Tiktaalik rosae.
"O que é isto?”, perguntaram os paleontólogos da Universidade de Chicago em missão na terra dos esquimós. Sabe-se agora que ‘aquilo’ era a mandíbula de um peixe que viveu há 375 milhões de anos. Mas não de um peixe qualquer – aquele tinha patas e nele pode residir a explicação de um dos mistérios fundamentais da evolução, o de saber como é que, tendo a vida surgido na água, os animais passaram a habitar terra firme.
Os restos da criatura foram encontrados, em Julho, dentro de uma rocha gelada da ilha canadiana de Ellesmere. Mas foi só na semana passada que a equipa de paleontólogos, liderada por Neil Shubin, deu a conhecer, em artigos publicados na revista científica “Nature”, o “Tiktaalik rosae”. Em dialecto esquimó, “tiktaalik” significa peixe grande que vive em águas de pouca profundidade.
MÃO DENTRO DA BARBATANA
Este primo longínquo do Homem media pelo menos 2,75 metros e viveu precisamente no momento histórico em que os peixes se ‘transformaram’ em animais de quatro patas. O “Tiktaalik” é um bocadinho de ambos. Tinha escamas, guelras e, ao mesmo tempo, apresentava características conhecidas apenas em animais que passaram pelo menos algum tempo em terra: crânio largo, pescoço flexível e olhos na parte de cima da cabeça, como os crocodilos. Tinha igualmente uma grande caixa torácica, sugerindo a presença de pulmões utilizados pelo menos para uma parte da respiração, e um tronco suficientemente forte para elevar-se em terra ou águas pouco profundas.
Mas a maior surpresa de todas surgiu quando lhe dissecaram as barbatanas dorsais e encontraram o início de uma mão, com uma espécie de pulso e cinco ossos assemelhados a dedos. “Isto não é um ramo arcaico do reino animal. Isto é o nosso ramo. Estamos a olhar para o nosso tetra primo”, exclamou Shubin, que, no próximo mês de Julho volta à ilha.
O peixe com patas parece ser um elo crucial numa cadeia que, ao longo de milhões de anos, conduziu aos anfíbios, répteis, dinossauros, aves e mamíferos.
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