terça-feira, agosto 02, 2005

Os predadores, as presas e os parvos

Há tempos contei uma estória por mim presenciada, do cimo de um outeiro, onde estava de atalaia, porque nunca fiando, é preciso colar bem os ouvidos à terra e perscrutar das intenções alheias, neste caso dos nossos predadores habituais, ou de outros, atendendo à seca que persiste. Era um fim de tarde, calmo e quente, com o sol já quase no horizonte. A cena desenrolou-se rapidamente como todas do género, no meio de gritos de uma fémea dos humanos, arrepiada, mas acalmada pelos homens do local que deixaram desenrolar os acontecimentos.

O que motivou aquele perturbar de fim de tarde?

Uma cobra de tamanho avantajado abocanhara uma ratazana tendo sido detectada pela cadela e o seu filhote adolescente. Perante o perigo, a cobra larga a ratazana, que por sorte, não se encontrava ainda em estado vulnerável, e os cães indecisos, ou seja, mais o cachorro, porque a mãe cadela, com a calma própria de um predador já tarimbado e mestre, esperou pela decisão, que no caso, vitimou a ratazana, que foi apanhada pelo cachorro, que a abocanhou várias vezes, antes de a matar, decerto por divertimento e brincadeira própria dos jovens, com o olhar atento e complacente da mãe.

Os humanos machos, sob protesto, afastaram a cobra, porque a consideram aliada, coisa que não é do meu agrado, como toupeira, mantendo os meus curtos pêlos eriçados, cada vez que me lembro da cena.

Afinal era previsível que acontecesse assim, mas e se a cobra estivesse vulnerável? Seriam duas as presas? Os humanos interviriam?

Vem esta conversa a propósito dos humanos que mandam neste sítio, de uma forma ou de outra, enviando recados através dos cachorros adestrados da comunicação social, ou exigindo aos chefes eleitos pelo povinho previamente condicionado, o cumprimento do acordado, porque não há ração de graça e os mabecos e as hienas têm mandíbulas e dentes fortes, bastando rosnar para mandar embora quem lhes não serve, como aconteceu há pouco com um aprendiz de merceiro a quem enganaram nas contas e na "volta".

Um roedor cunídeo, fino, mas com hábitos boçais de capataz de gado manso, desafiava a Alta Autoridade para a Comunicação Social face à venda de um grupo chamado de Lusomundo media, a tomar uma decisão, e invocando a ética, mas nada referindo, à venda no mesmo dia, de um grupo que detém, só, a maior estação de televisão do sítio, dizendo as más línguas que o grupo em questão está muito próximo, aqui ao lado, do partido irmão ao que governa cá no sítio.

Aguardam os humanos que ainda pensam e não estão condicionados, qual será a linha editorial, em relação a vários casos, não esquecendo que os mabecos e as hienas não descansam, mesmo que a barriga esteja cheia e é necessário distrair o povinho para que os ursos e camelos não se possam manifestar, contra o grande roubo que se avizinha, com custos inflacionados como deve, de um comboio que quando estiver em velocidade de cruzeiro começa logo a travar não vá passar de estação e de um aeroporto que vai ser óptimo para os espanhóis, como a barragem do Alqueva, que não é obra estratégica, porque os transvases não são vistos, e porque vai servir de estância turística a quem lá comprou os terrenos, como alternativa ao Algarve, aguardando pela desertificação do mesmo.

Entretanto à falta de gente capaz, o povinho vai ter que se contentar com a escolha entre um que querendo ser rei, diz ser republicano e outro que não sabe bem o que quer e que tem medo que as companhias lhe fujam para o outro lado, porque lá, pelo menos turismo de luxo não vai faltar, pago pelos do costume.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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segunda-feira, fevereiro 05, 2007  
Anonymous Anónimo said...

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quinta-feira, abril 26, 2007  

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