segunda-feira, outubro 29, 2007

Os gestores de um mundo desregulado

Como não sabiam?
Mira Amaral não sabia nem previa?
E os outros Miras Amarais?
(A propósito de um post do Dr Assur)...
O artigo estava escrito e o resto veio a calhar que nem ginjas, infelizmente o mundo está muitop perigoso...
No "Le Monde" de 10 de Setembro de 1999, vinha um artigo,” Golden cadres” que se cita:
“ O trabalho de um homem, patrão ou quadro superior, vale, em competência e experiência treze mil vezes mais do que o trabalho de um outro homem?... O dinheiro enlouquece… E eis o capitalismo empresarial completamente nelouquecido, construindo na desmesura, na indecência, na inconsciência e no cinismo a fortaleza dos privilegiados…criando no interior das próprias empresas uma sociedade a duas velocidades, com dois universos, os accionistas e os outros, os especuladores, e os assalariados de base.”

Um caricaturista, Plantu, acerca da doença das vacas loucas, que melhor seria dizer dos homens loucos, colocava um carneiro a dizer reprovadoramente a uma vaca: “ Com que então andou a comer carne de vaca! "

Em 1991 Larry Summers, economista do Banco Mundial declarava:
“ (Entre vós e eu...) não deverá (este banco) dar preferência à transferência das indústrias poluentes para os países mais atrasados? (…) O cálculo do custo de uma poluição perigosa para a saúde depende dos lucros absorvidos pelo crescimento da doença e da mortalidade (…) Penso que a lógica económica segundo a qual os resíduos tóxicos deverão ser lançados onde os salários são mais baixos é uma lógica imbatível”.
Citado em Régis Nemoz: Le vrai visage du liberalism”

Há dias passou um documentário na televisão SIC se não estou em erro, acerca de uma criança com doença de Creuzfeldt-Jakob. O documentário abordou o problema humano mas pouco se referiu aos causadores da desgraça. Aquela criança/adolescente aguarda a morte sem esperança, com a angústia e o sofrimento dos pais e familiares.
Deus aqui não tem nada a ver.
Tem a ver com um deus assim, num mundo assim:
O lucro fácil, a plutocracia instalada por esse mundo fora e os ideais liberais levados ao extremo sem limites, o deus deles, o mercado livre e desregulado e com este a perda de valores dos secularistas evangélicos que acham que a ciência consegue tudo e o materialismo em voga resolverão os problemas da humanidade.

A doença das vacas loucas, a peste suína, o caso das galinhas belgas alimentadas a dioxinas, o caso dos frangos medicados com furanos, a gripe das aves, a insensibilidade que o sistema produtivo em larga escala conduz a que pacíficos ruminantes sejam transformados em carnívoros homófagos, alimentados com farinhas feitas de carnes dos seus semelhantes, utilização de farinhas adulteradas, insuficientemente aquecidas por causa do preço líquido, acaba por determinar o abate de manadas inteiras, e de milões e milhões de outras espécies, isto é, a destruição do capital que pretendia maximizar.
Causas e efeitos podem ser aqui baralhados como se quiser.
O The Lancet de 20 de Março de 1999 dizia: “ Só daqui a vários anos saberemos se a epidemia vai atingir centenas ou centenas de milhares de pessoas”
Uma certeza é que a doença do homem louco é transmissível à vaca”.
A divisão dos povos, as desigualdades sociais extremas, a destruição da natureza só podem levar ao que se assiste hoje em dia, a humanidade resignada (?), o rebentar da bolha financeira e a recusa em aceitar sistematicamente os sacrifícios em nome do défice, da inflação, do crescimento económico, enquanto os de sempre, usam o estado em seu benefício e as instituições financeiras que nada produzem, apoiam esses mesmos homens dos estados, seus funcionários e vivem á sombra da desgraça da humanidade.

De repente surgem notícias muito perturbantes e dou apenas umas palavras:

Biocombustíveis, cereais, preço do pão e do petróleo, porque somos todos ursos.

