sábado, julho 29, 2006

A orquestra vermelha.

"Festas contra o Governo. Assim vai a Esquerda em Portugal. O PCP com a velha “Festa do Avante”. O Bloco de Esquerda com a nova “Marcha pelo Emprego”. E tudo anunciado de véspera, não vá o Verão esquecer o Outono, não vá o povo distraído ignorar o espectáculo da luta.

O PCP é um grande partido “conservador”. Em momentos de maior inspiração, o PCP é simplesmente “reaccionário”. O PCP denuncia a “contra-reforma” do Governo num País em que todas as reformas estão por fazer. O PCP, partido que no vocabulário político nacional sempre significou “revolução”, reduz o seu discurso à defesa das velhas indústrias e dos velhos empregos. Quando se esperava que a Esquerda “progressista” se adaptasse e aprendesse com os erros do passado, o PCP parou e quis parar o mundo. E a pouco e pouco, o mundo desaba sobre as ilusões do PCP. Mas para além do “protesto”, o PCP anseia por um partido de “propostas”. Preocupado com o “emprego público” e com a “coesão territorial”, apostado na defesa do “direito à reforma”, o PCP mais parece empenhado em parar o “progresso” em nome das vítimas do “progresso”. Poderá ser cruel, mas o PCP dos nossos dias não tem resposta para os problemas dos nossos dias.

Para o Bloco de Esquerda, Portugal é um “cortejo de misérias” e uma “floresta de enganos”. O Bloco pretende “denunciar a situação social portuguesa” e propõe “todo o espaço do mundo para a imaginação e alegria”, um mundo onde todos poderão “pensar e sentir livremente”. Entre a “Feira da Precaridade” e o “‘kit’ activista”, o Bloco promete um “Plano para o pleno emprego em Portugal”. Contra as forças do “capitalismo imperial”, o Bloco avança com o seu “arco-íris global”. O Bloco de Esquerda pretende criar a “mobilização que não nasce da decepção mas da energia nova”. E pretende tudo isto com uma cultura política herdeira da “contracultura” e marcada pela “estagnação ideológica”. Para invocar um clássico de outras lutas, o discurso do Bloco poderá ser descrito com o máximo rigor através de uma simples frase – o radicalismo é a doença juvenil de toda a Esquerda.

Mas a orquestra vermelha toca uma melodia comum. Uma melodia que nos diz que a sociedade é um jogo de soma nula, um lugar em que a felicidade de uns representa a infelicidade de outros. Presos nesta arquitectura marxista, PCP e Bloco de Esquerda entendem a sociedade como o destino de todos os conflitos, a guerra de todas as classes. Nesta visão do mundo e da sociedade, não existe espaço para uma qualquer noção de “bem-comum”.

Festas contra o Governo. Festas contra um Governo que representa a “Esquerda moderna” e que vai estimulando algum descontentamento. Um descontentamento à Esquerda e que a Esquerda não consegue capitalizar. A dificuldade do PCP coincide com o problema do Bloco – como fazer oposição com a Esquerda no poder? Seja qual for a resposta, o Governo passeia sobre o deserto das oposições
."

Carlos Marques de Almeida

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

No espaco e no tempo nascemos.No espaco e no tempo sonhamos.No espaco e no tempo matamos.No espaco e no tempo morremos.

sábado, julho 29, 2006  
Anonymous Anónimo said...

e a seguir vem as Festas das Vindimas lá para Setembro antes vamos ter a Festa da reentré politica, com politicos bronzeados e eu cá continuo de pele branquinha,sem cheta para me deslocar para a praia, alto, para dizer a verdade fico com metade dos braços bronzeados, tenho andado de manga curta.

sábado, julho 29, 2006  
Anonymous Anónimo said...

O PCP oferece-nos um mundo que não existe e que ,mesmo no pequeno e rápido simulacro, deu asneira.Ou seja,fala da "terra prometida".Então,que melhor que liturgias e "orações" ,como em qualquer organização religiosa?O BE é a "virtude" dos adolescentes ,dos que jamais terão responsabilidades governativas.Os mais "velhos" que lhes sustentem as noites de "rave" e fantasia.É como dizia Lenine, a doença infantil

sábado, julho 29, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Artigo cheio de lugares comuns,linguisticasmente falando, que tiveram o seu significado,e que hoje ou perderam a força com que explicavam certos fenómenos,ou estão perfeitamente desajustados e nada significam e têm carga política nula.O erro do autor é pensar que está "Esquerda moderna" no poder(epíteto que O Sr. Pinto de Sousa vai agradecer,concerteza),quando na realidade se está(estará?),está aplicando o velho "breviário"que a direita nunca teve capacidade,nem força para aplicar.As dificuldades da Esquerda resultam do ataque simulado que se está praticando ás mordomias das corporações,mas este ataque para consumo mediático(pois não se passa para além do risco no verniz),é que tem credibilizado o Governo e baralhado uma esquerda,imobilista que tem imensa dificuldade em se mover no terreno,o que lhe tem roubado a base de apoio.As pessoas estão revoltadas com tudo o que se está a passar em sua volta,mas a força da propaganda que lhes diz o contrário que os olhos veêm,baralha-as e mantém-nas inertes e confusas.Cuidado,porque quando acordarem da anestesia,o acordar vai ser de quem desperta de um mau sonho,e aí não vai ser difícil á Esquerda capitalizar o seu descontentamento.E aí ou o Governo muda de "breviário"(os politiqueiros são bons nos actos miméticos) ou vai sofrer as consequências.São estranhos tempos em que vemos um Governo de maioria PS,fazendo uma Política de direita, e ouvirmos parecendo vir das brumas dos tempos,reclamações de Direita pedindo uma nova Lei das Sesmarias,e não são originárias do Alentejo.É todo um País á procura da sua Identidade.

sábado, julho 29, 2006  
Blogger PA said...

... identidade política !!!
Não ?

A fórmula de actuação e a imagem dos actuais partidos políticos portugueses está obsoleta e gasta.

E agora ?
A IV República ?

sábado, julho 29, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Where did you find it? Interesting read » » »

quarta-feira, abril 25, 2007  

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