domingo, novembro 25, 2007

Biografia do General Bufo.




Nascido nos finais da década de 40 à beira de Bragança, filho de pais abastados, cedo se iniciou nos trabalhos manuais. Iniciação essa que lhe proporcionou muitos momentos de prazer, além de várias taças nas modalidades de velocidade, endurance e distancia. Valeu-lhe também a admiração e o idolatro da juventude local bem como alguns trocos, fruto de conselhos sobre a matéria. Mas, infelizmente, o diagnóstico de princípio de tuberculose valeu-lhe uma estadia num sanatório do Caramulo, o fim precoce de uma carreira promissória e acima de tudo e um grande alívio para a criada de família.

Grande alívio porque ela já não sabia mais o que fazer para retirar as vastas nódoas dos lençóis, fruto da sua arte, bem como explicar a origem de muitas arranhadelas no seu corpo ao seu namorado da altura. Aproveitou essa estadia para estudar a fundo as artes astrais escrevendo nessa altura “retóricas sem nexo e aplicação”, livro que lhe garantiu o encanto e os préstimos duma empregada idosa e infelizmente analfabeta. Recomposto, regressou a casa. Por falta de tempo dos pais, em plena “idade do armário” foi internado num seminário. Lá descobriu o prazer do desenho que lhe rendeu alguns trocos. Trocos esses gastos numa operação ao nariz tipo penca que de tão grande e adunco, o impedia de ter visão periférica.

Mas a vida destinava-lhe o sucesso e cedo se tornou popular entre os seus colegas de internamento em virtude das suas obras de arte de fino recorte técnico desenhadas nos locais mais nobres do seminário, obras essas geralmente descrevendo cenas de sexo explícito aonde, invariavelmente, nos corpos nus femininos figurava a cara do professor de moral, o mais "amado" de entre todos. Mas esse tipo de arte infelizmente pouco apreciado entre os professores sedentos de oprimirem aquele talentoso moço, estava destinado ao fracasso.

Assim depois de varias tareias, a última das quais lhe rendeu uma coloração magnifica das nádegas e um mês sem se poder sentar, foi expulso do seminário. Decidiu então internar-se numa caverna e tornou-se asceta. Ao longo dos anos que lá passou, deixou crescer os cabelos, as unhas dos pés e das mãos e, sobretudo, acumulou sobre a epiderme uma fétida patine acastanhada, mortal mesmo para as mais resistentes pituitárias. Esse seu aspecto valeu-lhe a participação num filme contracenando com Boris Carloff no papel de um extraterrestre chamado “Donizis, a doninha humana”. Com esse papel ganhou um Óscar que lhe foi entregue no C.C.B., cujo momento alto ocorreu aquando da sua retirada de palco (à força por tropas especiais) fortemente aplaudido por uma multidão desesperada protegida por mascaras de gás. Impossibilitado de continuar a carreira artística e chateado com a solidão a que foi novamente devotado, abriu um off-shore de preservativos e uma escola de sexologia dianética numa ilha do pacífico.

Mais tarde lembrou-se de abrir um centro de massagens. Começou primeiro a facturar com gordos e serôdios cámones de meia idade mas o seu jeito para o negócio valeu-lhe clientes como Selovestre stalossos, Fred Ástiras e o grande realizador Frank Caporra. Depois de muito penar, encontrou finalmente a sua vocação maior na culinária do deserto, ao que consta, fruto de muito ouvir o último sucesso na altura do Quim Berreiros “ Mestre da tulinária”. Mas o desejo de aventura corria-lhe nas veias e queimava-lhe o cérebro. Acompanhado pelo bichedo local revoltou-se contra o rei de Johore Bahru (o Artur Albarran sabe onde fica).

A sua vitória rendeu-lhe o reconhecimento do bispo de Madrasta e a sua nomeação para integrar as hostes do real corpo de catering. Apaixonou-se então por uma dançarina thai que levou 20 anos para lhe tirar o sarro de cima e devolver-lhe o bom aspecto. Vergado pelo passar dos anos e pelas sovas que a sua mulher lhe infligia frequentemente, estabeleceu-se na cidade de Pisistrato (Vem no Atlas, edição de 1934). Com muito tempo disponível, dedicou-se então á demagogia. O seu primeiro aluno foi uma fétida doninha chamada Albergaras. Nessa altura publicou obras primas da literatura como “Cartas de um analfabeto” e “Os peixes tem espinhas” que lhe valeram o prémio nobel e um cheque chorudo para nunca mais voltar a escrever baboseiras.

Embalado por tantos sucessos, tornou-se produtor musical de um grupo de louras-mentais que bolsavam mediocridades ao som duma pseudo-musica inaudível para ouvidos sãos. Lançaram com furor, ao ritmo hipnótico de efeitos em fumos de incenso e marijuana (melhores e mais pesados tempos viriam), o grande êxito “Elegia aos ícones de paus feitos”. Mas a carreira musical da banda foi efémera. Um dia, quando acabavam a gravação do seu maior êxito de sempre “Dói dói, és o meu herói”, foram assaltados por uma turba de fundamentalistas puritanos. Esse êxito musical ainda hoje é cantado por artistas famosos como o Paulo Ganza. Desiludido com a humanidade, fechou-se em casa com a mulher, entregando-se a nobre tarefa fazer filhos, cuja beleza felizmente tem saido à mãe. Desde então nunca mais foi visto em público. Consta que está a escrever uma biografia intitulada “Vai-te embora ó melga”, que poderá ser considerado um verdadeiro hino à sua pessoa.

No entanto, sabe-se que ainda é vivo porque continua a espiar os colegas para bufar aos chefes. Dizem as más línguas que o seu sonho era ser Director de qualquer coisa e chamar-se “Mar de Tinto ou Branco Maravilhoso Vem a Mim” mas devido ao seu feitio acabou por chamar-se "Langonhoso" imperando a vontade do pai, contrária a da mãe que lhe queria chamar "Amarguinha”, nome impróprio para a sua aparência de macho.

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