Aquilo que muita gente sabia há muitos meses, sobre o preço do petróleo ( escrevi um artigo acerca dos biocombustíveis, que não tem directamente a ver mas que está ligado), vêm dizer agora que seria impensável, há semanas?!!!! Há meses, bastava ver o mercado de futuros e o comportamento dos derivados ou derivativos e por aí fora…
Caso de Mira Amaral e de outros gestores desta praça falida.
Eu nem para me varrerem o quintal os queria.
Então não era previsível?
Não tem nada a ver com os americanos acordarem com uma enxaqueca, com os turcos ou com o raio que parta os jornalista e seus patrões.
Chama-se especulação, desregulação, neoliberalismo, freemarket desregulado, Consenso de Washington, destruição dos estados por organizações supranacionais, que têm nome.
Trilateral chega ou querem mais?
Sei mas não digo.

38 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Diz o tal Mira:

"Os excedentes comerciais da China e a elevada renda petrolífera dos países produtores de petróleo criaram uma grande liquidez no sistema financeiro internacional.

Esse excesso de liquidez esbateu a sensibilidade e as precauções em relação à tomada de risco pelos investidores. Por outras palavras, o risco estava barato e, por isso, havia crédito barato e abundante.

A crise financeira desencadeada pelos problemas do segmento baixo do mercado hipotecário americano (o ‘sub-prime mortgage’) veio secar a liquidez e provocar um ‘repricing’ generalizado do risco em todos os segmentos do mercado. O crédito tornou-se mais escasso e mais caro, o que do ponto de vista da correcção dos excessos cometidos, até não seria mau. O problema é que a crise financeira vai, fatal e inexoravelmente, afectar o lado real da economia, a chamada economia real. Tal teria que acontecer pois a economia é um sistema, com dois lados, o financeiro e o real, a interagirem.

Assiste-se já a uma revisão em baixa das projecções de crescimento económico mundial, americano, europeu e português. Más notícias pois para nós, que já tínhamos um crescimento anémico e mais anémico poderá ficar. A acrescer a isto as crescentes dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo económico espanhol, tema que abordaremos em próximo artigo. A Espanha, altamente dependente do mercado imobiliário e das taxas de juro, vai ter a sua ‘performance’ económica afectada e, por via disso, estará posta em causa aquela economia que tem sido um dos motores do crescimento das nossas exportações.

As autênticas e chocantes vigarices passadas no ‘sub-prime mortgage’ americano, bem descritas em artigos do “Business Week”, lembram-nos o comentário que nestas colunas fizemos no artigo “A purga da ‘corporate’ America” aquando dos escândalos contabilísticos das empresas como a Enron. Dizíamos nós que se tal se passasse nos países do “Med Club” o que diriam de nós os americanos...

O problema é que nos mercados financeiros muito desenvolvidos e sofisticados, como o americano, o mercado de crédito hipotecário transformou-se num mercado de activos: não interessa o rendimento do devedor, o que interessa é o activo (a casa) que ele vai comprar com o empréstimo. Por isso é que se chama a esse tipo de empréstimos os “NINJA - ‘No income no jobs or assets’” daquele que pediu o empréstimo. Enquanto o valor das casas for subindo, a instituição credora está segura pois, se o devedor não pagar, o emprestador vai-lhe buscar o activo que entretanto já se valorizou... O problema é quando a bolha imobiliária estoira e o valor do activo começa a descer...

O problema do ‘sub-prime mortgage’ não é infelizmente apenas um problema que fique confinado aos EUA. Tal é imediatamente passado ao sistema financeiro internacional e por via disso à economia mundial, basicamente por dois mecanismos: (1) com os actuais sistemas de informação e comunicação, qualquer problema numa praça financeira é transmitido imediatamente a todo o mundo; (2) com a actual inovação financeiro temos cada vez mais: mercados de crédito e segmentos dos mercados obrigacionistas cada vez mais alavancados no refinanciamento das hipotecas; formas de titularização mais complexas que levam a que cada operação seja partida em diversas partes, com graus de risco diferenciados, que depois são agregados em novos produtos com ‘ratings’ que permitem a sua colocação no mercado (aqui parece que as agências de ‘rating’ facilitaram as coisas...) Os produtos mais conhecidos hoje em dia neste contexto dividem-se basicamente em ABS (’asset backed securities’) e CDO (’colateralized debt obligations’), consoante repousem em acções ou em títulos da dívida.

É então fácil de perceber que os produtos financeiros colocados em todo o mundo podem ter incorporados tranches de ‘loans’ do ‘sub-prime mortgage’ americano. Neste contexto, julgo que ainda não se conhece a verdadeira e real extensão da contaminação desses ‘loans’ ao sistema financeiro internacional."

