Perigo! Praga de Abutres e Outras Espécies.
"O país continua doente e está perigoso. Anda por aí um bando de abutres que se apresentam como jornalistas e não só, gente para quem a vida e a reputação dos outros são bocados de carreira, nada mais. Capazes de se apresentarem como "amigos" e esconderem a carteira profissional quando lhes dá jeito, ignoram até o princípio básico de identificação obrigatória. Nem perante a desgraça da doença e dentro de um hospital psiquiátrico deixam de filar as suas presas. O que se passou recentemente em torno de um ex-Big Brother em desespero é exemplar do que são capazes.
Isto para já não falar dos outros, que gravam as conversas às escondidas e não hesitam em usar as respectivas gravações para virem mais tarde, em "ilegítima" defesa perante um desmentido, ameaçar as fontes. O caso Carmo Peralta, que o "Expresso" recorda esta semana, vem demonstrá-lo. Na transcrição da gravação, já então não autorizada, de uma conversa nem sequer faltou a insidiosa nota do jornalista "seguiu-se um momento em que (a fonte)... teve um desabafo que, para já, não vamos reproduzir". Ninguém o condenou na ocasião?! Parece que não. Andávamos todos distraídos. Pelo que me toca: "mea culpa".
Argumentará o jornalista que gente séria não mente e com bandidos a prática se justifica. Poderá acrescentar a existência de razões excepcionais e de segurança previstas em todos os códigos deontológicos. Assuma e desvende esses motivos, e justifique a excepção para cada um dos visados. Quem sabe a explicação torne a prática aceitável. O que não pode é mistificar o "crime" com o desejo de tomar apontamentos e com isso assegurar a cobertura sindical. Não somos uma máfia corporativa. As regras de camaradagem não podem confundir-se com as da abutragem. Publicada a matéria, guardam-se gravações! Para quê? Para um inócuo livrinho de memórias ou para um "best seller" sobre o caso? A dúvida é legítima.
A este circo, em que vivemos, junta-se ainda uma genuína banditagem que se caracteriza por ter tomado de assalto os lugares tradicionalmente exclusivos de gente séria. Avisa um ex-director da Polícia Judiciária que ela tem capacidade de agir de forma "manifestamente organizada" assentando "quer em quadrantes políticos quer económicos e em franjas da mais diversa criminalidade". Pelos vistos têm tal poder e desplante, deixa o dito director entender, que tendo sido incapaz de os mandar prender acabou por soçobrar às suas mãos. Sem fama e sem proveito!
Porque da fama de encobridor de "lobbies", em tudo idênticos aos denunciados naquele estertor final, o infeliz senhor não se livra. Primeiro, foi a demissão de Maria José Morgado a fazer pairar sobre ele a suspeição de pretender travar uma investigação, na área fiscal, prevenindo danos colaterais sobre o próprio Governo. A suspeita valeu uma comissão de inquérito, onde o próprio meteu os pés pelas mãos. Dessa vez faltaram-lhe as gravações para provar a falsidade da acusação de se ter referido, perante terceiros, a Maria José como "persona non grata" da ministra.
Como se isto não bastasse, posto em marcha o inesperado caso Apito Dourado (onde os próprios serviços não lhe deram conta da operação!), apressou-se o senhor ex-director a desterrar os investigadores, enviando-os um para Cabo Verde e outro para o cabo do mundo. Isto, à primeira oportunidade.
Para quem queria ficar na história como "antilobbista", chama-se a isto... azar. Pretende um homem fazer face aos interesses e acaba por cair em desgraça, só porque teve uns desabafos de amigo com alguém capaz de transformar meros "palpites" em manchetes no "Correio da Manhã"! O crime de Adelino Salvado não foi o de falar com o "CM" que, à socapa, lhe ia gravando as conversas de amigo, valorizando as estrofes de escárnio e maldizer. O crime foi o de nunca ter tido tempo de ler o jornal. Foi não ter reparado nas suas conjecturas sem conhecimento de causa, "sem factos" nem "provas", a fazerem manchete!
Aliás, o procurador caiu no mesmo erro! Nunca reparou nos jornais e na identificação de Sara Pina como a sua porta-voz! Para ele, aquela senhora com a exclusiva missão de - segundo o próprio - "passar o dia a falar com jornalistas" estava mandatada para falar do que lhe aprouvesse com os ditos colegas, sem nunca o comprometer! Pergunto eu, então por que lhe pagava o salário? Para nos distrair com observações pessoais e investigações por conta própria? Por que não leu os jornais, sr. Procurador?!
Mas, voltando aos abutres. O bando não age sozinho. É parte de um circo mediático onde todos somos cúmplices e onde pululam outro tipo de vampiros, também ansiosos por converter o sangue das vítimas em picos de audiência. São "entertainers" e congéneres. Há também uma outra espécie, híbrida, a dos jornalistas "entertainers", que conseguem fazer o pleno dos dois géneros! Contam para isso com a colaboração dos estagiários-de-abutre, os tais que nem nos hospitais psiquiátricos deixam de filar as suas presas na esperança de assegurar um suicidiozinho ou, no mínimo, uma crise de esquizofrenia "em exclusivo". Se houver um "nu", mesmo de um pobre em estado de total desespero ou adiantada loucura, melhor. Sempre serve para apimentar a coisa...
