terça-feira, março 22, 2005

As qualidades que já não se vêem

A ironia de Pinto da Costa - a única coisa que ainda disfarçava o Português boçal - acabou. As suas frases já não estão no condicional, mas sim na pergunta retórica. Quer saber se os jornalistas não percebem porque é que ele ficou irritado com o abraço do quarto árbitro. Irritado. Pinto da Costa irrita-se e ainda pergunta se não percebem porquê - o cinismo consiste em não sentir nada, e ainda o dissimular, mas o presidente do FCP não está a conseguir nem uma nem a outra. As crianças que são muito tempo levadas ao colo depois não sabem andar. Ou ainda: olhe que isso faz-lhe mal ao coração, homem! Guarde-se, senão como é que vai enfrentas as adversidades que a vida sempre nos reserva?

E depois há a carreira de José Couceiro. De sindicalista disparou para as estrelas num clube que até aspirava a ser campeáo. Há uns dias li no maisfutebol.iol que se tratava de um treinador que ia mudar o Porto. E vai. Já mudou. Perder por 4-0, 3-1 e 2-0, no espaço de uma semana, é uma mudança que me agrada. Por exemplo, penso que Couceiro absorveu as qualidades que Pinto da Costa perdeu. Levar 9 e marcar 1, em uma semana, e culpar o árbitro revelar um certo pendor para o surrealismo abstracto, desprovido de sentido mas cheio de beleza estética. Também gosto, particularmente, de me lembrar quando o mesmo jovem treinador aspirante a Mourinho II (o primeiro é o Peseiro) disse, há duas semanas, que a veradeira luta seria entre o Sporting e o Porto. Certo. Mas esqueceu-se de dizer que seria pelo segundo lugar. Afinal o homem até é humilde, e se é essa a única qualidade que se pode ver dele, ao menos que a deixe clara! Homem, não se iniba! E continue porque que a gente gosta de o ver trabalhar.

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