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Parece-me mal explicada a passagem do excesso de liquidez da China e produtores de petróleo para o que se decidiu chamar "falta de liqui dez", de há dias atrás.O que aconteceu ,julgo,foi que financiadoras de hipotecas de risco vieram ao mercado bancário de repente,o que fez disparar as taxas dos empréstimos entre instituições e obrigar os bancos centrais injectar meios no sistema.O problema é que não se sabe quem e em que extensão está metido neste pantano.E dúvidas dessas é o pior que há para a actividade de banqueiro.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Quando se diz que um corte de taxas agora iria premiar os especuladores e quem foi mais agressivo a investir está a fazer-se um juízo de ordem moral que relega para segundo plano o problema mais importante, o do alto de endividamento, e os muitos milhares de pessoas que foram apanhadas desprevenidas com este aperto nas condições de crédito em sequência da crise

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Há várias coisas que não sabemos.A primeira é o euro partiu a valer 1,17 dól e não o indicado.A segunda é que sem conhecermos o movimento dos mercados de divisas,das compras de fundos publicos e por outro lado do perfil das trocas de cada zona monetária,tudo é mera divagação..

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

A questão do valor do euro face ao usd sugere-me "fogo-de-palha". Com efeito, sem conhecermos as reais movimentações económico-financeiras dos centros de decisão, parece-me mais marketing que mais valia ... até porque para os STATES a situação é de certo modo "confortável"!

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Será bom que o FMI esteja errado para bem dos portugueses. Infelizmente a economia nacional não ultrapassa a média da europeia e a nossa posição no respectivo ranking é cada ano mais baixa. E o maior receio é que os milhões que estão para vir da UE para tornar as empresas mais competitivas acabem, novamente, para irem para os bolsos de empresários, consultores e afins, deixando em 2013 a economia tão débil quanto hoje se encontra.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

É obvio que os EUA continuam a saber tirar partido das situações económicas, demonstrando bom potencial cinzento, mentes abertas ao desafio e inovação económica. É pena que na UE ainda se pense de maneira conservadora relativamente à economia. Sem inovação e mudança não existiria Evolução! Esta, a grande virtude do Homem, e a maior diferença entre ele e o macaco.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O canbio Euro/Dolar vai continuar a subir. Fico espantado com a despreocupação dos europeus sobre o assunto. Fico sobretudo espantado com o "gozo" que alguns jornalistas e comentadores tiram deste facto. Lembro que ainda ha meia duzia de anos a relação era de 1 para 1. Como é possivel en 6 anos gerar ganhos de productividade de 40% que compensem a valorização? Lembro que não são só as exportações para os EUA que saem prejudicadas. As exportaçoes da China, India, etc são na sua maior parte em dolares, A UE esta a ser prejudicada em quase todas as suas relaçoes comerciais. Bem contra minha vontade, começo a dar razão a Sarkozy

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

É evidente que os Bancos não são inocentes nesta crise, designada por "crise do subprime". Há bancos a ganhar balurdios com as subidas das taxas de juro. Pois esses, estão sempre prontos e de mãos abertas a novas subidas, fazendo tudo que esteja ao seu alcance para que tal susseda. No entanto dizem que não ganham nada com tais subidas, porque também eles têm de pedir o dinheiro emprestado para financiarem os créditos aos seus clientes. Os bancos devem ser muito inocentes, coitadinhos... Entam não persebem que se utilizarem os seus proprios fundos de investimento nos mesmos créditos que emprestam, minimizando os pedidos externos de financiamento, veram os seus ganhos aumentar porporcionalmente às subidas dos juros!!! O que lhes trará enormes lucros sobre o mesmo produto, que é o crédito. Evidentemente que, quem paga todo esse lucro é o cliente que pediu o crédito. Coitadinhos dos Bancos... Será que não o fazem...???

