Pactos de Regime e Democracia
- Até que ponto os pactos de regime - como aquele que o PS e o PSD acabam de subscrever na área da Justiça - são úteis, necessários e até indispensáveis para garantir a reforma e a credibilidade das instituições num Estado de direito democrático?
- Em que medida podem perverter e até subverter a substância e os mecanismos da própria democracia representativa?
[...As velhas clivagens ideológicas e os cenários de ruptura radical entre modelos de sociedade foram sendo substituídos pelo imperativo dos consensos em áreas fulcrais, nomeadamente naquelas que implicam a governabilidade para além dos ciclos eleitorais e legislativos. Em Portugal é esse, manifestamente, o caso da justiça.
Aberto um precedente, porque não alargar o horizonte dos compromissos e ousar ir mais longe?
O que explica a recusa do PS não são as reservas ideológicas, mas os cálculos estritamente (estreitamente) políticos. E, em particular, o facto de José Sócrates temer ficar prisioneiro na rede de um novo bloco central tecida por Cavaco Silva.
...é lícito argumentar que a lógica dos pactos de regime é perniciosa para a democracia representativa, na medida em que reduz o Parlamento a uma mera câmara de eco dos negócios políticos feitos nos bastidores - excluindo os partidos que neles não participaram e até a grande maioria dos deputados daqueles que formalmente os aprovaram. O problema é que os "excluídos" - ou seja: o CDS, o PCP e o Bloco de Esquerda - se limitam a uma agit-prop contra qualquer com- promisso reformador e os grupos parlamentares do PSD e do PS se diluem no anonimato da instrumentalização partidária.
O actual quadro parlamentar é talvez o mais enquistado, mais medíocre e menos livre das últimas três décadas, o que coloca uma questão fundamental à crise de representação política em Portugal.
...faz todo o sentido questionar a legitimidade democrática dos pactos de regime - o da justiça ou quaisquer outros. Mas o cepticismo e o desprezo que Sócrates hoje ostenta perante a instituição parlamentar não são muito diferentes daqueles que, no fundo, Cavaco tem (e teve) acerca dela...] Vicente Jorge Silva
3 Comments:
Cara Diana: reflectir sobre a III República é o mesmo que tentar saber como actuam as ratazanas cinzentas, estas as ratazanas são um bicho em que o grupo está acima de tudo e as lideranças são meras questões de organização.
Esta sociedade, falo da das ratazanas é muito complexa, mas uma coisa é sempre o mais importante, quem não tem o cheiro do grupo é eliminado liminarmente, mesmo que uma estranha se esfregue em alguma do grupo para disfarçar, mais tarde ou mais cedo é descoberta e eliminada. Assim funciona o status na III República, por mais que a retórica e o semantismo seja utilizado por algum incauto ou arrivista, não dura muito.E pensar que isto se aplica apenas ao centrão não é verdade, aplica-se a todos os que têm algum poder, seja para dizer que assim é que está bem, como para dizer que são oposição.
A III República é um saco de ratazanas que só se devoram entre elas se a fome apertar muito, coisa que no regime em causa raramente acontecerá, há sempre uns nacos para uns e migalhas para outros.Roma ao contrário do que dizia o anafado beiçolas paga aos traidores.
Quer dizer, então, a Toupeira, que propôe como solução, o rumo à IV República, e uma nova Constituição ?
Para mim está tudo podre ...
Claro que está!
E como se tenta salvar um corpo que tem um membro doente? Ou se amputa ou se aguarda que a natureza faça a graça.
Se fosse assim simples diria que sim, só que para o fazer será impossível e não estou a ver surgir uma convulsão social, que só será possível em caso de catástrofe natural global, coisa meramente hipotética ou um Deus sive natura que se irrite...
Veja que só agora descobriram da inconstitucionalidade de uma lei em vigor desde 91, foi uma amnistia gerl, eu também quero por causa das multas...
Matam-nos aos poucos, os bombistas matam logo, prefiro os terroristas radicais a estes crápulas, bandidos mafiosos, que tomaram conta do estado e o destruiram para utilizarem a máquina para fins pessoais e de grupo, não há excepções da esquerda à direita.
Está de facto tudo podre...
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