Transferências no Benfica.

"Com a entrada de Manduca, a vinda de mais reforços e a provável continuidade de Simão, começam a sobrar opções ofensivas. Nesse sentido haverá várias dispensas. O futuro de Bruno Aguiar já está definido, Carlitos e João Pereira foram informados de que irão ser emprestados [ver página 18], mas a saída mais surpreendente, até ao momento, é a de Nuno Assis. Ronald Koeman já conversou com o médio ofensivo, informando-o de que não conta com ele, suspeita levantada pela não convocação do ex-vimaranense para o último jogo, com o V. Setúbal (o treinador holandês preferiu Hélio Roque). Nuno Assis foi autorizado a procurar clube, embora o Benfica também tente encontrar uma solução para o jogador (não está descartado, à semelhança de Carlitos, que rume ao Marítimo no âmbito da transferência de Manduca), titular na recta final da época passada, a da conquista do Campeonato Nacional. Este ano, apesar de algumas aparições esporádicas no onze (jogou na vitória com o Manchester United), Assis não passou de segunda ou terceira opção."

No plantel do Benfica Nuno Assis foi um dos jogadores que provavelmente mais sofreu com a mudança da equipa técnica. Na temporada passada chegou à Luz e rapidamente convenceu Giovanni Trapattoni. Não só trouxe uma lufada de ar fresco ao ataque benfiquista, como se mostrou decisivo em alguns encontros. Só que esta época as coisas não lhe estavam a correr de feição até ao jogo com o Belenenses, aonde atirou uma bola ao poste e criou bastante perigo, tendo Koeman o elogiado. Nesses termos, a sua saída toma contornos nebulosos.

Se bem se lembram, a desilusão do presidente Vieira com a actuação de José Veiga levou-o a virar-se para Jorge Mendes à procura dos reforços para salvar a época. Veiga ficou, assim, literalmente à mercê do seu arqui-rival Mendes e com margem de manobra cada vez mais reduzida na Luz. Efectivamente, das grandes contratações prometidas por Veiga, desde Robinho a Karagounis, nenhuma chegou à Luz. Apenas o central André Luiz, a custo zero, vindo do Santos para uma posição onde o plantel nem está carenciado. Aliás, desde que entrou no clube, Veiga praticamente só concretizou negócios de valor duvidoso - Alcides e Paulo Almeida a custo zero, Dos Santos, Karadas, Everson (que até chegou lesionado) e meia dúzia de jogadores do Alverca. Mais. Será que Anderson, Nélson, Miccoli e Karagounis é o melhor que o campeão nacional consegue adquerir, tendo em conta a venda de Tiago ao Chelsea por 10 milhões de Euros e de Miguel ao Valência por 8 milhões, entre outros encaixes monetários? Depois existe o problema da venda de Simão e dos respectivos interesses em jogo.

Foi nesse contexto que Mendes efectuou transferência de Nuno Assis e a tentiva falhada de Maxi Lopez através do fundo MSI. Veiga não se opôs à vinda de Nuno Assis porque tem com o Benfica uma espécie de contrato por objectivos, que lhe garante uma compensação consoante o lugar que a equipa atingir na Superliga. Ora estando o sucesso financeiro de anexado ao sucesso desportivo do Benfica, Veiga ficou refém dos negócios de Jorge Mendes. Mas o Benfica foi campeão, mantém-se na Liga dos Campeões, dando a Veiga possibilidades de tirar coelhos da cartola. E ele, fazendo fé nelas, começa a livrar-se das "espinhas cravadas na garganta" e a retirar a cabeça do cepo.