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Numa análize simplista parece-me muito preocupante para a Europa a "disparidade" entre o dolar e o euro. Entre os europeus tudo bem mas vender qualquer artigo fora da europa vai ser preciso ser muito "bom vendedor". Um Renault ou Opel passar a custar mais 50% só porque "sim" é muito grave para a economia europeia. Já ha algumas semanas q vejo o Dax sempre positivo mas sem força como q á espera que o euro deixe de ser tão bom. Pelo contrário vejo uma economia americana cheia de problemas reais mas que deve estar admirada com as sua exportações. Eu próprio gerente de uma empresa de segurança já me aventurei a fazer encomendas directas á Coreia e estou "maravilhado" feitas as contas ao cambio o mesmo artigo comprado na nossa europa fica já não no dobro mas no triplo do preço.Neste momento já devem ter chegado a esta coclusão milhares de europeus. conclusão Isto não é nada bom Não sei como é que vão chamar a esta crise mas que o super euro vai esmigalhar-se com a sua própria fortaleza parece q vai.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Excelente política económica para os bancos e empresas americanos. Com esta diferença fictícia EUR/USD, pois não existe suporte económico europeu para tamanha diferença, os bancos e empresas americanos vêm à Europa buscar dinheiro "caro" para depois, quando o dólar valorizar ou o euro baixar para o seu real valor, pagarem a dívida com menos moeda ou seja, pedem emprestados mil euros, que ao câmbio actual vale 1.410 dólares e depois, quando o valor de ambas as moedas se aproximarem do real valor, procedem ao seu pagamento ou seja, pagam mil dólares pelos mil euros solicitados. A Europa continua a ser governado por palermas. Isto só é bom para os EUA. Vendem mais, compram menos e, por fim, pagam depois as suas dívidas com menos dinheiro. É preciso não esquecer que os EUA continuam a ser a maior e mais poderosa economia do mundo.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

De 1997 a 2001 Despesa Pública mais que duplicou! Sabemos todos os principais responsáveis desta situação, desde o Guterres ao Pina Moura! Toda a gente informada andava apreensiva, inclusive Cavaco Silva, que escreveu o famoso artigo "O monstro"! Pessoalmente prestava atenção à situação, pois achava que o País estava a caminhar para a "banca rôta", estando à espera que o Constâcio se manifestasse! O Governador do BP NUNCA efectuou qualquer aviso, entrevista, etc. sobre o perigo da situação para que Portugal caminhava! Para mim a sua credibilidade acabou à muito tempo!!! Pôs os interesses do seu Partido à frente dos do País! Já com Durão Barroso, O PS e o Sampaio argumentavam que havia mais vida para além do défice, se bem que o país "estava de tanga", e Constâncio calado, pois claro!!! A sua credibilidade é nula!!! O seu cargo é, única e exclusivamente, por cunha partidária!!!

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O facilitismo excessívo no sector do crédito só poderia dar mau resultado quando não controlado como devia pela entidade reguladora o que parece estar agora finalmente a poder ser pensado. Porém as entidades não financeiras que constantemente nos assediam com SMS convidando-nos a um simples telefonema para nos creditarem valores relativamente elevados deveriam ser regulamentadas pois um crash nestas poderá ter ondas de choque nas entidades financeiras e não se vê movimentação neste sentido!

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O alastrar da crise do mercado hipotecário norte-americano é um dos factores a exigir o repensar dos paradigmas em que, ao longo das últimas duas décadas, tem assentado a ortodoxia da política económica. Sendo uma crise estritamente financeira e tendo na sua base comportamentos irresponsáveis de operadores de mercado, que criaram aquilo que Warren Buffet qualificou de “armas de destruição financeira maciça”, ela tem raízes – e sobretudo consequências – que vão para além desses mercados e da sua supervisão. É certo que esses comportamentos geraram uma estratégia que Martin Wolf, no “Financial Times”, descreve como a de seguir o “trouxa”: o “trouxa” número um é persuadido a endividar-se em excesso; o número dois, a comprar essa dívida; o número três é o contribuinte que salva os operadores que enriqueceram a emprestar dinheiro aos primeiros e a vender as dívidas aos segundos.

No entanto, uma tal evolução não teria sido possível se a política de dinheiro barato, acoplada à ideologia de infalibilidade dos mercados, não tivessem alterado radicalmente os incentivos das instituições financeiras, induzindo e acomodando essa actuação. Mais geralmente ainda, a ideologia que dominou os EUA nos últimos anos, favorecendo a desigualdade social e encobrindo-a com o incentivo à “propriedade”, teve certamente um papel que levou agora à criação de uma extraordinária classe que o Economist designa de “proprietários quase sem abrigo”, ou seja, os cerca de 10 milhões de indivíduos e respectivas famílias que se prevê não poderem responder pelas dívidas que assumiram e que, por isso, se transformarão de “proprietários” em “sem abrigo”.

