RETORNO AO PAÍS RELATIVAMENTE REAL
"Na prática, terminou o Verão, o mais frio dos últimos vinte anos. A culpa, decerto, é do aquecimento global. Inexplicavelmente, o Live Earth não salvou a Terra. Nem salvou a pequena Maddie, o PSD, o Benfica e a directora do Museu Nacional de Arte Antiga. Do mal, o menos: Portugal manda na Europa, a Câmara de Lisboa arranjou um vereador que quer vender amêijoas do Tejo, o eng. Sócrates distribui computadores de porta em porta, o assessor do dr. Menezes é um especialista em Bergman e na Wikipédia, o BCP resolveu as suas apaixonantes desavenças. E, não esquecer, comemorou-se o acidente de Diana Spencer, e o facto de um carro conduzido a 200 km/h por um ébrio não ter morto parisienses inocentes.
Terminou o Verão. Parece que vem aí um Outono quente. E parece que vêm ratos, 750 milhões de ratos que em Agosto cirandaram por Espanha a arrasar cultivos. Não duvido que os cultivos fossem geneticamente modificados e os ratos activistas ecológicos. Garantido é que são ratos e que estão na fronteira com o Nordeste Transmontano. Eu também. A minha casa dista cinco quilómetros do pedaço da raia em que os roedores/activistas se concentraram, talvez por via de SMS. Escrevo isto com o computador no colo, a caçadeira ao lado e os cães à solta. Da janela acompanho a orla dos outeiros e perscruto movimentos suspeitos. Acho que vi um bicho na curva da estrada. Dêem-me licença por um momento. Afinal, era o meu cão. Dêem-me licença outra vez. Agora não é o meu cão. Agora sim, fechou-se a silly season, quase tão insuportável quanto a expressão propriamente dita. Agora é a sério."
Alberto Gonçalves
Terminou o Verão. Parece que vem aí um Outono quente. E parece que vêm ratos, 750 milhões de ratos que em Agosto cirandaram por Espanha a arrasar cultivos. Não duvido que os cultivos fossem geneticamente modificados e os ratos activistas ecológicos. Garantido é que são ratos e que estão na fronteira com o Nordeste Transmontano. Eu também. A minha casa dista cinco quilómetros do pedaço da raia em que os roedores/activistas se concentraram, talvez por via de SMS. Escrevo isto com o computador no colo, a caçadeira ao lado e os cães à solta. Da janela acompanho a orla dos outeiros e perscruto movimentos suspeitos. Acho que vi um bicho na curva da estrada. Dêem-me licença por um momento. Afinal, era o meu cão. Dêem-me licença outra vez. Agora não é o meu cão. Agora sim, fechou-se a silly season, quase tão insuportável quanto a expressão propriamente dita. Agora é a sério."
Alberto Gonçalves
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