Azar da presa se dispuser de todos os critérios de notoriedade necessários para vender mais umas resmas de papel, ou alimentar mais umas horas de vazio televisivo. Servem meses de convivência televisionada com meia dúzia de iguais numa casa habitada por uma supertia. Azar mesmo é ter lá na redacção uma foto dos dois abraçados a posar para a objectiva a pedir publicação. Teremos o exemplo acabado do que o bando da abutragem é capaz de fazer, sem hesitar um instante, ao filar-lhe os dentes e apressar a morte (real ou cívica, pouco importa!), desde que a coisa venda q.b... Só num jornal, a presa já serviu, mesmo em versão decadente, para fazer mais cinco manchetes.
Não sei o que os leitores que assistiram empolgados à criação do personagem, à sua posterior exploração mediática até à náusea (desde a aventura dos negócios da restauração, à exploração da sua vida familiar e afectiva, etc.), e que agora assistem ao relato circunstancial da queda, poderão concluir da triste história. Talvez, depois de lhe invejarem o sucesso, sejam levados a pensar que "o dinheiro não trás a felicidade".
Provavelmente não colocarão sequer a questão de saber para que serviu a desgraça daquele homem e dos seus companheiros, já caídos no esquecimento. Que terá acontecido à miúda cujos pais, em desespero, vieram a Lisboa retirá-la de um concurso televisivo para lhe salvar "a inocência" e preservar "a decência", e que os despudorados senhores da TV obrigaram a uma conversa em directo, com a filha, à hora dos telejornais? Lembram-se?
O sonho e o sofrimento de gente como esta salvaram a TVI da falência, aumentaram as audiências da SIC, alimentaram a fortuna do senhor da Endemol que, agora, tem o descaro de lavar tranquilamente as mãos para afirmar que, enquanto duraram as várias versões do concurso, os concorrentes dispunham de adequado apoio psicológico. Bela hipocrisia! Isto para não falar das declarações da apresentadora, cheia de "pena" do rapaz, apesar de ser para ela "um estranho". Talvez tenha sido um estranho útil para garantir o sucesso de um programa vergonhoso enquanto modelo acabado de exploração da debilidade humana. É verdade que os concorrentes só estão lá porque querem mas, exactamente porque não são capazes de se defender deles próprios, cabe à sociedade - a todos nós - protegê-los, não permitindo a sua utilização como gente descartável. Usada para nosso gáudio e deixada na sarjeta quando não são mais úteis, depois de lhes filmarmos, em horário nobre, o corpo em decomposição. "
Isto para já não falar dos outros, que gravam as conversas às escondidas e não hesitam em usar as respectivas gravações para virem mais tarde, em "ilegítima" defesa perante um desmentido, ameaçar as fontes. O caso Carmo Peralta, que o "Expresso" recorda esta semana, vem demonstrá-lo. Na transcrição da gravação, já então não autorizada, de uma conversa nem sequer faltou a insidiosa nota do jornalista "seguiu-se um momento em que (a fonte)... teve um desabafo que, para já, não vamos reproduzir". Ninguém o condenou na ocasião?! Parece que não. Andávamos todos distraídos. Pelo que me toca: "mea culpa".
Argumentará o jornalista que gente séria não mente e com bandidos a prática se justifica. Poderá acrescentar a existência de razões excepcionais e de segurança previstas em todos os códigos deontológicos. Assuma e desvende esses motivos, e justifique a excepção para cada um dos visados. Quem sabe a explicação torne a prática aceitável. O que não pode é mistificar o "crime" com o desejo de tomar apontamentos e com isso assegurar a cobertura sindical. Não somos uma máfia corporativa. As regras de camaradagem não podem confundir-se com as da abutragem. Publicada a matéria, guardam-se gravações! Para quê? Para um inócuo livrinho de memórias ou para um "best seller" sobre o caso? A dúvida é legítima.
A este circo, em que vivemos, junta-se ainda uma genuína banditagem que se caracteriza por ter tomado de assalto os lugares tradicionalmente exclusivos de gente séria. Avisa um ex-director da Polícia Judiciária que ela tem capacidade de agir de forma "manifestamente organizada" assentando "quer em quadrantes políticos quer económicos e em franjas da mais diversa criminalidade". Pelos vistos têm tal poder e desplante, deixa o dito director entender, que tendo sido incapaz de os mandar prender acabou por soçobrar às suas mãos. Sem fama e sem proveito!
Porque da fama de encobridor de "lobbies", em tudo idênticos aos denunciados naquele estertor final, o infeliz senhor não se livra. Primeiro, foi a demissão de Maria José Morgado a fazer pairar sobre ele a suspeição de pretender travar uma investigação, na área fiscal, prevenindo danos colaterais sobre o próprio Governo. A suspeita valeu uma comissão de inquérito, onde o próprio meteu os pés pelas mãos. Dessa vez faltaram-lhe as gravações para provar a falsidade da acusação de se ter referido, perante terceiros, a Maria José como "persona non grata" da ministra.
