terça-feira, setembro 25, 2007

DESIGUALDADE DE OPORTUNIDADES

"Por causa do pacto de regime para a Justiça, o dr. Menezes acusou o dr. Mendes de libertar "homicidas, ladrões, pedófilos e violadores". Esta loucura decerto torna perigosas as derradeiras iniciativas dos candidatos à liderança do PSD. Por azar, não o suficiente para os manter quietos e calados. Assim, cada um deles continua por aí, a desfiar os argumentos que impedem o adversário de merecer o cargo em questão e os cidadãos de os aturar a ambos. Não é um espectáculo bonito. Mas não justifica a recorrente, e desfavorável, comparação com a última disputa interna do PS. Segundo a tese em voga, no PS em 2004 confrontaram-se ideias, projectos e visões do mundo. Engraçado. Não tinha essa impressão. Com esforço, recordo insultos mútuos, acusações de fraude e, se formos generosos, a deprimente discussão em volta da "lealdade" ideológica. O tempo, que tende a ornamentar as memórias, pelos vistos encheu de pechisbeques dourados a coroação de Sócrates. Se não estou em erro, o único pechisbeque real chamava-se Santana Lopes, na altura com dois meses de primeiro-ministro e a dois meses de deixar de o ser. Para todos os efeitos, incluindo o efeito Sampaio, as eleições socialistas destinavam-se praticamente a designar o chefe de Governo, pormenor que faz milagres pela grandeza do "debate". No PSD luta-se para chegar a nenhures. Ao invés dos desastres de Santana e dos desastres atribuídos a Santana, Sócrates oferece vestígios de estabilidade ou são-lhe atribuídos vestígios de estabilidade. De qualquer forma, não ameaça cair amanhã. E esta flagrante diferença, muito mais de oportunidade que de mérito individual, é a principal razão pela qual uns se arrastam em jantares-convívio na província, a adormecer a nação, enquanto o outro paira por Washington, a correr no Mall e a divertir Bush com preocupações sobre o "Médio Ocidente".

Alberto Gonçalves

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