Complex.
"Tinha nome simples, mas complicou-se: de simplex passou a complex. As 333 medidas anunciadas pelo Governo para simplificar a administração pública estão bloqueadas na teia burocrática da própria administração pública. Numa frase, a vontade de simplificar a máquina pública emperrou na burocracia. A notícia não espanta.
No início de Janeiro de 2005 o Diário Económico fazia manchete com um estudo devastador encomendado por Manuela Ferreira Leite à Inspecção Geral de Finanças. Dizia assim: 64% de toda a actividade do Estado consome-se aí, no próprio Estado. Isto é, mais de metade do trabalho da máquina pública serve apenas para alimentar essa máquina central. Esse monstro.
Algum tempo antes, o então Presidente da Associação Portuguesa para o Investimento (API), Miguel Cadilhe, dava nome a este absurdo: custos de contexto. E sublinhava que era por causa desses vários desincentivos que a economia não crescia em Portugal.
Hoje percebe-se que é bem pior. Por causa de toda esta ineficácia pública as reformas de que o país tanto precisa emperram à nascença. Detalhes da loucura: os ministérios não foram capazes de se coordenar a tempo, e por isso não se entenderam sobre as leis que os deviam simplificar. O que transporta este raciocínio para o essencial: é no peso monstruoso do Estado que está o problema.
Para quem não recorda, a burocracia moderna foi uma criação bem intencionada do alemão Max Webber. Logo na génese, este sociólogo concebeu-a para simplificar procedimentos, justificando assim (e não cito) a sua ideia: deve pagar-se para que os funcionários ajam de forma pré-estabelecida, impedindo assim que as suas emoções interfiram no seu desempenho. O monstro, portanto, foi-se fortalecendo. Ganhou resistência à mudança, e passou a viver em função dos seus próprios vícios. Sem papel, nada avança – lembraram os Gato Fedorento. O Governo, ao que parece, esqueceu este detalhe.
Sócrates é responsável, claro, até porque o Simplex é uma das bandeiras do seu Governo. O problema é que isso de nada serve ao país – o primeiro-ministro está certo na sua intenção mas chocou em algo mais forte do que ele: o Estado. "
Martim Avillez Figueiredo
No início de Janeiro de 2005 o Diário Económico fazia manchete com um estudo devastador encomendado por Manuela Ferreira Leite à Inspecção Geral de Finanças. Dizia assim: 64% de toda a actividade do Estado consome-se aí, no próprio Estado. Isto é, mais de metade do trabalho da máquina pública serve apenas para alimentar essa máquina central. Esse monstro.
Algum tempo antes, o então Presidente da Associação Portuguesa para o Investimento (API), Miguel Cadilhe, dava nome a este absurdo: custos de contexto. E sublinhava que era por causa desses vários desincentivos que a economia não crescia em Portugal.
Hoje percebe-se que é bem pior. Por causa de toda esta ineficácia pública as reformas de que o país tanto precisa emperram à nascença. Detalhes da loucura: os ministérios não foram capazes de se coordenar a tempo, e por isso não se entenderam sobre as leis que os deviam simplificar. O que transporta este raciocínio para o essencial: é no peso monstruoso do Estado que está o problema.
Para quem não recorda, a burocracia moderna foi uma criação bem intencionada do alemão Max Webber. Logo na génese, este sociólogo concebeu-a para simplificar procedimentos, justificando assim (e não cito) a sua ideia: deve pagar-se para que os funcionários ajam de forma pré-estabelecida, impedindo assim que as suas emoções interfiram no seu desempenho. O monstro, portanto, foi-se fortalecendo. Ganhou resistência à mudança, e passou a viver em função dos seus próprios vícios. Sem papel, nada avança – lembraram os Gato Fedorento. O Governo, ao que parece, esqueceu este detalhe.