Como se isto não bastasse, posto em marcha o inesperado caso Apito Dourado (onde os próprios serviços não lhe deram conta da operação!), apressou-se o senhor ex-director a desterrar os investigadores, enviando-os um para Cabo Verde e outro para o cabo do mundo. Isto, à primeira oportunidade.
Para quem queria ficar na história como "antilobbista", chama-se a isto... azar. Pretende um homem fazer face aos interesses e acaba por cair em desgraça, só porque teve uns desabafos de amigo com alguém capaz de transformar meros "palpites" em manchetes no "Correio da Manhã"! O crime de Adelino Salvado não foi o de falar com o "CM" que, à socapa, lhe ia gravando as conversas de amigo, valorizando as estrofes de escárnio e maldizer. O crime foi o de nunca ter tido tempo de ler o jornal. Foi não ter reparado nas suas conjecturas sem conhecimento de causa, "sem factos" nem "provas", a fazerem manchete!
Aliás, o procurador caiu no mesmo erro! Nunca reparou nos jornais e na identificação de Sara Pina como a sua porta-voz! Para ele, aquela senhora com a exclusiva missão de - segundo o próprio - "passar o dia a falar com jornalistas" estava mandatada para falar do que lhe aprouvesse com os ditos colegas, sem nunca o comprometer! Pergunto eu, então por que lhe pagava o salário? Para nos distrair com observações pessoais e investigações por conta própria? Por que não leu os jornais, sr. Procurador?!
Mas, voltando aos abutres. O bando não age sozinho. É parte de um circo mediático onde todos somos cúmplices e onde pululam outro tipo de vampiros, também ansiosos por converter o sangue das vítimas em picos de audiência. São "entertainers" e congéneres. Há também uma outra espécie, híbrida, a dos jornalistas "entertainers", que conseguem fazer o pleno dos dois géneros! Contam para isso com a colaboração dos estagiários-de-abutre, os tais que nem nos hospitais psiquiátricos deixam de filar as suas presas na esperança de assegurar um suicidiozinho ou, no mínimo, uma crise de esquizofrenia "em exclusivo". Se houver um "nu", mesmo de um pobre em estado de total desespero ou adiantada loucura, melhor. Sempre serve para apimentar a coisa...
Azar da presa se dispuser de todos os critérios de notoriedade necessários para vender mais umas resmas de papel, ou alimentar mais umas horas de vazio televisivo. Servem meses de convivência televisionada com meia dúzia de iguais numa casa habitada por uma supertia. Azar mesmo é ter lá na redacção uma foto dos dois abraçados a posar para a objectiva a pedir publicação. Teremos o exemplo acabado do que o bando da abutragem é capaz de fazer, sem hesitar um instante, ao filar-lhe os dentes e apressar a morte (real ou cívica, pouco importa!), desde que a coisa venda q.b... Só num jornal, a presa já serviu, mesmo em versão decadente, para fazer mais cinco manchetes.
Não sei o que os leitores que assistiram empolgados à criação do personagem, à sua posterior exploração mediática até à náusea (desde a aventura dos negócios da restauração, à exploração da sua vida familiar e afectiva, etc.), e que agora assistem ao relato circunstancial da queda, poderão concluir da triste história. Talvez, depois de lhe invejarem o sucesso, sejam levados a pensar que "o dinheiro não trás a felicidade".
Provavelmente não colocarão sequer a questão de saber para que serviu a desgraça daquele homem e dos seus companheiros, já caídos no esquecimento. Que terá acontecido à miúda cujos pais, em desespero, vieram a Lisboa retirá-la de um concurso televisivo para lhe salvar "a inocência" e preservar "a decência", e que os despudorados senhores da TV obrigaram a uma conversa em directo, com a filha, à hora dos telejornais? Lembram-se?
O sonho e o sofrimento de gente como esta salvaram a TVI da falência, aumentaram as audiências da SIC, alimentaram a fortuna do senhor da Endemol que, agora, tem o descaro de lavar tranquilamente as mãos para afirmar que, enquanto duraram as várias versões do concurso, os concorrentes dispunham de adequado apoio psicológico. Bela hipocrisia! Isto para não falar das declarações da apresentadora, cheia de "pena" do rapaz, apesar de ser para ela "um estranho". Talvez tenha sido um estranho útil para garantir o sucesso de um programa vergonhoso enquanto modelo acabado de exploração da debilidade humana. É verdade que os concorrentes só estão lá porque querem mas, exactamente porque não são capazes de se defender deles próprios, cabe à sociedade - a todos nós - protegê-los, não permitindo a sua utilização como gente descartável. Usada para nosso gáudio e deixada na sarjeta quando não são mais úteis, depois de lhes filmarmos, em horário nobre, o corpo em decomposição. "
Graça Franco.
1 Comments:
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