Jornalismo "intelectual".
"O primeiro dia da 13ª edição do festival patrocinado pela melhor cerveja da Península Ibérica foi um sucesso a nível de adesão de público. Mesmo sem números oficiais, estima-se que mais 35 mil pessoas compareceram no Parque Tejo. Grande parte delas seduzidas pela presença dos Metallica. Mas foi preciso esperar - e muito - pela chegada dos grandes senhores de "Kill'em All".
A meio da tarde, a primeira banda causou logo espanto - e isso tanto pode ser bom como mau. Os Men-Eater laboraram um amontoado sonoro capaz de provocar turbulência no ar ao ponto de quase impedir os levantamentos e as aterragens dos aviões no aeroporto da Portela que ali fica perto. O vocalista não cantou - emitiu uns grunhidos num idioma imperceptível. O JN passou 17 minutos a tentar perceber se o homem adoptava a língua portuguesa, inglesa ou o aramaico. Infelizmente, não chegámos a qualquer conclusão e, como tal, pedimos desculpas aos nossos leitores.
Mais do mesmo
Sem demoras, seguiram-se os More Than a Thousand, outros da mesma casta. Os guitarristas abanavam o tronco e cabeça como se enxotassem abelhas alojadas no cerebelo. Desconhece-se se terão uma grande carreira pela frente. Todavia, caso a banda se dissolva, os seus membros terão futuro garantido como sonoplastas de filmes de terror ou de documentários sobre animais selvagens para a National Geographic. O mesmo se aplica aos Mastodon e aos Blood Brothers - ainda que estes últimos tenham mostrado, aqui e ali, bons apontamentos de electro-metal (seja lá o que isso for). Dos Mastodon e Stone sour nem vale a pena falar pura banalidade.
Enquanto a noite chegava, dilatava a ansiedade para ver os irresistíveis Metallica, de longe a banda mais apetecível do arranque do Super Rock. Mas isso só aconteceria depois do fecho desta edição e, momentos antes, fomos obrigados a suportar tortura. A sério. Por causa de Joe Satriani.
Segundo as nossas contas, em Março de 1972, Joe Satriani tinha 16 anos. Foi nesse mês que a NASA lançou para o espaço a sonda Pioneer 10, o primeiro objecto construído pelo homem a sair para fora do sistema solar rumo a uma viagem sem retorno. Ora, importa levantar uma questão quem foi o responsável pelo facto de Satriani não ter embarcado na dita sonda? Convém apurar responsabilidades. Satriani ficou na Terra. E as consequências, hoje, são gravíssimas: ele é o músico mais chato da troposfera.
Que lugar para Paredes?
Ontem, no palco Super Rock, isso foi bem visível. Satriani? Nele tudo merece ser desancado do exibicionismo virtuoso ao onanismo guitarrístico. Os seus dedos esquadrinham o braço da guitarra para erigir nada mais do que uma maçada exorbitante, uma estopada inaturável vinda de quem privilegia a técnica e se olvida da imaginação - e o Super Rock, até ver, não é um festival de ginástica. Os fãs gostam de apregoar o facto de Satriani ser "o 7º melhor guitarrista de sempre". E que significa isso? Ninguém sabe. Aliás, em que lugar ficou Carlos Paredes nessa lista? Ninguém sabe.
Sejamos realistas é menos nocivo para a saúde ver sete concertos seguidos dos Judas Priest (ou até oito) do que uma hora de concerto do Satriani. De certeza que a música de Joe Satriani faz mal às àrvores - proíbam-na! Livrai-nos deste jactancioso para que doravante não mais cá venha semear o tédio. Como se tudo isto não bastasse, Satriani é ainda caudaloso na azeitona espremida. "
Cristiano Pereira no JN
A meio da tarde, a primeira banda causou logo espanto - e isso tanto pode ser bom como mau. Os Men-Eater laboraram um amontoado sonoro capaz de provocar turbulência no ar ao ponto de quase impedir os levantamentos e as aterragens dos aviões no aeroporto da Portela que ali fica perto. O vocalista não cantou - emitiu uns grunhidos num idioma imperceptível. O JN passou 17 minutos a tentar perceber se o homem adoptava a língua portuguesa, inglesa ou o aramaico. Infelizmente, não chegámos a qualquer conclusão e, como tal, pedimos desculpas aos nossos leitores.
Mais do mesmo
Sem demoras, seguiram-se os More Than a Thousand, outros da mesma casta. Os guitarristas abanavam o tronco e cabeça como se enxotassem abelhas alojadas no cerebelo. Desconhece-se se terão uma grande carreira pela frente. Todavia, caso a banda se dissolva, os seus membros terão futuro garantido como sonoplastas de filmes de terror ou de documentários sobre animais selvagens para a National Geographic. O mesmo se aplica aos Mastodon e aos Blood Brothers - ainda que estes últimos tenham mostrado, aqui e ali, bons apontamentos de electro-metal (seja lá o que isso for). Dos Mastodon e Stone sour nem vale a pena falar pura banalidade.
Enquanto a noite chegava, dilatava a ansiedade para ver os irresistíveis Metallica, de longe a banda mais apetecível do arranque do Super Rock. Mas isso só aconteceria depois do fecho desta edição e, momentos antes, fomos obrigados a suportar tortura. A sério. Por causa de Joe Satriani.
Segundo as nossas contas, em Março de 1972, Joe Satriani tinha 16 anos. Foi nesse mês que a NASA lançou para o espaço a sonda Pioneer 10, o primeiro objecto construído pelo homem a sair para fora do sistema solar rumo a uma viagem sem retorno. Ora, importa levantar uma questão quem foi o responsável pelo facto de Satriani não ter embarcado na dita sonda? Convém apurar responsabilidades. Satriani ficou na Terra. E as consequências, hoje, são gravíssimas: ele é o músico mais chato da troposfera.
Que lugar para Paredes?
Ontem, no palco Super Rock, isso foi bem visível. Satriani? Nele tudo merece ser desancado do exibicionismo virtuoso ao onanismo guitarrístico. Os seus dedos esquadrinham o braço da guitarra para erigir nada mais do que uma maçada exorbitante, uma estopada inaturável vinda de quem privilegia a técnica e se olvida da imaginação - e o Super Rock, até ver, não é um festival de ginástica. Os fãs gostam de apregoar o facto de Satriani ser "o 7º melhor guitarrista de sempre". E que significa isso? Ninguém sabe. Aliás, em que lugar ficou Carlos Paredes nessa lista? Ninguém sabe.
Sejamos realistas é menos nocivo para a saúde ver sete concertos seguidos dos Judas Priest (ou até oito) do que uma hora de concerto do Satriani. De certeza que a música de Joe Satriani faz mal às àrvores - proíbam-na! Livrai-nos deste jactancioso para que doravante não mais cá venha semear o tédio. Como se tudo isto não bastasse, Satriani é ainda caudaloso na azeitona espremida. "
Cristiano Pereira no JN
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