Mas é também verdade que o défice histórico das famílias americanas, que agora terá de ser corrigido, alimentou a procura e o crescimento mundial, nos países emergentes, mas também na Europa. Esse “motor”, que há muito se sabia destinado a falhar, terá de ser substituído por procura interna gerada noutras regiões. Um esforço concertado e multilateral, que incentive o consumo privado e as despesas públicas é um passo fundamental, em especial na China onde a taxa de poupança ronda os 50% do PIB, só 16% dos trabalhadores têm direito a uma pensão de reforma (que não excede os 20% do salário) e onde o Estado precisa de expandir (ou criar) sistemas de educação, de saúde e, em geral, de segurança social que estabeleçam a confiança necessária para libertar o consumo das famílias, única forma de permitir a correcção dos desequilíbrios acumulados a nível mundial.

Só há uma forma racional de resolver os problemas financeiros criados e esta consiste em corrigir os comportamentos irresponsáveis das instituições que neles incorreram, em vez de as salvar e de estimular a criação de mercados que agora se vê serem incompreensíveis, mesmo para os mais informados e apetrechados. Aos sistemas de supervisão não pode pedir-se que regulem todos os produtos que as instituições financeiras inventam, em geral como resposta aos próprios regulamentos. Isso só seria possível nacionalizando o sistema. A única forma de o manter privado consiste em responsabilizá-lo.

Aos bancos centrais tem de competir entretanto o encargo de estabilizar as economias e para isso não basta concentrarem-se na inflação, contrabalançando essa preocupação com a salvação de crises financeiras em situações de emergência. Aos governos cabe a responsabilidade de criar um ‘policy mix’ que incentive a eficiência da economia – o que tem a ver com as despesas públicas, a política fiscal, as políticas sociais e a concorrência –, mas que também assegure, de forma estável, os equilíbrios macroeconómicos. Como já se tornou bem claro, mesmo os EUA não podem atingir sozinhos esses objectivos. A globalização não é uma simples questão de liberdade de movimentos de mercadorias e de capitais. É necessário geri-la e isso implica novas abordagens nas políticas nacionais e novas responsabilidades para os organismos internacionais.

A grande interrogação de momento incide sobre a capacidade das grandes potências económicas para aceitarem essa evidência. Em especial no caso dos EUA, ainda o indiscutível ‘leader’ do processo, parece mais provável, na actual conjuntura política, assistirmos a uma nova tentativa do Fed para salvar os mercados. Os pequenos devedores incautos pagarão a factura da sua imprudência, mas é improvável que vejamos pôr termo às grandes “alavancagens” e a “corrida às armas de destruição financeira maciça”.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

"que agora tem de ser corrigido"?Mas, doutora,acredita que isso seria possível,sem uma profunda crise económica e social em todo o mundo? É altura de deixar molduras e clichés anteriores e encarar as realidades...

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

"Esse “motor”, que há muito se sabia destinado a falhar, terá de ser substituído por procura interna gerada noutras regiões." Há outras tangas que estejam destinadas a falhar e de que nós devamos ser avisados ou os economistas só nos avisam do óbvio depois de ele acontecer?

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Existe um verdadeiro cartel entre os agentes envolvidos no mercado do cereal, o que é preocupante visto perceber-se que a autoridade da concorrência não consegue identifica-lo. O pão, sendo um bem de 1ª necessidade esta sujeito a grandes pressões inflacionistas que, se não forem controladas tenderão a continuar, tornando a concorrência no sector quase nula e mais perto de monopólio esmagando assim inevitavelmente o excedente do consumidor, que pouco mais pode fazer que reduzir o seu consumo ao mínimo indespensável para a sua sobrevivencia. Neste panorama tao pessimista de um mercado tao monopolizado exige-se uma fiscalização apertada ao sector.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Pois eu acho que atribuir ao ministro das Finanças, a inflação e o desemprego é muito relativo,em face da dependencia do exterior ,no quadro do "euro".O ministro Santos tem cumprido no objectivo do défice ,graças a melhorias na economia ,que tambem não controla.Tambem graças a um director dos Impostos, a ganhar mais do que o chefe do BCE e que, agora se conclui, ter deixado muito por fazer.O ministro Santos é sobretudo um homem de sorte..

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O ministro que devia ter mais peso no Governo devia ser o da Economia e não o das Finanças. Este engorda os cofres do Estado e pouco ajuda à criação de riqueza e emprego. O da Economia devia ter mais apoio do PM para captar investimento e fomentar a atractividade das regiões. Cadilhe tinha CV adquirido na banca e fez "obra". Ferreira Leite foi um desastre na Educação e nas Finanças. Enfim...a senhora não nasceu para governar tal como o Pedro !