Sócrates é responsável, claro, até porque o Simplex é uma das bandeiras do seu Governo. O problema é que isso de nada serve ao país – o primeiro-ministro está certo na sua intenção mas chocou em algo mais forte do que ele: o Estado. "
Martim Avillez Figueiredo
14 Comments:
Pergunto porque temos que ser orgulhosos quando não se sabe pergunta-se a quem sabe,temos que saber perguntar a quem sabe existe tantos paises com sistemas bastante mais faceis logo mais eficientes e mais baratos recomenda-se por exemplo o sistema dos paises escandinavos e outros que também funcionam bem o Canadá os Estados unidos,inovar é sempre positivo mas muitas vezes imitar já é bom.
Para que haja simplificação de procedimentos, desburocratização, é sobretudo necessário ter à frente dos destinos dos serviços públicos, pessoas competentes, onde a cor partidária, familiar ou clubística, não tenham qualquer peso. Aqui reside a chave para a mudança, que aparentemente tarda a encontrar. Porquê? É por isso que não admira a falta de coordenação dos ministérios. Aliás, alguns deles nem sabem ao certo quantos funcionários têm; serviços há, que não conseguem traçar objectivos...
Nao estou de acordo com a critica do Martim. Um projeto de optimisaçao organisacional è complexo no sector privado, muito mais no publico. Por outro lado, è preciso guardar na mente que os funcionàrios nao podem ser expulsos. As 333 medidas de restruturaçao estruturais sao um excelente primeiro passo para reduzir a quantia de institutos do estado. O factor de sucesso consiste a que nao seja so o unico passo. Deve haver mais outros daqui a 2-4 anos.
Poder-se-ia esperar outra coisa de algo com este nome? Não se chama Estado por acaso, e é óbvio que há uma conotação demasiado grande com os aspectos negativos do verbo estar. Agora, quem vai ocupar um cargo de alta responsabilidade no Estado, deve ter consciência disso mesmo e não embandeirar em arco partindo do princípio que os outros são suficientemente tolos para acreditar que algo vai mudar de repente.
Simplex? Eu não acredito. Onde estão organizados, vão todos tomar o cafezinho à mesma hora. O público espera, se quiser (Finanças/Algés). Onde não estão organizados, trabalham com filas enormes, não sabem informar e aplicam muitas multas, principalmente a camponeses e "turistas" (Finanças/Tavira). Nada mudou. Basta olhá-los nos olhos, como o Ricardo fez com os "ingleses". São do pior que existe na dita função pública. E assim continuarão...
Discordo frontalmente com o articulista. O sucesso relativo das medidas até ao momento implementadas para desburocratizar, são uma vitória que será ainda maior já que se foram identificadas ao fim de alguns meses as que ainda não estão implementadas, tal significa que existe controlo, avaliação e que consequentemente o que está errado será corrigido.Se não houvesse esse controlo, não podiamos estar neste momento a discutir o sucesso relativo do Simplex e que por certo crescerá, independentemente das dificuldades que se continuarão a encontrar pelo caminho.
O artigo é demasiado pessimista. Apesar de tudo, já foram dados vários passos no caminho da desburocratização. Creio que é demasiado cedo para antecipar uma derrota do governo nesta área.
Todos concordamos que há funcionários públicos maus, mas também há comerciantes, trabalhadores de privadas, políticos (destes então nem se fala!). As leis magoam e as pessoas em vez de se virarem contra o Governo viram-se contra os trabalhadores do Estado. Já vi muitos catalogarem os outros, julgando que "eles" eram os bons. Tanto cuspiram para o ar que lhes caiu em cima.
Sócrates é tão responsável como tantos outros que utilizaram a cadeira do poder para mostrarem a sua incompetência. O Simplex pode-se tornar Complex, mas será decerto pela primeira vez, que todos nós teremos a possibilidade de acompanhar um processo de reorganização, sabe-se o que é pretendido, vamos ver se sabe como chegar ao fim, com resultados positivos para todos nós.Conforme "VG" descreve são precisos pessoas competentes e com fortes conhecimentos em gestão, mas mais do que isso será preciso teimosia e persistência para derrubar as muralhas da incompetência e do compadrio existentes.
