Vergonha.

"A não ser que alguém seja capaz de provar que a representação do Estado em missões externas fica mais bem garantida quando os deputados se fazem acompanhar por familiares ou amigos, a resolução da AR que autoriza o desdobramento das viagens está condenada a tornar-se um insulto para os cidadãos. Não vale a pena vir ao debate com o argumento de que o Estado não gastará mais um cêntimo com a medida, o que é verdade; ou que, lado a lado com este gesto de compreensão para com os efeitos da solidão no desempenho dos deputados, a AR se compromete a um zelo redobrado para com a gestão das viagens dos eleitos da nação; ou, ainda, que discutir estes pormenores só atesta a proverbial propensão dos jornalistas e de alguns políticos para o populismo. O que sobra nesta medida é um sinal evidente de arrogância e de autismo, pelos quais a Assembleia da República prova estar disposta a conceder aos seus pares facilidades que o discurso de rigor em voga não concede nem aos outros servidores públicos e muito menos aos demais portugueses. "

Público.

Acabou o pouco pudor que ainda existia.