Subida dos juros não é obstáculo à recuperação.

"Assim, a taxa directora do Banco Central Europeu vai subir um quarto de ponto percentual para 3%. Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal, e os seus colegas estão no melhor dos mundos. Com esta subida dão o sinal aos mercados que vão fazer tudo ao seu alcance para controlar as pressões inflacionistas derivadas da alta do preço do petróleo. Os últimos dados para a inflação europeia mostram uma taxa de 2,5%, longe do referencial de 2%. Portanto, a “vigilância reforçada” veio para ficar. E, em simultâneo, os banqueiros não afectam a recuperação na Europa. Isto parece desmentir a teoria económica, mas não. É verdade que os manuais explicam que uma subida dos juros trava as intenções de consumo e investimento. Mas desta vez, isto não deverá acontecer porque o nível dos juros continua historicamente baixo, não impedindo os agentes económicos de financiarem as suas actividades junto do sistema financeiro.Para Portugal, esta nova subida dos juros é mais um alerta para uma nova realidade. Com os juros baixos, as famílias e empresas têm o estímulo ao endividamento, mas o céu não é o limite. Ou seja, têm que ter em conta o seu nível de rendimento e capacidade de produção. Essa é a verdadeira restrição. Uma economia que consome mais do que produz não tem futuro."

Bruno Proença com Pedro Marques Pereira e António José Gouveia