sexta-feira, outubro 20, 2006

O desplante do negócio de bazar

Este sítio não tem solução. Os humanos do grande rebanho estão de cócoras, esperam o euro milhões e a sexta feira é o prelúdio da depressão depois de verificarem a chave, até à próxima sexta feira…

Entretanto, à noite, aparece em tons pré preparados pelas televisões, com ar angélico, sorriso quanto baste, e tiques de coisa mal definida, um personagem que o imenso rebanho elegeu e que o regime decidiu chamar de primeiro ministro. Elegeu, nos intervalos das novelas da TVI, do trabalho, do roça o traseiro pelos cafés, (se recebe o rendimento mínimo ou a reformazinha), no intervalo das suas existências miseráveis, como a dos animais de zoológico que, a troco da ração, perderam a vontade e a razão da sua existência.

Sou como toupeira mais feliz.

Dizia a coisa de tendências indefinidas, com ar angélico, que afinal a Entidade Reguladora do Sector Eléctrico, afinal não era tão independente, e que ele, um ser benevolente e amante do povinho, de quem tem muita pena, não iria admitir um aumento de 16,5%, mas sim de 6, ou 8 % ou lá o que é, claro que antecipadamente mandou os ajudantes bobos, fazerem o papel de bobos, para que sua majestade aparecesse, travestida com gravatinha azul bebé, a fazer figura de santa, com cara de rata de sacristia.

Foi um momento de marketing típico dos negócios de bazar do Norte de África, pede 100 para vender por 5, e os ursos a assistir, com pressa de ver o resultado do euromilhões, afinal os aumentos são só para o ano que vem, as ovelhas são mansas e os nuestros hermanos agradecem aos lacaios.

As oposições fizeram o papel deles, ladraram, pouco convincentes, é certo, porque é conveniente falar baixo, não vá algum espanhol marcá-lo e não lhes dar emprego, quando a Ibéria se constituir em tratado pelos traidores.

Lembro para quem tiver paciência as palavras de um visionário:

…”Não devemos pois ocultar aos nossos olhos o que está oculto no seio dessa cultura socrática!* O optimismo iludindo-se sem limites! Não devemos pois espantar-nos se os frutos desse optimismo amadurecem, se a sociedade, acidulada por tal cultura até às camadas inferiores, estremece a pouco e pouco com exuberantes convulsões e desejos, se a crença na possibilidade de tal cultura universal do saber, se transforma a pouco e pouco na exigência ameaçadora de tal felicidade terrena de tipo alexandrino, na invocação de um deus ex machina euripidiano! Note-se: a cultura alexandrina necessita de um estado social de escravatura, a fim de poder existir a longo prazo, porém ela nega, na sua visão existencial optimista, a necessidade de tal estado social, indo por isso, quando o efeito das suas belas palavras de sedução e apaziguamento acerca da «dignidade do ser humano» e a «dignidade do trabalho» se encontra gasto, a pouco e pouco ao encontro da sua medonha destruição. Não há nada mais terrível do que um estado social bárbaro de escravos que tenha aprendido a encarar a sua existência como sendo uma injustiça e se propõe vingança, não apenas em proveito seu mas de todas as gerações.” Nietzsche in “O nascimento da tragédia”

*Não confundir com socratina. Eh,eh,eh…

Boa nôte, se quiserem…

1 Comments:

Blogger PA said...

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"Não há nada mais terrível do que um estado social bárbaro de escravos que tenha aprendido a encarar a sua existência como sendo uma injustiça ..."

__________ E para quando, a vingança ?

Magnífico texto, pela noção da amarga realidade, deste País, Toupeirinha.

______________ Bluff, muito bluff !!!

sábado, outubro 21, 2006  

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