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"Fomos roubados no nosso estádio!

Já se previa que José Veiga falasse depois do jogo, na sala de imprensa, mas a presença de Luís Filipe Vieira foi uma surpresa. O presidente do Benfica estava irritado, para não dizer furioso: «Muita gente não me esperava encontrar aqui depois de o Benfica perder, mas vim para dizer que os benfiquistas deram uma lição de civismo, quando toda a gente estava tão preocupada com a segurança. Aproveito para dizer ao senhor ministro e ao senhor secretário de Estado, que estavam tão preocupados com a segurança, que deviam era preocupar-se com a arbitragem!» Luís Filipe Vieira aumentou o tom de voz... «Eu não vivo amordaçado e espero que deixem de estar também! Principalmente depois do que todos viram, do triste espectáculo que hoje [ontem] um senhor fez. Fomos espoliados no nosso estádio e espero que todos tenham a coragem de o admitir! Que saibam que os benfiquistas estão muito atentos e qualquer dia vai ouvir-se o hino da revolta!»

Apito azulado e champanhe

O homem-forte do futebol encarnado, José Veiga, foi ainda mais incisivo e disse: «O que vimos foi um roubo. O apito dourado já acabou, ou está praticamente esquecido, e agora temos o apito azulado, que vem do jogo com o Belenenses, do que se passou em Guimarães. José Veiga lembra que com sete pontos de avanço o campeonato seria muito diferente e aponta o dedo: «Errar todos podem, mas em dois penaltys, um golo limpo anulado... Também não percebo como é que o Jorge Costa termina o jogo sem um único amarelo!» A revolta de José Veiga é grande e vai longe. «Olegário Benquerença faz anos amanhã [hoje] e só espero que não receba nenhuma prenda suspeita, se calhar devia estar sob vigilância na altura em que abrir as prendas...» Carolina Salgado, companheira de Pinto da Costa, também não escapou ilesa... «Essa senhora mostrou o que é, ou que foi. A verdade é que eu não gosto de champanhe, nem pago champanhe a ninguém.»

A história da invasão.

Os dirigentes de Benfica e FC Porto estiveram ontem muito perto de chegarem a mais do que o confronto verbal. Em plena sala de Imprensa! Os contornos são verdadeiramente inacreditáveis. Enquanto Luís Filipe Vieira e José Veiga usavam da palavra para, entre outros assuntos, criticarem a arbitragem de Olegário Benquerença, Pinto da Costa, Reinaldo Teles e o director do departamento de relações externas dos dragões, Antero Henrique, irromperam pela sala de Imprensa do Estádio da Luz. A presença do trio, inesperada, causou um burburinho imediato no local, constrangindo todos os elementos do departamento de comunicação do Benfica, incluindo os próprios oradores. Na sala estava também Nuno Gomes, que se preparava para divulgar uma campanha de angariação de fundos para uma instituição de carácter social, devido ao facto de ter sido o melhor jogador do Benfica por eleição SMS nos últimos dois encontros na Luz, e que esperava pelo fim da participação dos dois dirigentes. Quando estes terminaram as declarações, eis então que Pinto da Costa decidiu usar da palavra. Para espanto de todos. Luís Filipe Vieira ficou incrédulo, Nuno Gomes também.

O avançado decidiu então confrontar o presidente dos azuis e brancos, visivelmente agastado. Carlos Garcia, elemento do departamento de comunicação do Benfica, alertou Pinto da Costa que tinha de respeitar a agenda dos acontecimentos. «Eles que cortem o som», disparou o dragão. «Queres falar primeiro que eu?», acrescentou depois Pinto da Costa para Nuno Gomes, que lhe virou as costas. Quase de imediato, os técnicos de som do Benfica desligaram... os microfones. «É uma falta de respeito», dizia, exaltado, o vice-presidente do Benfica, Rui Santos. Os ânimos subiram de tom e quando os dirigentes portistas saíram da sala de Imprensa José Veiga e Reinaldo Teles estiveram perto do confronto físico. Luís Filipe Vieira foi dos que tentou evitar maior escândalo."

"A Bola"