PORTUGAL EM TIMOR
A GNR em Timor, Portugal e as forças militares da Austrália, Nova Zelândia e Malásia
Ao contrário das forças militares destes países que acudiram ao terreno supostamente para repor a ordem pública, a pedido das autoridades de Timor, a GNR foi igualmente convidada junto do Governo português para seguir para Dili, para numa primeira fase ajudar na manutenção da ordem pública (já que se trata de uma forma policial e não militar) e também para dar formação à polícia timorense, ou ao que restar desta após o fim que se espera breve deste reacender do conflito.
Portugal envia então a GNR, não no âmbito de uma força multinacional, mas sim no âmbito de um acordo de cooperação bilateral entre Lisboa e Dili.
Os Australianos viram desde cedo com maus olhos esta situação de terem uma força estrangeira no terreno que não fique sob o seu comando.
Por isso teriam enviado na passada semana uma delegação a Portugal a solicitar a integração da companhia da GNR no comando único australiano, o que Lisboa recusou.
O que está acordado, é que a força da GNR responde perante as autoridades timorenses (Presidente e Primeiro Ministro) e em última análise, ao embaixador português em Dili.
O que se passou ontem foi um sinal de que a Austrália, perante o vazio político em Timor e com a força das armas ao seu lado quer de facto ditar as regras.
Portugal e a comunidade internacional, enquanto esta reconhecer como legítimo o poder politico das autoridades timorenses, sendo este estado e as suas instituições reconhecidas internacionalmente, não tem que sujeitar as suas forças a um comando internacional, a menos que um mandato da ONU mude as regras do jogo.
Por isso e à luz do Direito, as forças australianas no terreno não têm que reconhecer ou deixar de reconhecer as competências da GNR no patrulhamento e manutenção da ordem pública nas ruas de Dili e arredores.
Portugal respondeu com um companhia da GNR, que foi o que foi pedido por Dili.
Mas se tivesse antempadamente negociado com Dili a presença simultânea de uma força militar destacada, apoiada por um meios navais, poderia ter mais argumentos políticos para discutir de igual para igual.
Não o fez, e fez mal.
Portugal tem meios limitados e Timor fica nos antípodas de Portugal.
No entanto uma posição de cócoras perante a evidente aptência australiana para tornar Timor num protectorado e estado satélite é má para os interesses portugueses na zona e até indonésios.
Naturalmente que Portugal não pode aparecer junto dos timorense de braço dado com a Indonésia, porque o tempo decorrido anda não permite essa aparição.
No entanto o problema parece radicar na dissolução do efectivo poder politico que no terreno não encontra resposta, por parte das autoridades legítimas de Timor.
Xanana, o Presidente parece estar em rota de aproximação à Austrália, e Mari Alkatiry, recentemente reeleito líder da FRETILIN pode muito bem voltar a vencer as eleições previstas para 2007, e isto se elas não forem antecipadas.
O poder legítimo e reconhecido internacionalmente é o do Primeiro-Ministro Alkatiry e do partido vencedor em eleições livres e justas (a FRETILIN), e o Presidente Xanana Gusmão.
Neste momento sem umas forças armadas e um polícia constituida e operacional o poder politico em Timor não tem meios para fazer implementar no terreno as suas politicas.
Daí que as armas falem mais alto.
Os revoltosos, Salsinha e Alfredo Reinado não escondem a sua simpatia pela presença australiana e dizem-se dispostos a conversar com Xanana, mas nunca com Alkatiry.
Portugal, ou deixa Timor entregue a eles próprios e à Austrália ou deveria tomar uma decisão que neste momento se torna crucial.
Apesar das manifestações e demonstrações de força, como a da manifestação de 2ª feira, tem uma maioria silenciosa que votou esmagadoramente na FRETILIN.
Portugal deve apostar no Governo e em Alkatiry, sem hostilizar Xanana.
Xanana já não pode merecer mais a confiança politica do Estado Português, já que o maior conselheiro político de Xanana parece ser a sua mulher, australiana, e que agora até aparece nas reuniões politicas das instituições, fala e participa, sem ter sido eleita.
É hora de Portugal escolher o seu caminho.
Para mim, Portugal se não quiser sair derrotado politicamente e sujeitar as suas forças no terreno a uma humilhação, como a que aconteceu ontem, terá que apostar em apoiar o governo legítimo de Timor, tem que enviar uma forma militar que defenda e apoie as presença da GNR no terreno e enviar uma força de operações especiais que possa neutralizar as forças de Reinado, e eventualmente detê-lo e entregá-lo às autoridades legítimas de Timor.
É assim que se fazem as coisas.
Ou então que abandone Timor à sua sorte, e se renda.
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