Endividamento das famílias - finalmente a preocupação
"Só surgirão resultados interessantes quando a informação for massificada em campanhas nas televisões, rádios, jornais e revistas.
“E os que não fazem nada, nunca se enganam”.
Théodore de Banville (1823-1891)
Por várias vezes e nestas mesmas páginas, manifestei a minha grande preocupação face à dinâmica crescente do endividamento das famílias portuguesas. O endividamento que em 2006 subiu para 124% do rendimento disponível, não deixa qualquer margem de dúvida relativamente à minha preocupação. De referir ainda, que na zona euro, só a Holanda apresenta valores superiores ao nosso.
Numa economia como a nossa, pequena, completamente aberta ao exterior, com taxas de desemprego a rondar os 8%, taxa de crescimento do produto abaixo dos 2% e com as taxas de juro do Banco Central Europeu a subirem, não é sustentável esta situação. Pelo contrário, a tendência será para um agravamento com muitas famílias a não terem capacidade de solver as suas responsabilidades atempadamente, criando um valor cada vez maior de incumprimentos financeiros.
A minha preocupação nesta matéria, é pois de longa data. Estranhamente e até à semana passada, as preocupações oficiais eram moderadas. Mas com a vinda de Rodrigo Rato (Director Geral do Fundo Monetário Internacional) tudo parece ter mudado. Depois da sua manifestação de preocupação face ao endividamento da economia portuguesa (famílias, empresas e Estado), todos os comentários oficiais passaram a ser orientados, não pela prudência habitual, mas sim com “grande preocupação” pelo fenómeno do endividamento, especialmente aquele que diz respeito às famílias. De facto, foi necessário um comentário exógeno ao país e à economia portuguesa, para num ápice todos chegarem à conclusão que na realidade o endividamento das famílias apresenta-se grave e num cenário que nada ajuda a dissipar os contornos dessa realidade.
Tenho também referenciado, o que há muito está em falta e que em minha opinião poderia certamente ajudar as famílias a controlar os seus gastos e a sua exposição ao mercado do crédito. Refiro-me concretamente ao papel pedagógico e profiláctico que o Instituto do Consumidor deveria há muito ter registado.
Só um conjunto de acções profilácticas, perfeitamente dirigidas e massificadas poderiam ajudar as decisões futuras de endividamento das famílias. Refiro-me concretamente, a acções e campanhas divulgadas nas televisões, rádios, jornais e revistas, que de forma permanente avisassem o cidadão para os riscos de um endividamento mal calculado e da consequente exposição a situações potencialmente nefastas para o equilíbrio dos seus orçamentos familiares. O que o Instituto do Consumidor tem para oferecer e tem oferecido nesta matéria, é claramente ínfimo, minimalista e muito pouco eficaz. Pergunte-se a um cidadão do interior do nosso país, da periferia dos grandes centros urbanos ou mesmo das grandes cidades, se têm conhecimento do Instituto do Consumidor, os serviços de aconselhamento que presta ou o tipo de ajuda que aí poderão encontrar. Seria bem interessante que responsáveis do ministério da economia fizessem este inquérito e iriam chegar à conclusão que está tudo por fazer nesta área de ajuda e de profilaxia ao endividamento das famílias.
Aparecer de quando em vez na a imprensa e mostrar a preocupação no tema, lembrando que existe um gabinete especializado no atendimento destas situações, é muito, muito pouco. E poder-se-ia fazer muito mais, bastando seguir a sugestão aqui reflectida.
É bom que as entidades com responsabilidade nesta matéria interiorizem, que só surgirão resultados interessantes quando a informação for massificada. Quando qualquer português tenha conhecimento de locais concretos, descentralizados por todo o país e onde possa recorrer para ser ajudado nas suas decisões de endividamento. Mas à anteriori! Porque se a actuação for à posteriori, já quando se faz sentir o peso de valores em incumprimento, já será tarde para a maior parte dos casos e nada resolverá. Há que chegar próximo de todos os portugueses e não reservar a macrocefalia de Lisboa só para alguns (os que vivem na sua zona de acção), mesmo assim duvido muito que mais que 5% dos portugueses com dúvidas nesta área saibam onde se dirigir.
O endividamento das famílias é grave! E é como tal que tem que ser enfrentado. De frente, sem tibiezas e com acção. Que se faça o que há muito a situação clama e certamente que a geração vindoura de endividados irá ter o seu percurso equilibrado e sem percalços. "
António Gaspar
“E os que não fazem nada, nunca se enganam”.
Théodore de Banville (1823-1891)
Por várias vezes e nestas mesmas páginas, manifestei a minha grande preocupação face à dinâmica crescente do endividamento das famílias portuguesas. O endividamento que em 2006 subiu para 124% do rendimento disponível, não deixa qualquer margem de dúvida relativamente à minha preocupação. De referir ainda, que na zona euro, só a Holanda apresenta valores superiores ao nosso.
Numa economia como a nossa, pequena, completamente aberta ao exterior, com taxas de desemprego a rondar os 8%, taxa de crescimento do produto abaixo dos 2% e com as taxas de juro do Banco Central Europeu a subirem, não é sustentável esta situação. Pelo contrário, a tendência será para um agravamento com muitas famílias a não terem capacidade de solver as suas responsabilidades atempadamente, criando um valor cada vez maior de incumprimentos financeiros.