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Nunca gostei deles. Principalmente os das Finanças. Porquê? Porque pensam sempre que são melhores que os anteriores, quando se sabe que não servem para QUASE nada, uma vez que a economia globalizou-se com a entrada na CE. Ou seja, se a economia europeia for boa, a portuguesa é boa, se for má é má. É tudo uma questão de sorte. Depois só mexem com médias e QUASE nunca acabam com impostos obsuletos. Exemplos: os impostos sobre os automóveis e sobre as casas são em número elevado e em quantidade elevada e ninguém põe cobro a esta vergonha. Até porque agora TUDO se paga não se justificando impostos como a antiga SISA e a Contribuiçao Autárquica, bem como o elevado preço do IA e dos ISP. Só que esses ministros vivem num país onde como ganham 700 contos/mês, pensam que em média as pessoas ganham 350 contos/mês. O que está longe da verdade... Quanto à srª Manuela, sempre tive dela uma impressão negativa, apesar da simpatia que granjeou em alguns media, ainda bem que se confirma...

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O tão badalado crédito subprime não tem dimensão para justificar a crise actual. Foi apenas um detonador, um ptretexto. A solução da crise tambem não passa apenas por aumentar ou não as taxas ou injectar mais ou menos liquigez. Trata-se de um problema de falta de confiança dentro do sistema financeiro internacional. É necessario repor alguma regulamentação. No mínimo separar (controlar) certos fundos e sociedades de investimento de alto risco, manter uma linha de separação clara com o sistema tradicional. No fundo é como na restant economia: liberdade de comercio? sim senhor, mas definindo limites para a qualidade dos produtos e regras comerciais. Pelos vistos no sistema financeiro internacional actualmente vale tudo. Certos financiadores (sobretudo americanos) que emprestavam sabendo que podiam não cobrar eram burros? Pelo contrário, eram espertos: melhoravam os seus balanços e os seus ordenados, sabendo que não corriam risco nenhum, porque a seguir transaccionavam os créditos. Muitos bancos e gestoras de fundos ainda hoje não conhecem a exposiçao e o risco contidos nos seus activos.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Se o BCE decidir aumentar os juros, não estará a fazer mais do que, continuar a alimentar o monstro!!! Parece que, por agora, o monstro anda escondido. Mas não se deixem enganar! Ele anda por perto, só não vê quem não quer!!!

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Soros foi muito claro, os US já estão em recessão. Em primeiro plano o crédito de risco e todo o crédito hipotecário porque com as taxas de juro a subir o incumprimento dispara. Mas há um factor novo que é na realidade uma CRISE DE CONSUMO porque os yankees punham tudo na hipoteca, o carro, a tv, as viagens, o barco etc, etc, etc. O consumo privado que estava a ser o motor de crescimento pode cair. Pelo que percebi a crise é grave porque os bancos podem começar a ver que ninguém paga e não conseguem vender os bens imóveis por um preço estável. A única solução é baixar as taxas, renegociar, travar mais crédito e hoje Lyle Gramley Sees Up to Three Fed Rate Cuts Before Year-End / BLOOMBERG era muito claro. O banco central dos US tem de baixar a taxa de juro 3 vezes até ao fim do ano.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Nos ultimos tempos os bancos centrais e, em especial, o BCE têm-se transformado numa espécie de oráculos de Delfos: os "analistas" estudam atentamente as palavras dos seus presidentes (em especial do Sr Trichet) e tentam adivinhar se vai haver aumento da taxa brevemente. Na ultima "sessão" do oráculo a maioria interpretou que iria haver um aumento ja em Setembro. Mas entretanto deu-se a crise, o que veio interferir bastante com as possiveis interpretações. Agora para a maioria dos analista o problema poe.se assim: se Trichet não aumentar é sinal que está com medo e a crise é para continuar, se decidir aumentar é sinal que a crise ja passou. Assim vai o sistema financeiro.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

isto para mim tem uma explicação: quando a maioria das pessoas compraram casa incluindo eu, as taxas de juros estavam acesseveis aos nossos ordenados, nada fazia prever, nem mesmos os bancos nos diziam e pensavam que as taxas iriam chegar a estes valores. os salários nao acompanharam estas subidas, o desemprego aumentou, o custo de vida aumentou, logo quem pode continuar a pagar a casa vai fazendo com muito sacrificio que nao pode entrega ao banco, o banco com estas taxas de juros tem poucas pessoas a ficarem com as casas, logo ficam com a casa mas continuam a pagar juros a quem pediram dinheiro, sendo assim instala-se a crise. acho que isto so volta a normalidade quando as taxas de juros voltarem a descer.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

caro artur, teria toda a razão se a economia mundial vivesse só do imobiliário ( comprar e vender casa para viver).Não é. Quem comprou casa com juros baixos devia ter visto que os juros alguns anos antes já tinham estado a mais de 20%.Cautelas e caldos de galinha não fazem mal a ninguém...

