quarta-feira, dezembro 21, 2005

O BRASIL E OS SUBMARINOS NUCLEARES

O Projecto brasileiro para um SNB

Como se sabe existe no Brasil por parte do poder político e das chefias da marinha desse país sul americano, um velho projecto, que se espera ver materializado em 2020 para a construção de um submarino movido a propulsão nuclear, não obstante os grandes avanços que nos últimos anos têm relativamente aos sub’s convencionais, que viram as suas capacidades de autonomia grandemente melhoradas com a introdução dos chamado sistema AIP.

Pretenderá o Brasil com essa capacidade, melhorar a sua capacidade na arma submarina, embora tenha neste momento os submarinos da classe Tupi e o recentemente incorporado Tikuna, baseado num desenho da “escola” alemã.

Partindo do princípio de que o que se tem é para ser potencializado e usado num teatro de conflito, penso que um sub com essa capacidade só se justificará para cenários de guerra total, e se equipados com capacidade para lançamento de mísseis de cruzeiro Tomahawk ou outros, recuperando-se a velha máxima de que a melhor defesa é o ataque.

Ora se assim for, parece que o Brasil prefere ser temido que amado ou respeitado, numa atitude algo maquiavélica, adaptada aos novos tempos, sem que o Brasil esteja inserido numa região “quente” do globo, e sem que o Brasil se constitua em mais que uma simples potência regional, mercê do seu enorme tamanho e população e por estar no grupo dos 10 países mais industrializados do planeta.

Mas não é nem nunca foi uma potência militar, e muito menos com ambições geo-estratégicas à escala global.

Nunca foi um país tradicionalmente interventivo nos conflitos internacionais, só ou em aliança.

Não tem uma parceria estratégica para a Defesa nem está inserido numa organização defensiva.

Eu tenho dúvidas de que o poder político e as chefias da MB pensem que venha a ter esse papel de país interventivo, porque seria o pior caminho para o Brasil em adquirir sub's nucleares com mísseis de cruzeiro, sejam americanos ou russos para os armar.

Seria uma política suicidária no plano de um contexto internacional, levantando desconfianças entre os seus vizinhos, e dando uma volta de 180 graus na tradicional política externa defensiva e pacífica brasileira.

Atacar o inimigo no seu próprio quintal, argumentando que o ataque é a melhor defesa, é uma atitude e doutrina perigosa e seria necessário que o inimigo estivesse previamente identificado.

Mesmo que o Brasil possua um dia 4 sub's nucleares nunca poderia bater-se de igual para igual com os EUA, ou com a NATO.

De que adiantaria afundar uma ou dois destroieres Arleigh Burke, um cruzador Ticonderoga ou um LPD ou mesmo danificar um CVN Nimitz, se isso não faria a balança virar a favor do Brasil?

Pretenderá bater-se com a vizinha Argentina e os seus submarinos TR-1700 ou com as suas velhas fragatas Meko360?

E de que tem o Brasil medo?

Já identificou o seu potencial inimigo?

E para um potencial embora improvável conflito regional em que o Brasil tivesse inimigos na área geográfica em que está inserido, julgaria mais avisada a aposta na construção de mais Tikuna's que gradualmente substituiriam os Tupi's, e que pudessem comprar 4 submarinos U 214 ou Scorpéne de última geração.

Bastaria isso, que somando a uma frota de superfície constituída por unidades navais modernas tornariam o Brasil no líder incontestado da América Latina e no Atlântico sul.

Se potenciassem essa capacidade com uma aliança estratégica com outro país ou organização defensiva, seriam praticamente imbatíveis, se exceptuarmos os EUA e eventualmente a Rússia.

O que acontece é que se parecem estar a armar para mostrar material no porto e fazer umas viagens para mostrar bandeira pelo mundo.

Porque não estou a descortinar oportunidades concretas e ameaças reais que justifiquem esse investimento de há 20 anos, à custa de um envelhecimento gradual e perigoso da sua frota oceânica de superfície.

O que eu consideraria mais realista para um horizonte de 15 anos:

Dado que os Tupi são relativamente novos, poderia ser-lhes adaptados sistemas AIP.

Mas eu consideraria que os Tupi, dada a sua pequenez deveria manter-se no seu actual estado, serem sujeitos a boas manutenções para fazer um patrulhamento das águas e ajudarem em escoltas para forças tarefa.

No caso do Tikuna, desejaria que se construíssem pelo menos mais 3 unidades, com AIP.

E que até 2020, o Brasil possuísse uma frota complementar de 4 U-214, pelo que ficariam com uma força de 8 sub's verdadeiramente oceânicos, e mais os velhos (nessa altura) Tupi para reserva.

Julgo que uma força de 8 submarinos, sendo que 4 deles fossem de última geração, constituiriam uma capacidade verdadeiramente dissuasora, numa base defensiva, e se somada a uma capacidade oceânica de superfície mais modernizada.

Não me parece que dado o actual estado da marinha Brasileira, se somada ao estado dos outros ramos das suas FA’s, o Brasil vá por bom caminho se tentar dar m passo maior que o que as suas pernas o permitam.

3 Comments:

Blogger Pedro Soares Lourenço said...

Oh amigo Mulah eu quero lá saber dos submarinos..., eu quero saber é do "até amanhã" do camarada assur. Onde é que ele está??? O até amanhã???

quarta-feira, dezembro 21, 2005  
Blogger lobices said...

...abraço de Feliz Natal

quarta-feira, dezembro 21, 2005  
Anonymous Anónimo said...

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sexta-feira, março 02, 2007  

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