A CONVERSAR É QUE A GENTE SE ENTENDE
"É difícil averiguar se as últimas gravações de Bin Laden assinalam o início de uma carreira a solo e provam a tese do Daily Telegraph, que noticiou a despromoção do sujeito no comando da Al-Qaeda por troca com o sr. Zawahiri. Se calhar, a decisão de escurecer a grisalha barba traiu uma vaidade ofensiva para Maomé. Não importa. Importa que, a confirmar-se a substituição, o Ocidente perde aquele que, na opinião de figuras tão ilustres quanto o dr. Mário Soares e o Dalai Lama, era um interlocutor privilegiado nas indispensáveis negociações com a demência islâmica. Felizmente, a apreensão esvai-se quando se conhece uma das recentes mensagens da organização, uma porta aberta à compreensão mútua e à harmonia civilizacional.
O vídeo, divulgado na Internet, é assinado por uma Al Tanzim, empresa que se especula ser a nova responsável pela assessoria de imprensa da Al-Qaeda. E o tom, desde que atentamente interpretado, é de mudança e óbvia cedência: agora, a respeitada instituição contenta-se em "levar o terrorismo aos países ocidentais para convertê-lo num fenómeno semelhante às catástrofes naturais."
Aparentemente, a Al-Qaeda renunciou a dizimar-nos por completo, o que, parecendo que não, sempre complicava o entendimento. Na era Zawahiri, um "acto de extermínio" (cito) ocasional basta para cumprir os mínimos. Há aqui generosidade. E há aqui clareza: pela primeira vez, é possível medir a dimensão do terror islâmico pela escala dos terramotos ou pelo nível de água das enchentes, o que facilita que as partes se sentem enfim à mesa e regateiem um acordo:
- Estamos a pensar em cometer uma catastrofezita "natural" lá para Janeiro.
- Que chatice. E têm ideia da dimensão?
- Não sei. Uma coisa tipo 8 graus de Richter na baixa de Chicago.
- 8 graus é muito. Não se arranja 5 graus em Chicago e dois ou três furacões fraquitos em Frankfurt?
- Os meus amigos brincam. Não abdicamos de 6,5 graus em Washington e um tsunami decente na Riviera francesa.
- Esqueçam a Riviera. Tirem meio grau a Washington e avancem com um dilúvio médio em Paris.
- Negócio fechado. Ah, e não vale a pena lembrar que exigimos a aniquilação de Israel.
- Feito! Foi um prazer negociar convosco.
Eis a verdade: doravante, é inaceitável recusar conversas com a Al-Qaeda sob o pretexto de que a Al-Qaeda nem sequer reclama contrapartidas. A acreditar no mencionado vídeo, reclama sim: um "equilíbrio dissuasor" (volto a citar) entre ambos os lados, em que eles dissuadem o nosso sossego e nós dissuadimos a frustração deles. Claro que isto também se alcança sem diálogo, mas é escusado sermos anti-páticos. "
O vídeo, divulgado na Internet, é assinado por uma Al Tanzim, empresa que se especula ser a nova responsável pela assessoria de imprensa da Al-Qaeda. E o tom, desde que atentamente interpretado, é de mudança e óbvia cedência: agora, a respeitada instituição contenta-se em "levar o terrorismo aos países ocidentais para convertê-lo num fenómeno semelhante às catástrofes naturais."
Aparentemente, a Al-Qaeda renunciou a dizimar-nos por completo, o que, parecendo que não, sempre complicava o entendimento. Na era Zawahiri, um "acto de extermínio" (cito) ocasional basta para cumprir os mínimos. Há aqui generosidade. E há aqui clareza: pela primeira vez, é possível medir a dimensão do terror islâmico pela escala dos terramotos ou pelo nível de água das enchentes, o que facilita que as partes se sentem enfim à mesa e regateiem um acordo:
- Estamos a pensar em cometer uma catastrofezita "natural" lá para Janeiro.
- Que chatice. E têm ideia da dimensão?
- Não sei. Uma coisa tipo 8 graus de Richter na baixa de Chicago.
- 8 graus é muito. Não se arranja 5 graus em Chicago e dois ou três furacões fraquitos em Frankfurt?
- Os meus amigos brincam. Não abdicamos de 6,5 graus em Washington e um tsunami decente na Riviera francesa.
- Esqueçam a Riviera. Tirem meio grau a Washington e avancem com um dilúvio médio em Paris.
- Negócio fechado. Ah, e não vale a pena lembrar que exigimos a aniquilação de Israel.
- Feito! Foi um prazer negociar convosco.
Eis a verdade: doravante, é inaceitável recusar conversas com a Al-Qaeda sob o pretexto de que a Al-Qaeda nem sequer reclama contrapartidas. A acreditar no mencionado vídeo, reclama sim: um "equilíbrio dissuasor" (volto a citar) entre ambos os lados, em que eles dissuadem o nosso sossego e nós dissuadimos a frustração deles. Claro que isto também se alcança sem diálogo, mas é escusado sermos anti-páticos. "
Alberto Gonçalves
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