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

o certo é que quem vai pagar a fatura final baixem ou subam as taxas de juro é o consumidor final. A imagem distorcida que bancos e empresas passam para o público que esta será uma crise que os afectará é pura demagogia. os bancos tiveram anos consecutivos de margens de lucro astronómicas e qualquer operação num banco tem custos e paga-se taxas sobre taxas. é claro que quem paga a crise como em todas e quaisquer circunstâncias é o consumidor final. tudo é ajustado para manter o nivel de lucro e quem paga?!! - o consumidor final!! Os ordenados dos consumidores quantas vezes são ajustados conforme a inflação/taxas de juro??!! Quantas?

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Como sempre os Zés é que se vão lixar. Os grandes já estão prevenidos à muito tempo e já se salvaguardaram ... vêm tempos dificeis para as pessoas normais os desgraçados do custome ... só resta uma solução - todos os pequenos devem dexar de trabalhar com bancos recolher os seus mesmo que pequenos e médios depositos das instituições com que trabalham e navegar a negativos, contas ordenado sempre negativas , cartões no máximo e nada de depósitos, pagando sempre no último dia e tornar a fazer o mesmo sucessivamente . Cartões de débito nem usá-los só dinheiro e cheques e começar a pagar todas as despesas no último dia de vencimento .. não sejam inocentes . Se eles forem à falência quem se lixa é o Zé pois os administradores já se acautelaram á muito... deixem de ser ovelhas sejam homenzinhos ... deixem de contribuir para a engorda de poucos em desfavor de todos.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Justificar esta crise com o mercado "subprime", explica mal. O desempenho da economia americana não justifica que o jovem que comprou a casa esteja em incumprimento. O que se alterou foi a avaliação do activo para efeitos de garantia ("collateral"). A crise do segmento "subprime" só por si não justifica a amplitude dos efeitos. Também nos fins dos anos Oitenta já havia um segmento "subprime"--era nas empresas. Eram os "junk bonds". A crise passou, e é hoje um mercado vital para as PME's americanas. A crise também não pode ser atribuída aos modelos dos académicos que trabalham em Wall Street e na City. O problema do fundo LTCM em 1995 mostrou que quando se faz asneira, e a asneira está bem localizada, a solução pode ser eficaz. A razão desta crise está numa área que a rapaziada académica ainda não ouviu falar. Chama-se ABCP (Asset Backed Commercial Paper). E é amplificada pela capacidade de alavancagem que permitiu. E como tal foi feito através de instrumentos que escapam à regulamentação i.e. "hedge funds", ninguém pode saber a extensão dos danos tão cedo.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Os bancos e mortgage lenders estão no epicentro de uma crise de consumo sem dinheiro. Até com um governo conservador durante 5 anos não se tomou em consideração que o orçamento familiar destas pessoas não só não aguenta o projecto como a taxa de esforço de poupança. A par era a corrida a todos os bens de consumo. Ao atingir o patamar de incumprimento total vai levar a ondas sucessivas de falências porque ninguém paga no subprime e depois com o aumento dos juros também nos outros sectores. Aos poucos vão ficar sem casa sem dinheiro e sem emprego porque a queda no consumo vai ter efeitos colaterais nas vendas e nos outros sectores. O arrefecimento é grave, de aterragem suave pode passar a hard, recessão provavelmente global e já alguém refere o cenário de DEPRESSÃO. O meu contrato de habitação foi feito em divisas e já o liquidei há anos, não tenho interesse nenhum no problema. O normal é viver segundo as suas possibilidades e assistimos a um efeito totalmente adverso ninguém quer saber disso, logo se vê, alguém há-de pagar.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Uma correcção: o problema do fundo LTCM não foi em 1995. Foi em 1998. Em 1995, andavam os dois Nobelizados (Myron Scholes e Robert Merton) a convencer os mais afortunados por esse mundo fora, a colocarem um mínimo de 10 milhões de dólares, congelados por 3 anos, e propondo uma novidade: uma comissão de 30% dos ganhos acima das "T-bills" (um "hedge fund" comum cobrava então 20% dos ganhos acima da LIBOR). Foi em 1998 que veio a asneira.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

