Petróleo a caminho dos 100 dólares
"O petróleo voltou a atingir valores recordes com a tensão entre a Turquia e os rebeldes curdos do Norte do Iraque. Em Nova Iorque, o barril atingiu os 89,47 dólares depois de passar brevemente pelos 90,07. Em Londres, o brent fechou a sessão de 18 de Outubro a 84,6 dólares por barril. A situação desanuviou-se e os preços caíram, mas ficou o aviso e muitos são os analistas que já admitem a possibilidade de o crude vir a atingir, no futuro próximo, os 100 dólares por barril. Luís Mira Amaral, antigo ministro da Indústria e Energia afirmou ao “Diário Económico” que se há três semanas lhe dissessem que o petróleo iria atingir os 100 dólares não acreditaria, agora acha razoável.
Em dólares de 2006, o nível atingido agora pelo preço do petróleo, apesar de ser o mais alto de sempre em termos nominais, ainda não atingiu, em valor absoluto, os níveis de 1980-81, com a situação potenciada então pela revolução iraniana e consolidada pela Guerra Irão-Iraque. A diferença está no facto de, agora, a simples ameaça de invasão do Norte do Iraque pelas tropas turcas ser suficiente para desencadear recordes de preços do crude e a Guerra do Golfo ou o 11 de Setembro de 2001 não terem sido capazes de lançar este pânico nos mercados. Desde 2002 que o preço “ouro negro” se lançou numa subida desenfreada que o poderá muito bem levar até aos 100 dólares a breve trecho.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) calcula o preço de um cabaz, actualizado a 10 de Setembro – que inclui crude da Arábia Saudita, Argélia, Angola, Emiratos Árabes Unidos, Indonésia, Irão, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Qatar e Venezuela – e mesmo assim chegou aos 81,55 dólares por barril a 19 de Outubro. Em termos médios anuais, a OPEP aponta para um valor anual em 2007, até agora, da ordem dos 64,87 dólares/barril. Razão pela qual os 75 dólares projectados para 2008 na proposta de Orçamento do Estado podem vir a mostrar-se insuficientes, com todas as consequências inerentes, nos preços e na inflação.
Portugal depende a mais de 64% do petróleo e até hoje pouco foi feito para reduzir essa dependência. Em 2004, o Governo de Durão Barroso anunciou um plano para reduzir essa dependência em 20% até 2010. Agora, José Sócrates fala na redução europeia dos mesmos 20% até 2020. Entretanto, muitos especialistas admitem que estejamos próximos do “pico” mundial de produção de petróleo, a partir do qual a oferta deixará de conseguir satisfazer a procura crescente. Uma situação para a qual só existe uma resposta: diversificação e conservação energética. As energias eólica, solar e das ondas, podem e devem ajudar, tal como a biomassa, a energia hídrica, a eficiência energética ou os biocombustíveis.
A questão é que também aí se nos deparam interrogações. Os produtores de milho adoraram a ideia de ver a sua matéria-prima subir de cotação depois de anos e anos de equilíbrio e até de queda. Já os produtores de carne, alertam para a inevitável subida de preço da alimentação humana no futuro próximo se os Governos optarem por direccionar uma parte importante da produção de cereais para a elaboração de biocombustíveis. Por isso, parece cada vez mais difícil fugir a um tipo de energia que tem sido proscrita: a nuclear. Curiosamente, até uma intervenção subscrita apresentada a 22 de Maio último na Conferência Nacional do PCP sobre Questões Económicas e Sociais admite que, no domínio da produção de electricidade, é necessário “preparar a instalação de uma primeira central nuclear em Portugal”.
O futuro exige que todas as formas de energia, incluindo o petróleo, numa proporção decrescente, e o nuclear, estejam presentes, a par dos biocombustíveis e das energias renováveis. Mas, tudo dependente de uma política energética em relação à qual o Governo teima em vacilar, com algumas medidas avulsas, mas sem um fio condutor para o País. Entretanto, os preços do petróleo não voltarão a descer para os níveis do final do século XX e a próxima paragem será nos 100 dólares/barril."
