terça-feira, setembro 20, 2005

EQUÍVOCOS

"Quando querem ficar bem os nossos políticos dizem que adoptam no Estado aquilo que as empresas privadas fazem, e todos aplaudem porque em Portugal há a convicção de que os que se faz no sector privado é bem feito. Não fosse o oportunismo desta atitude dos nossos políticos, que assim se dispensam de pensar ou de se confrontar com a sua ausência de ideias, diria que estamos perante um equívoco.

Um equívoco porque nem sempre se copia do privado tudo o que devia ser copiado, e também porque num país que sofre com a falta de competitividade das suas empresas nem tudo o que se faz no sector privado merece ser copiado.

As lojas do cidadão são um progresso, mas podem esconder uma realidade triste nos serviços que lá estão representados; isto é, não traduzem qualquer modernização dos serviços; experimentem esquecer-se dos documentos do carro num bolso das calças que vão para a máquina de lavar, como já me sucedeu, e verão que as lojas do cidadão são uma fachada.

O mesmo vai suceder com os balcões únicos, ma forma de não modernizar a Administração Pública, começando pelo mais fácil, a fachada; não será mais do que uma operação de propaganda paga à custa do orçamento do Estado, e enquanto se vai montando esta “obra” de José Sócrates não haverão recursos ou vontade política para modernizar os serviços.

Outra grande inovação vai ser a colocação de um controleiro de contas em cada ministério, algo parecido mas aquém do aqui proposto, a criação de “conselhos fiscais” na instituições da Administração Pública. Mas o que vai fazer esse controleiro? Discutir as decisões de directores-gerais que são da confiança do ministro e trabalham quase em exclusivo para a sua imagem? Como vão avaliar as despesas se na AP não há nada que se pareça com uma contabilidade e ainda menos com uma contabilidade analítica, o mais que poderão fazer vai ser comparar o preço do papel higiénico adquirido pelos serviços com os praticados nas mercearias da vizinhança.

Sócrates não quer apostar num trabalho sério de modernização e opta por investir em tinta, limitando-se a pintar a fachada, tendo em vista o calendário eleitoral? Gostaria muito de pensar que não, que aquilo a que estou a assistir não é verdade
."

Do amigo Jumento

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