A situação exigiria "mortes naturais" de instituições credoras e devedores que "exageraram".Contudo,como há muita liquidez e as "apostas" atingem o limite de insegurança,a "pirâmide" ameaça ruir.O que os bancos centrais vieram fazer foi dar mais "fichas" aos jogadores,na esperança de que o futuro seja melhor.Ou seja,não há alteração do modelo de crescimento.(veja-se a Espanha a crescer a 4 porcento,sobretudo à custa do tijolo)Tambem ,assim,o BCE conseguiuu ligeira desvalorizaçaõ do euro,para satisfação dos politicos.E para os que acham que não há inflação,pergunto onde está um país onde os jovens consigam comprar casa?Se isto não é inflação...

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

A causa "credito hipotecario de elevado risco nos EUA" não tem dimensão (estamos a falar de <2% de todo o credito nos EUA) para justificar os receios na Europa e Asia. Esse fenómeno nem chega a ser um fosforo. É tudo psicologico. A injecção de liquidez pelos bancos centrais chega ou não? A verdade é que ninguem sabe. Mas de uma coisa podem estar certos: aconteça o que acontecer daqui a um par de dias o autor vai escrever outro artigo explicando tecnicamente (cientificamente) o que aconteceu.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Tivessem alguns "analistas & especialistas" conhecimento da nossa Dona Branca e...teriam evitado tanta ganância. Face a esta situação de "crise" o BCE e a Fed fizeram bem em avançar com uns patacos. Talvez se ganha juízo nos alcatifados ganinetes dos CEO's.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

0 problema não é o credito de risco.,só tonto acredta nessa treta .Problema isso sim e grave é as guerras que tem vindo a alastrar pelo oriente e que todos vamos pagar. Esse é o verdadeiro problema e não adianta eludir porque só sego e surdo é que não se aprecebem .Os americas Insendeiam o mundo depois todos tem qe pagar as bombas que eles utelizam para matar e destroir paises .Custa 3000euros por segundo a guerra no iraque quem pága? serão os americanos que estão pagando essa guerra ? pior sego é quem não quer ver

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O que aconteceu é uma onda de medo porque o sistema financeiro é verdadeiramente um jogo dos capitalistas incompetentes. Quem acredita nesta brincadeira de mercado é um pateta !

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

o problema não é, nem foi, haver instituições financeiras que operam no mercado de alto risco de crédito à habitação. Esse é problema e oportunidade desses operadores, que na sua grande maioria não são sequer bancos, embora estejam regulados pelas mesmas autoridades. O problema são os produtos derivados, que tal como o nome indica, são activos derivados dum activo inicial (neste caso o crédito de alto risco). Este são embrulhados em produtos que posteriormente são vendidos, sob a forma de fundos e das suas UP's. Temos, no fim, Unidades de Participação de Tranche deste crédito inicial, que foi sendo securitizado. Ora quem compra estes fundos raras vezes sabe qual é o activo inicial, do qual deriva o Fundo, que pode muito bem chamar-se Fundo América XPTO ou outro nome tão apelativo como opaco. Quantos bancos (agora sim, bancos, quem emite e comercializa estes fundos derivados) estão expostos e em que ordem de grandeza? Ninguém sabe. E isto de ninguém saber causa arrepios em todo o sistema. Talvez seja benéfico, ou não. Por ora, os que são honestos apenas sabem que não sabem.

segunda-feira, outubro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

a crise é global e ainda mal começou. Os bancos e mortgage lenders que andaram lá é cá com empréstimos de alto risco SUB PRIME vão falir em série. Mas os passivos de biliões passam para toda a economia e os pequenos investidores ou saem já ou esperam outra sexta feira NOSEDIVE !!!! o djia pode corrigir 30 % lol isto não é nenhuma brincadeira. Quem andou a viver de lirismos agora vai pagar e a única hipótese é a descida das taxas de juro que poderia aliviar a pressão e dar mais tempo mas eles fazem o contrário. Muito mau ...

segunda-feira, outubro 29, 2007  

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