Francisco Ferreira da Silva
Em dólares de 2006, o nível atingido agora pelo preço do petróleo, apesar de ser o mais alto de sempre em termos nominais, ainda não atingiu, em valor absoluto, os níveis de 1980-81, com a situação potenciada então pela revolução iraniana e consolidada pela Guerra Irão-Iraque. A diferença está no facto de, agora, a simples ameaça de invasão do Norte do Iraque pelas tropas turcas ser suficiente para desencadear recordes de preços do crude e a Guerra do Golfo ou o 11 de Setembro de 2001 não terem sido capazes de lançar este pânico nos mercados. Desde 2002 que o preço “ouro negro” se lançou numa subida desenfreada que o poderá muito bem levar até aos 100 dólares a breve trecho.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) calcula o preço de um cabaz, actualizado a 10 de Setembro – que inclui crude da Arábia Saudita, Argélia, Angola, Emiratos Árabes Unidos, Indonésia, Irão, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Qatar e Venezuela – e mesmo assim chegou aos 81,55 dólares por barril a 19 de Outubro. Em termos médios anuais, a OPEP aponta para um valor anual em 2007, até agora, da ordem dos 64,87 dólares/barril. Razão pela qual os 75 dólares projectados para 2008 na proposta de Orçamento do Estado podem vir a mostrar-se insuficientes, com todas as consequências inerentes, nos preços e na inflação.
Portugal depende a mais de 64% do petróleo e até hoje pouco foi feito para reduzir essa dependência. Em 2004, o Governo de Durão Barroso anunciou um plano para reduzir essa dependência em 20% até 2010. Agora, José Sócrates fala na redução europeia dos mesmos 20% até 2020. Entretanto, muitos especialistas admitem que estejamos próximos do “pico” mundial de produção de petróleo, a partir do qual a oferta deixará de conseguir satisfazer a procura crescente. Uma situação para a qual só existe uma resposta: diversificação e conservação energética. As energias eólica, solar e das ondas, podem e devem ajudar, tal como a biomassa, a energia hídrica, a eficiência energética ou os biocombustíveis.
A questão é que também aí se nos deparam interrogações. Os produtores de milho adoraram a ideia de ver a sua matéria-prima subir de cotação depois de anos e anos de equilíbrio e até de queda. Já os produtores de carne, alertam para a inevitável subida de preço da alimentação humana no futuro próximo se os Governos optarem por direccionar uma parte importante da produção de cereais para a elaboração de biocombustíveis. Por isso, parece cada vez mais difícil fugir a um tipo de energia que tem sido proscrita: a nuclear. Curiosamente, até uma intervenção subscrita apresentada a 22 de Maio último na Conferência Nacional do PCP sobre Questões Económicas e Sociais admite que, no domínio da produção de electricidade, é necessário “preparar a instalação de uma primeira central nuclear em Portugal”.
O futuro exige que todas as formas de energia, incluindo o petróleo, numa proporção decrescente, e o nuclear, estejam presentes, a par dos biocombustíveis e das energias renováveis. Mas, tudo dependente de uma política energética em relação à qual o Governo teima em vacilar, com algumas medidas avulsas, mas sem um fio condutor para o País. Entretanto, os preços do petróleo não voltarão a descer para os níveis do final do século XX e a próxima paragem será nos 100 dólares/barril."
Francisco Ferreira da Silva
4 Comments:
a expeculação continua duma forma muito suja dos países da OPEP ganharem muito dinheiro, e de que maneira.
O preço do petróleo sobe e proporcionalmente os preços "combinados" dos combustíveis. Contudo, os custos de produção não sobem proporcionalmente porque os custos fixos mantem-se. O que anda a fazer a AdC. A dormir ou a ser enganada.
Na realidade meus senhores o preço do petróleo para nós europeus da zona euros continua a situar-se nos 60€, sendo que o aumento desde que a escalada começou foi de "apenas" 20€ e não o de 70 ou 80 doláres. Porque a verdadeira razão pela qual os nossos combustiveis sobem é porque é a depreciação do $ face às moedas mundiais e não a matéria prima em si mesmo. As razões pelas quais os combustiveis sobem em Portugal sem controlo nenhum são duas: 1º - Quanto mais caro o combustivel mais imposto reverte a favor do ESTADO! 2º - São a GALP, a BP e a REPSOL que recebem os politicos depois de eles sairem dos cargos publicos! Daí a AdC não fazer nada sobre este cartel! É o país que vivemos e que temos, retira-se capacidade de compra ao povo, fazendo passar "fome", pois quem se preocupa com o que ter em cima da mesa no final de cada dia tem pouco tempo e descernimento para estes assuntos que são no fundo o que lhes retira o pão todos os dias!!!
Continuamos a ser coniventes com uma política de especulação petrolífera, que condena as economias munediais e por outro lado financia o belicismo evidente dos países produtores de petróleo. Porque não falar de uma verdadeira política de energias renováveis? Tentem só imaginar as vantagens!
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