das várias vezes que lá fui. O Benfica merecia melhor. Luca

sábado, julho 10, 2004  
Anonymous Anónimo said...

A cosntrução do estádio foi uma anedota seguida. Até há sítios que os espectadores não podem estar de pé. O que é feito à pressa...

Lopes

sábado, julho 10, 2004  
Anonymous Anónimo said...

Não é só o estádio. A dupla directora "portista" também não me inspira confiança. Vão acabar com o glorioso.

Manel Lopes

segunda-feira, julho 12, 2004  

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