Já não há Santos na Terra
Em conversa com o meu Avô Toupeira, no quentinho da toca, porque a noite está de gelar, trocávamos impressões e mantínhamos aquelas conversas despretensiosas e diálogos mornos, ou conversa mole, como lhe queiram os meus amigos chamar.
Dizíamos meio a brincar que já não havia príncipes e princesas, nem santos na terra dos humanos e que até os velhos diziam que quando eram novos davam um pontapé numa estrela, e de tal forma, tantos pontapés deram, que as enviaram todas para o céu, não deixando nenhuma na terra.
Assim, deixaram fugir também, todas as esperanças e malbarataram as heranças dos seus pais e avós.
Ficámos com a impressão, que até a memória gastaram e que nem são capazes de chorar ou de se arrepender, porque até as lágrimas secaram e os corações ficaram duros como pedras, daquelas que nada têm escrito, apenas a memória dos ventos e das chuvas que lhes gravaram os veios.
É isto, é este deserto sem vida, que fica duma sociedade de humanos sem memória, indiferente a tudo, porque outros humanos a isso a condicionaram.
As crias dos humanos chegam a ser maltratadas de tal forma que me escuso de contar, porque me arrepia o pêlo, e depois de sacrificada atiram-na a um rio que corre para o mar como uma grande lágrima saída do grande olho de Deus que decerto estaria a olhar para o lado, horrorizado pela sua criação mais desejada, mas que decerto degenerou.
Graças aos céus que conseguimos adormecer, esperando que o nosso Deus nos dê o dia seguinte com sol ou sem ele, apenas um dia mais, porque se deve ser comedido no pedir.
Dizíamos meio a brincar que já não havia príncipes e princesas, nem santos na terra dos humanos e que até os velhos diziam que quando eram novos davam um pontapé numa estrela, e de tal forma, tantos pontapés deram, que as enviaram todas para o céu, não deixando nenhuma na terra.
Assim, deixaram fugir também, todas as esperanças e malbarataram as heranças dos seus pais e avós.
Ficámos com a impressão, que até a memória gastaram e que nem são capazes de chorar ou de se arrepender, porque até as lágrimas secaram e os corações ficaram duros como pedras, daquelas que nada têm escrito, apenas a memória dos ventos e das chuvas que lhes gravaram os veios.
É isto, é este deserto sem vida, que fica duma sociedade de humanos sem memória, indiferente a tudo, porque outros humanos a isso a condicionaram.
As crias dos humanos chegam a ser maltratadas de tal forma que me escuso de contar, porque me arrepia o pêlo, e depois de sacrificada atiram-na a um rio que corre para o mar como uma grande lágrima saída do grande olho de Deus que decerto estaria a olhar para o lado, horrorizado pela sua criação mais desejada, mas que decerto degenerou.
Graças aos céus que conseguimos adormecer, esperando que o nosso Deus nos dê o dia seguinte com sol ou sem ele, apenas um dia mais, porque se deve ser comedido no pedir.
1 Comments:
Parabéns pelo texto. O mais ácido dos que lhe tenho lido. Mas a traduzir a realidade.
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