Genericamente concordo com o autor do editorial e não confundo negativismo com realismo. Na verdade, parece-me que este governo começa todas as construções pelo telhado, logo, em três tempos, as mesmas ruirão. Estranha forma de dirigir um País cheio de insuficiências de natureza social, quer na saúde, quer na educação, quer ainda na justiça e no (des)emprego, onde o limiar da miséria atinge uma parte considerável dos seus cidadãos, começando por ter como objectivo primordial a "internetização" dos portugueses! Próprio de quem não conhece realmente o País, mas se dá ao trabalho de ir à Finlândia, pois claro, que fica ao virar da esquina e se encontra num nível de desenvolvimento idêntico ao de Portugal. O "simplex" não eliminou a burocracia, apenas a colocou ao serviço e proveito de outras entidades. Desburocratizar significa "acabar com" mantendo a necessária segurança e garantias, não significa "transferir os mesmos procedimentos para" de qualquer maneira. Já algum ministro ou quem o represente veio informar os portugueses que as Conservatórias começam a entrar em rotura porque não estavam preparadas, nem sob o posto de visto humano nem tecnológico nem profissional para executar as novas tarefas que lhes foram atribuídas? Já informaram que os cidadãos e as empresas começam a ter que ir para as filas das Conservatórias, à semelhança do que se passa nos Centros de Saúde? Já informaram que há cidadãos espanhóis a constituir "sociedades na hora" nas conservatórias, que saem exasperados com a complexidade dos procedimentos, os problemas dos programas informáticos e as horas de espera? Por falar em falta de meios humanos, como se concilia a política da diminuição de funcionários públicos, com o aumento de competências das repartições públicas, nomeadamente Conservatórias? Nada tenho contra choques tecnológicos. Integro-me lindamente nas novas tecnologias e lido com as mesmas, mas não vivo em Marte.
Qualquer pessoa que conheça algo das técnicas de gestão sabe que a simplificação de processos exige a participação e a compreensão por parte dos actores envolvidos:o que eu faço, a quem serve e para que serve?será que os destinatários precisam e querem?como posso acelerar e simplificar circuitos internos para melhor chegar ao "balcão"?será que preciso de tantas etapas e tanta "mão" a mexer no assunt0?que medidas de avaliação e "benchmarks" devo usar?etc,etc.Ora estas medidas exigem 1)a compreensão de quem as ordena 2) de quem as pensa e executa e a mobilizaçaõ dos afectados 3) a avaliação pelo publico/cliente(pagante).Tem isto a ver com o "simplex" e os interesses da rapziada politica ,sentada à mesa do Orçamento?Claro que não!Então este "pslex" não passa de um conjunto de "próteses informáticas" que vão buscar elementos às bases de dados e "by-passam"os clássicos "guichets".É mau? Não, é positivo,mas não responde à propaganda com que foi anunciado.Os governantes ,que nunca fizeram outra coisa do que politica ,sabem lá do que se trata...
Caro Martim : O Estado somos nós todos sem excepção. Max Weber e os Gato Fedorento são uma gota no Oceano, sem duvida importante. Por paradoxal que pareça, a Mudança é a única Constante, louve-se a forma pragmática como se pretende difícilmente fazer a reforma na Administração Pública. É pouco ? Será concerteza. Hoje e no futuro o mais difícil é ... fazer coisas, SIMPLES. Simplex ou Complex é uma questão de Gestão da Complexidade, algo ainda mais importante para fazer cidadãos lúcidos e com desejos de Futuro Sustentáveis. Começe-se então por questões simples.Há vontade , valha-nos isso, mesmo para quem não votou Sócrates, como Eu.
Concordo em muto com a opinião do M A Campos. No entanto e lembrando a minha experiencia profissional verifico que desde há muitos anos não se "remunerou" quem se dedicou, procurou aprender e desenvolver as suas capacidades de trabalho ( atenção que istos não quer dizer que a melhor qualificação passa por nivel de ensino/instrução mais elevado, principalmente em sectores de como serviços/banca/seguros.
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