A minha preocupação nesta matéria, é pois de longa data. Estranhamente e até à semana passada, as preocupações oficiais eram moderadas. Mas com a vinda de Rodrigo Rato (Director Geral do Fundo Monetário Internacional) tudo parece ter mudado. Depois da sua manifestação de preocupação face ao endividamento da economia portuguesa (famílias, empresas e Estado), todos os comentários oficiais passaram a ser orientados, não pela prudência habitual, mas sim com “grande preocupação” pelo fenómeno do endividamento, especialmente aquele que diz respeito às famílias. De facto, foi necessário um comentário exógeno ao país e à economia portuguesa, para num ápice todos chegarem à conclusão que na realidade o endividamento das famílias apresenta-se grave e num cenário que nada ajuda a dissipar os contornos dessa realidade.
Tenho também referenciado, o que há muito está em falta e que em minha opinião poderia certamente ajudar as famílias a controlar os seus gastos e a sua exposição ao mercado do crédito. Refiro-me concretamente ao papel pedagógico e profiláctico que o Instituto do Consumidor deveria há muito ter registado.
Só um conjunto de acções profilácticas, perfeitamente dirigidas e massificadas poderiam ajudar as decisões futuras de endividamento das famílias. Refiro-me concretamente, a acções e campanhas divulgadas nas televisões, rádios, jornais e revistas, que de forma permanente avisassem o cidadão para os riscos de um endividamento mal calculado e da consequente exposição a situações potencialmente nefastas para o equilíbrio dos seus orçamentos familiares. O que o Instituto do Consumidor tem para oferecer e tem oferecido nesta matéria, é claramente ínfimo, minimalista e muito pouco eficaz. Pergunte-se a um cidadão do interior do nosso país, da periferia dos grandes centros urbanos ou mesmo das grandes cidades, se têm conhecimento do Instituto do Consumidor, os serviços de aconselhamento que presta ou o tipo de ajuda que aí poderão encontrar. Seria bem interessante que responsáveis do ministério da economia fizessem este inquérito e iriam chegar à conclusão que está tudo por fazer nesta área de ajuda e de profilaxia ao endividamento das famílias.
Aparecer de quando em vez na a imprensa e mostrar a preocupação no tema, lembrando que existe um gabinete especializado no atendimento destas situações, é muito, muito pouco. E poder-se-ia fazer muito mais, bastando seguir a sugestão aqui reflectida.
É bom que as entidades com responsabilidade nesta matéria interiorizem, que só surgirão resultados interessantes quando a informação for massificada. Quando qualquer português tenha conhecimento de locais concretos, descentralizados por todo o país e onde possa recorrer para ser ajudado nas suas decisões de endividamento. Mas à anteriori! Porque se a actuação for à posteriori, já quando se faz sentir o peso de valores em incumprimento, já será tarde para a maior parte dos casos e nada resolverá. Há que chegar próximo de todos os portugueses e não reservar a macrocefalia de Lisboa só para alguns (os que vivem na sua zona de acção), mesmo assim duvido muito que mais que 5% dos portugueses com dúvidas nesta área saibam onde se dirigir.
O endividamento das famílias é grave! E é como tal que tem que ser enfrentado. De frente, sem tibiezas e com acção. Que se faça o que há muito a situação clama e certamente que a geração vindoura de endividados irá ter o seu percurso equilibrado e sem percalços. "
António Gaspar
posted by Dr. Assur at 19:51
1 Comments:
De facto a prevenção e a profilaxia do problema ou o tratamento do mesmo , seria a não existência do mesmo se a prevenção ou a vacinação tivesse sido feita, quanto ao tratamento, ao que parece estava tudo bem até chegar um senhor de um dos organismos que fazem as regras do consenso de Washington, que sempre defenderam o freemarket a todos os níveis, salários e trabalho e todos os outros mercados, essencialmente o financeiro, parecendo que não tem nada a ver com a economia real.
Depois dos neoliberais e os seus revisionistas, pedirem a intervenção dos bancos centrais ou do Fed nos mercados, o que não lembra ao diabo, cruzes canhoto, intervir no mercado, regular o mercado que coisa hedionda, que pecado obra do diabo!... Continuam a apregoar a aplicação do mesmo tipo de medidas nos EU, no Brasil ou no México e já agora em todos os do BRIC, sem ter em conta a especificidades locais, o que só pode ser brincadeira de mau gosto e tratar os que não são economistas como atrasados mentais.
Aqui o que se faz é o que as financeiras mandam, sendo o Banco de Portugal uma loja de vão de escada, que nem responde a reclamações simples de clientes abusados por bancos e que por exemplo quando se trata de amortizar a totalidade de uma dívida, que muitos chamam de multa, eles chamam de despesas de administração, por exemplo em 10 000€, 10% são despesas de administração e o BP responde que isso não é com ele.
Portanto isto é como a PRP, e a defesa do consumidor e o governo, estão de facto dependentes de quem financia as campanhas políticas, porque se não como teriam os lucros que têm, pagando os impostos que pagam?
O que vai acontecer se a bola de neve crescer, é o incumprimento, a desobediência civil e o resto já entra no campo da futurologia, pelo menos da minha.
Veja-se o caso de Greenspan, depois de fazer o que fez, diz para Pilatos que lavou entretanto as mãos, que ele como sumo sacerdote irá aplicar a sua justiça.
Parece que agora veio para o Deutsch Bank, aparar o mercado de subprime, de subprime de suprime…. e por aí fora, porque isto é o lixo dos senhores de Wall Street
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